Fraude eleitoral na Pensilvânia: acusação de Trump aumenta polêmica nas eleições EUA 2024

A reta final da corrida presidencial dos Estados Unidos (a eleição é nesta terça-feira, dia 5) ganhou um capítulo polêmico nos últimos dias. Ex-presidente e atual candidato do Partido Republicano, Donald Trump subiu o tom e fez acusações de fraude eleitoral na Pensilvânia.

Não é a primeira vez que Trump põe em dúvida a lisura eleitoral nos Estados Unidos. Em 2020, quando perdeu a eleição para o democrata Joe Biden, o ex-presidente atacou o sistema, o que gerou polêmica e até uma acusação na Justiça. Agora, a alegação de que existe fraude eleitoral na Pensilvânia coloca um estado-chave de 2024 ainda mais em evidência.

Donald Trump em comício: fraude eleitoral na Pensilvânia movimenta a reta final de campanha – Foto: Reprodução X

O cenário atual mostra equilíbrio entre Trump e Kamala Harris, atual vice-presidente e candidata pelo Partido Democrata. Assim, a importância dos estados-pêndulo é ainda maior. A alegação de Trump de fraude eleitoral na Pensilvânia, considerado o principal estado-pêndulo de 2024, é mais um componente da polarizada eleição norte-americana.

Fraude Eleitoral na Pensilvânia: Trump aposta em campanha de desinformação sobre integridade do voto em estado decisivo

O papel da Pensilvânia nas Eleições dos EUA 2024

A Pensilvânia é um estado decisivo nas eleições dos Estados Unidos e faz parte da configuração de estados-pêndulo da corrida presidencial de 2024. Nos EUA, os “swing states” (também conhecidos como estados-pêndulo) são estados que o cenário político pode mudar de lado.

Fraude eleitoral na Pensilvânia: acusação em estado que pode definir o próximo presidente dos Estados Unidos | |Istock/ND

Embora existam outros partidos, os Estados Unidos vivem uma espécie de dualismo partidário. O Partido Democrata e o Partido Republicano dão as cartas nos EUA. Desta forma, muitos estados têm uma consolidada identificação partidária e dificilmente mudam de lado. A Califórnia, por exemplo, é um estado democrata, enquanto o Texas é republicano.

Já os estados-pêndulo são aqueles que podem mudar de configuração. Em uma eleição, dependendo do contexto, um estado historicamente democrata pode mudar para republicano e vice-versa. Por isso que eles são tão importantes e decisivos em cada corrida presidencial.

As campanhas focam nos estados-pêndulo. A cada eleição, pesquisas de intenção de votos, tendências políticas, resultados de eleições anteriores, perfil dos candidatos e mudanças demográficas são fatores analisados na hora de mapear os swing states.

Na atual corrida presidencial, a Pensilvânia integra a lista de estado-pêndulo. Por sinal, é o estado mais cobiçado desta configuração. Isso porque conta com 19 delegados. No sistema eleitoral norte-americano, o Colégio Eleitoral reúne os delegados de cada estado. Eles são os responsáveis pela nomeação do presidente e do vice-presidente.

Na última eleição, Joe Biden, atual presidente, venceu por uma margem apertada na Pensilvânia, enquanto que, em 2016, o republicano Donald Trump levou a melhor.

O contexto já ajuda a entender por que a pauta fraude eleitoral na Pensilvânia virou um movimento de Donald Trump na reta final da corrida presidencial de 2024.

As alegações de fraude eleitoral de Trump: uma campanha de desinformação?

O dia da eleição nos Estados Unidos é 5 de novembro. Entretanto, a votação começa com antecedência, de forma presencial e pelos Correios. Nos últimos dias, Trump subiu o tom e adotou o discurso de fraude eleitoral na Pensilvânia.

Acusação de fraude eleitoral na Pensilvânia agita a reta final da corrida presidencial dos Estados Unidos – Foto: Reprodução X

– A Pensilvânia está trapaceando e sendo pega em grande escala, em níveis raramente vistos antes. Denuncie a fraude às autoridades. Os agentes da lei devem agir agora – escreveu Trump na “Truth Social”, uma rede social que pertence ao empresário e candidato republicano.

Dois condados da Pensilvânia foram alvos de ataques de Trump: Lancaster e York. No primeiro, o condado anunciou uma investigação de até 2.500 solicitações de registros de eleitores. Até o momento, não há indício de que se trata de cédula eleitoral. Já o segundo teve como pano de fundo narrativas falsas nas redes sociais sobre cédulas falsas.

Segundo as autoridades locais, os funcionários eleitorais desconfiaram de parte da papelada enviada em lotes por grupos de campanhas. Desta forma, iniciaram uma averiguação, afirmando que todos os formulários suspeitos seriam destinados aos promotores.

Não houve relatos de cédulas de votação nos dois lotes em xeque. Assim, as autoridades locais afirmaram que esse movimento de apontar fraude eleitoral na Pensilvânia é uma prova de que os protocolos de segurança funcionam. Ou seja, havia uma suspeita que gerou uma investigação.

