Nova disciplina da Nutrição UFSC estimula autonomia na cozinha desde a escolha dos ingredientes

Aula estará aberta para matrícula de qualquer estudante da UFSC em 2024

Todas as segundas-feiras pela manhã, 21 alunos se reúnem no laboratório de Técnica Dietética (LTD), no Centro de Ciências da Saúde (CCS), para a aula semanal da nova disciplina optativa do curso de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Durante a aula de Habilidades Culinárias e Alimentação Saudável, no Campus de Florianópolis, a professora Greyce Bernardo, do Departamento de Nutrição, instrui os alunos, primeiro com demonstração de alguma técnica culinária e a explicação da receita do dia e depois, tirando dúvidas e circulando por entre os balcões do laboratório.

A disciplina, ofertada pela primeira vez neste semestre (2023.1), será disponibilizada anualmente e é aberta a todos os estudantes da UFSC, com o objetivo de ensinar técnicas culinárias básicas e alimentação saudável, desde a escolha dos ingredientes até o armazenamento dos alimentos. Os interessados em cursarem a matéria poderão fazer a solicitação pelo CAGR em 2024, no período habitual da matrícula, procurando pelo código NTR 5706.

Segundo a técnica em nutrição e dietética responsável pelo LTD, Fernanda Cristina de Souza, toda a rotina para a aula já começa na semana anterior, quando a professora responsável pela aula faz a lista dos ingredientes necessários para os preparos. Ao receber a lista, ela se dirige até o mercado e compra tudo na quantidade exata, evitando ao máximo o desperdício. No dia da aula, as receitas que serão produzidas são escritas em um quadro na frente das bancadas, cada uma contendo duplas ou trios de estudantes. Entre as 8h20 e as 11h50, os alunos se dividem entre cortar, cozinhar e misturar ingredientes, sob a orientação da professora. Assim que os pratos ficam prontos, todos se reúnem ao redor da mesa para experimentarem e debaterem conceitos da Nutrição e da Culinária, bem como sobre dificuldades e os aprendizados do dia. A degustação também gera troca de conhecimento entre professores e alunos, que aproveitam para dividir experiências e tirar dúvidas na hora do almoço.“Esta disciplina foi pensada a partir da minha experiência durante o doutorado em Nutrição, defendido em 2017, e foi muito oportuno que a primeira edição dessa disciplina ocorreu no período pós-pandemia, já que foi um momento que trouxe um novo olhar para a cozinha doméstica. Algumas pessoas passaram a ter maior interesse para cozinhar e cuidar da sua alimentação”, explica Greyce. A alimentação saudável, saborosa e sustentável é a base de todas as aulas que são ministradas no laboratório. O conteúdo programático também abrange conhecimentos sobre alimentos orgânicos e da sociobiodiversidade, culinária brasileira e o movimento Slow Food. Para a aluna do curso de Nutrição Laura Nascimento Silva, a disciplina também cumpre o papel de desenvolver e aprofundar conhecimentos adquiridos no ensino remoto, em que os estudantes não tinham acesso aos laboratórios da Universidade. “É uma disciplina que mostra o porquê de fazermos certas coisas na cozinha”, pontua ela.

Além de ensino, matéria abre espaço para a pesquisa

Além de Greyce, outros docentes também se envolvem e acompanham os processos desenvolvidos na matéria, que contam com a contribuição de outras quatro professoras do departamento de Nutrição, Ana Paula Gines Geraldo, Ana Carolina Fernandes, Paula Lazzarin Uggioni e Suellen Secchi Martinelli. Como professora visitante, colabora também Cassiani Gotama Tasca, professora do curso de Nutrição na Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), onde Greyce também participará de aulas ministradas pela docente.

Em meio ao ensino desenvolvido ao longo das aulas práticas, a disciplina também engloba outro pilar essencial da universidade pública, que é a pesquisa. A aluna Érica Aguiar da Rosa, bolsista de iniciação científica, conta como sua pesquisa se correlaciona com a matéria: “o meu TCC irá avaliar o impacto dessa disciplina nas escolhas alimentares dos alunos”. Além de acompanhar ativamente as aulas, Érica prevê a aplicação de três questionários para coleta de dados, dois deles durante o semestre e uma terceira aplicação quatro meses após o término das aulas. Dessa forma, a estudante visa observar a evolução e os efeitos nos hábitos culinários e alimentares dos alunos.

Texto de Giulia Rabello / estagiária de Jornalismo da Agecom / UFSC
Fotos de Lethicia Siqueira / estagiária de Jornalismo da Agecom / UFSC

 






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