Avós de menino de 2 anos de SC que estava desaparecido tentam guarda provisória na Justiça de SP


Família também quer o direito de visita ou vê-lo por vídeoconferência em São Paulo. Caso é investigado em SP como tráfico de pessoas. Dois estão presos na capital paulista. Criança de 2 anos que desapareceu em Florianópolis foi encontrado com casal em carro no Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo
TV Globo/Reprodução
Os avós do menino de 2 anos de Santa Catarina que estava desaparecido no estado, e foi encontrado com um casal na cidade de São Paulo, pediram à Justiça que seja dada a eles a guarda provisória, o direito de visita ou vê-lo por vídeoconferência. O juiz vai analisar.
“A ideia da família é que a criança terá melhores condições de passar por este turbilhão ao lado dos avós, com quem convive desde o nascimento. Portanto, num primeiro momento, ainda que provisoriamente, os avós gostariam de ficar com o menor”, disse ao g1 o advogado dos avós.
A criança estava desaparecida desde 30 de abril, mas foi achada na capital paulista no carro com Roberta Porfírio e Marcelo Valverde Valezi, na Zona Leste. A abordagem foi registrada em um vídeo de uma câmera corporal da PM. Os dois foram presos em flagrante por tráfico de pessoas (leia a defesa mais abaixo). O menino está em um abrigo.
“[Ele permanecerá acolhido] até que sejam feitos os estudos psicossociais necessários junto a eventuais familiares interessados e em condições de pleitearem a guarda da criança”, disse ao g1o Tribunal de Justiça catarinense, anteriormente.
A delegada Sandra Mara, da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCami) investiga o caso em Santa Catarina. Em entrevista coletiva, afirmou que a mãe do menino foi convencida Marcelo Valverde a doá-lo para Roberta e o marido dela, que pegaram o garoto em Santa Catarina e o levaram para São Paulo na noite do dia 29 do mês passado.
A mãe do bebê teria entregue ao casal o menino com os documentos e não teria recebido dinheiro para isso.
O caso em São Paulo é investigado como adoção ilegal com indícios de que tenha havido tráfico de pessoas.
Entenda o caso
Marcelo, o homem preso, e a mãe do menino, de 22 anos, teriam se conhecido quando a mulher entrou em grupos sobre gravidez nas redes sociais, depois que descobriu a gestação. Desde então, segundo a investigação, Marcelo teria tentado que ela entregasse o bebê.
Marcelo teria intermediado uma conversa entre a mãe e o casal interessado em adoção, que era Roberta e o marido dela.
“A mãe nega ter recebido vantagem, mas nós só teremos essa certeza com a quebra do sigilo bancário de todos os envolvidos”, afirmou a delegada de SC.
O desaparecimento dele havia sido informado pela avó e tios maternos do menino em um boletim de ocorrência na quinta-feira (4). A criança está somente registrada no nome da mãe.
O que diz a defesa de Roberta
Fernanda Salvador, advogada da investigada, nega que tenha havido o crime de tráfico de pessoas e que o bebê estivesse desaparecido, já que a mãe teria entregue a criança a Roberta junto com os documentos, em Santa Catarina. Marcelo não teria viajado até o outro estado, mas intermediado a conversa entre as duas partes.
Segundo a advogada, a mãe teria dito que estava em “cenário de vulnerabilidade, em ambiente tóxico”, quando conversou com o casal de São Paulo.
A retirada do garoto de Santa Catarina foi feita por Roberta e com o carro pessoal. As placas do veículo teriam sido adulteradas na saída do estado, segundo a polícia. A defesa dela, no entanto, afirmou desconhecer a informação.
No fim de semana, Roberta e o marido decidiram procurar a advogada, que disse ter orientado os dois a procurar o Fórum do Tatuapé e entregar o menino. O caso já estava repercutindo em todo o país.
Marcelo acompanhou Roberta até o fórum. Os dois estavam com o bebê dentro de um carro, na Zona Leste da capital, na segunda (8), quando foram abordados pela PM e detidos em flagrante por suspeita de tráfico de pessoas.
O que diz a defesa de Marcelo
Em coletiva de imprensa na terça (9), a defesa de Marcelo afirmou que ele conheceu a mãe do menino há dois anos, quando tinha o interesse em adotar uma criança, mas não soube dizer se seria um grupo em algum aplicativo de mensagens ou em redes sociais.
Segundo as advogadas Laryssa Nartis e Katharine Grimza, na época, Marcelo foi procurado pela mãe da criança, que tinha o interesse em “doar” o filho. No entanto, recentemente, ela teria entrado em contato novamente com ele e alegou que estava passando por problemas.
Marcelo teria indicado Roberta e o marido à mãe do bebê, e o casal passou a tratar sobre a adoção.

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