Pai que matou filha e genro em SC havia sido condenado a 90 anos por estupro contra a jovem

 Antônio Marcos Pereira de Oliveira, de 45 anos, que matou a própria filha, Poliana da Silva de Oliveira, de 24 anos, e o genro, Ewerton Bet de Oliveira, de 30 anos, no município de de Galvão, no Oeste de Santa Catarina, já havia sido condenado a 90 anos de prisão por estupro contra a jovem. A informação é do TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina).

Poliana tinha 24 anos e foi brutalmente assassinada. – Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

Segundo o TJSC, em 2 de março de 2022, o homem foi condenado a 90 anos de reclusão, mas recorreu da decisão e o Tribunal de Justiça manteve a condenação ajustando a pena para 37 anos de prisão. Porém, no dia do crime, em 1º de maio, o homem aguardava a expedição do mandado de prisão em liberdade.

Conforme o Tribunal de Justiça, pelo não reconhecimento do recurso feito pelo autor ao STJ (Supremo Tribunal de Justiça) e STF (Supremo Tribunal Federal), a sentença de 37 anos de reclusão, definida anteriormente pelo TJSC, restou definitiva.

Após o recebimento da comunicação no dia 12 de abril de 2023, o processo foi remetido à fila de cumprimento, para expedição do mandado de prisão.

“Sobreleva destacar que a Vara Única de Descanso contava com apenas quatro servidores efetivos lotados em cartório, sendo que estão tramitando mais de sete mil processos, fator que impossibilita a atenção imediata a todos os procedimentos. Não obstante, os servidores da comarca de São Domingos são reconhecidos por toda a comunidade jurídica pela dedicação e empenho que dispendem a fim de garantir celeridade aos trâmites legais”, informou o TJSC sobre a espera do homem em liberdade.

O Tribunal ainda acrescentou que “Outrossim, o andamento do referido processo estava dentro do prazo esperado de 100 dias para atualizações, conforme preconiza o CNJ. De todo modo, o juízo local decidiu abrir um procedimento interno para apurar, com maior precisão, o que houve em relação a este caso”.

Crime brutal

Uma tia de Poliana, que não quis se identificar, contou ao ND+ que, no dia do crime brutal, Antônio teria entrado pela janela da casa onde a família estava. Ewerton teria sido a primeira vítima. “O que eu sei sobre o dia trágico é que ele o segurou no pescoço e atirou no peito, então o Ewerton caiu… A próxima vítima foi o irmão do Ewerton. Ele levou dois tiros e desmaiou”. O rapaz foi socorrido e passa bem.

Segundo ela, naquele momento, Poliana se entregou e foi ao encontro do pai implorando para que ele parasse, que não fizesse mais mal a ninguém, pois era ela que ele queria.

“Ele fez a Poli se ajoelhar em sua frente e atirou no rosto do lado esquerdo. Tiro esse que a matou imediatamente. Foi quando o sogro dela conseguiu pegar uma arma e atirar no agressor”, detalha.

Troca de tiros

Segundo informações do perito da Polícia Científica, Renan Locatelli, a perícia identificou que Poliana e Ewerton foram mortos com um tiro cada. A jovem foi morta por um tiro na cabeça, já o esposo foi atingido no peito. Ambos os tiros foram dados por um revólver.38, o mesmo que o pai de Poliana portava.

“Ainda será feita a comparação balística para confirmar se foi deste revólver mesmo que saíram os tiros”, informa Locatelli. Ainda segundo o perito, o pai de Poliana foi morto com cinco tiros que saíram de uma pistola calibre.380. Os disparos foram todos no tórax e abdômen.

Crime aconteceu em uma casa no centro de Galvão – Foto: Polícia Científica/Divulgação/nD

Ainda não ficou claro o motivo pelo qual Antônio decidiu matar a filha e o genro. Entretanto, Poliana movia na Justiça um processo contra o pai por estupro. O homem de 45 anos foi condenado em primeira instância, mas recorria da decisão em liberdade.

Além de ser acusado pelo estupro da filha, Antônio tinha passagens por ameaça, rixa e desacato, entre outros crimes.

O pedido de socorro

Foi em 2019 que Poliana pediu ajuda. Foi por meio de mensagens no Facebook, que a jovem revelou à tia as torturas que vivia. “Contou que ele a espancava muito, de todas as formas possíveis, mas que ela tinha medo e nunca contou para ninguém, pois ele ameaça matar os familiares e até mesmo a própria filha de Poliana. Foi para livrar a filha que ela teve coragem para fugir de lá com a minha ajuda direta”, revela.

A tia da jovem enviou ao ND+ mais de 40 prints das conversas com a sobrinha, nas quais Poliana relata as diversas torturas que sofria do pai. Em respeito à família, não divulgaremos todos. Os relatos são carregados de dor e demonstram o sofrimento vivido. “Eu tenho medo, muito medo”, disse Poliana em uma das conversas.

Poliana contou à tia as torturas que viveu. – Foto: Montagem/ND

Poliana então fugiu para a cidade de Jaraguá do Sul/SC. O tio buscou ela e a filha e as levou, pois apenas longe teria coragem para denunciar. “Ela me contou alguns horrores que passou. Não sei como conseguiu suportar tudo”.

Ewerton, com quem Poliana se casou após autorização do pai, foi morar com ela e a filha. Após as denúncias e a prisão preventiva de Antônio, o casal voltou para perto da família. Poliana chegou a cidade soube que ele havia sido solto, pois tinha o direito de aguardar o julgamento em liberdade.

Segundo a tia, Ewerton não tinha como ajudar uma vez que também vivia sob ameaça. “Conheceu o lado ruim dele [Antônio], foi agredido por ele e tinha muito medo. Ele fazia tudo pela Poli e a filha. Não deixava faltar nada para as duas e sofria por não conseguir tirá-las de lá”.

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