Médica revela ‘segredo’ para mulheres envelhecerem com saúde e felicidade

Ricas, pobres, brancas, negras, brasileiras e de todas as etnias, todas as mulheres irão envelhecer. No entanto, apesar da verdade unânime, a sociedade já “naturalizou” pressionar mulheres para que se pareçam a cada dia mais jovens, é o que explica Juliane Felipe Ferrari, médica geriatra e presidente da SBGG-SC (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de Santa Catarina).

Médica revela segredo para envelhecimento saudável – Foto: Unsplash/Divulgação/ND

“As mulheres acabam chegando melhor à terceira idade porque se cuidam mais. No entanto, nem sempre o foco é na saúde, e sim na aparência, muito pelo que a sociedade nos cobra”, explica Ferrari.

Não são apenas os aspectos externos que afetam mais as mulheres. Segundo um estudo do Centro de Envelhecimento Saudável da Universidade de Copenhague, os órgãos das mulheres envelhecem mais cedo do que o dos homens. A pesquisa indica que os órgãos femininos começam a envelhecer por volta dos 19 anos, já o dos homens, perto dos 40.

O jornal espanhol El País explicou que os pesquisadores analisaram marcadores de envelhecimento celular em 33 milhões de laudos de biópsia de 4,9 milhões de pessoas de todas as idades, entre 1970 e 2018.

Para fazer a pesquisa, os cientistas estudaram os telômeros (extremidades dos cromossomos), cujo encurtamento é um marcador do envelhecimento biológico.

Mulheres e homens envelhecem de formas diferentes

De acordo com a geriatra presidente da SBGG-SC, homens e mulheres envelhecem de formas diferentes, não só biologicamente como mostrou o estudo.

“As mulheres trabalham mais com a prevenção dos problemas de saúde, já os homens costumam ir ao médico apenas quando surge algum problema. Até o processo da aposentadoria funciona diferente para as mulheres, que tendem a ser mais socializadas, encontram outras maneiras de envelhecer com saúde”, conta.

A médica garante que a “fórmula mágica” para o envelhecimento saudável são as atividades físicas.

“Não adianta, é isso que tem comprovação científica. Precisamos nos movimentar, isso nos dá um envelhecimento saudável. É importante lembrar que só não envelhece quem morre cedo”, fala.

Médica aponta importância da atividade física para um envelhecimento saudável – Foto: Unsplash/Divulgação/ND

Não estamos prontos para envelhecer

A psicóloga Maria Luiza Zapelini explica que envelhecer é um processo dinâmico, que reflete o resultado do desenvolvimento individual ao longo da vida. Para ela, é preciso lembrar que este processo envolve inúmeras transformações, físicas, emocionais e sociais.

“Socialmente, temos a compreensão que a velhice é um período que antecede o final da vida. Então, nessa etapa da vida, é comum o aparecimento de sentimentos de luto e vazio em relação ao futuro”, explica.

A profissional conta que as transformações psicológicas ocorridas neste período podem causar dificuldade de adaptação à mudança, somatização, baixa autoestima, dificuldade de ocupar novos papeis, perdas afetivas, orgânicas e sociais, ausência de expectativas para o futuro, falta de motivação, comportamento depressivo, hipocondria, paranoia e até mesmo o suicídio.

“A sociedade moderna não está preparada para lidar com o envelhecimento. A vida está tão acelerada, que as pessoas não estão percebendo o evoluir da idade cronológica. O meio social ainda está se adequando a esta nova realidade, desfavorecendo muitas vezes o envelhecimento”, opina.

Já sobre as mulheres, a psicóloga explica que envelhecer pode estar atrelado com a ansiedade de separação da juventude. Ou seja, as mulheres não estão preparadas para envelhecer, e isso pode trazer consequências emocionais sérias causando ansiedade, depressão, humor deprimido, recorrentes mudanças fisiológicas e hormonais, por exemplo.

É possível ter qualidade de vida?

A resposta unânime entre as profissionais é que sim, é possível. Para Zapelini, a qualidade de vida no envelhecimento está relacionada com  autoestima e bem-estar pessoal e abrange: capacidade funcional, nível socioeconômico, estado emocional, interação social, atividade intelectual, autocuidado, suporte familiar, estado de saúde, valores culturais, éticos e religiosidade, estilo de vida.

“A qualidade de vida no envelhecimento está muito associada à capacidade de adaptação às mudanças, independência, autonomia, atividades, saúde, relações sociais e viver em casa”, finaliza.

Já para a médica Juliane Felipe Ferrari, há aspectos físicos como evitar cigarros, fazer atividades físicas, evitar alimentos processados e ter uma boa alimentação, mas não dá para ignorar a parte psicológica.

“É preciso socializar, esse também é um dos aspectos. Outra dica é que prevenir é sempre melhor que remediar, busque os profissionais de saúde e esteja com seus exames em dia”, encerra.

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