– Quero enfatizar que essas não são células que foram lançadas, mas sim solicitações de registro para votar. O Departamento de Estado da Pensilvânia está em contato com o condado desde o início para fornecer orientação a eles enquanto conduzem sua revisão e continuará a apoiá-los, conforme necessário – declarou Al Schmidt, autoridade eleitoral da Pensilvânia.

Além disso, autoridades da Pensilvânia alertaram sobre desinformação política nos EUA, especialmente nas redes sociais, e como isso pode ser prejudicial para a democracia, como as acusações de fraude eleitoral 2024. Isso sem contar um possível impacto da desinformação no voto.

Quais as bases das acusações e onde elas foram refutadas?

O discurso de fraude eleitoral na Pensilvânia e Trump e desinformação nas eleições movimentaram ainda mais a reta final da corrida presidencial dos Estados Unidos. Donald Trump, em 2020, questionou o resultado daquele pleito. Agora, volta a colocar o sistema eleitoral em xeque.

Fraude eleitoral na Pensilvânia: autoridades locais rebatem acusações | Foto: Istock/ND

Governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, que é do Democrata, rival do Partido Republicano, rebateu Donald Trump, relembrando o que o ex-presidente fez em 2020, quando perdeu para Joe Biden.

– Eu entendo que Donald Trump quer usar novamente o mesmo manual onde ele tenta criar caos e atiçar a divisão e o medo sobre o nosso sistema, mas, novamente, teremos uma eleição livre, justa e protegida na Pensilvânia e a vontade do povo será respeitada e protegida – afirmou Shapiro, à “CNN”.

Com acusações de fraude eleitoral na Pensilvânia, Al Schmidt garante a lisura do processo e que a investigação em si é a sinalização de que o sistema conta com protocolos confiáveis.

– Isso é um sinal de que as salvaguardas do nosso processo de registro de eleitores estão funcionando – afirmou, após as polêmicas declarações de Trump sobre fraude eleitoral na Pensilvânia.

Como a desinformação afeta a confiança no sistema eleitoral

Com a polarização na política dos Estados Unidos, a acusação de fraude eleitoral na Pensilvânia alimenta o discurso de teorias de fraude eleitoral EUA e quem coloca o sistema eleitoral em xeque. Por sinal, algo que Trump fez em 2020.

Donald Trump busca ser presidente dos Estados Unidos novamente | Foto: Instagram / Divulgação

Naquela ocasião, Donald Trump questionou o resultado das urnas. Além disso, ele enfrenta acusações de conspiração para reverter a derrota para Biden em 2020. A investigação na Geórgia começou após o vazamento de uma ligação do ex-presidente para Brad Raffensperger, secretário de Estado da Geórgia, pedindo para ele “encontrar 11.780 votos”. O ex-presidente declarou ser inocente.

Donald Trump também já colocou em suspeita a modalidade de votação por Correios. Sem provas, o ex-presidente insiste que a opção é mais suscetível a fraudes, o que comprometeria a lisura do processo eleitoral.

Agora, nas eleições 2024 e a Pensilvânia, Trump volta a usar um discurso conhecido, em que questiona o sistema eleitoral e até pode preparar o terreno para contestar um possível resultado negativo nas urnas, como fez em 2020.

Em um cenário em que as previsões mostram equilíbrio entre Trump e Kamala Harris, candidata do Partido Democrata, a acusação de fraude eleitoral na Pensilvânia alimenta a campanha de desinformação eleitoral do republicano.

Segurança do voto e os mecanismos de proteção na Pensilvânia

Os Estados Unidos contam com protocolos de segurança para garantir a integridade do sistema eleitoral americano. A opção por correspondência, que sofre ataques de Trump e fraude nas eleições, conta, por exemplo, com autenticação da cédula, em que o órgão estadual verifica se a assinatura é compatível com a do documento de eleitor.

Fraude eleitoral na Pensilvânia: Trump põe estado-chave em mais evidência nos Estados Unidos | Foto: Getty Images/ND

Nos Estados Unidos, cada estado define as regras eleitorais. Os escritórios estaduais e locais são os responsáveis pelas medidas relacionadas à segurança do voto. Dois pilares da integridade do voto nos EUA envolvem as camadas de segurança e também a certificação de que apenas os eleitores elegíveis possam votar.

Os funcionários eleitorais também têm registros detalhados do número e da localização dos boletins de votos, que são protegidos e transportados para os escritórios eleitorais. São medidas para garantir a confiabilidade do voto americano.

Com a segurança do sistema eleitoral da Pensilvânia colocada em xeque, as autoridades trataram de rebater as acusações de Trump e garantiram a lisura do processo.

Comparação com alegações de fraude em anos anteriores

As acusações de Trump sobre fraude eleitoral na Pensilvânia se tornaram mais um episódio na polarizada eleição norte-americana, que vive os capítulos decisivos. Donald Trump usou um discurso semelhante em 2020. Assim, para muitos especialistas, trata-se de uma estratégia já conhecida.

Kamala Harris e Donald Trump são os principais candidatos nos Estados Unidos | | Foto: JEFF KOWALSKY, Mandel NGAN/AFP/ND

O fato de ser na Pensilvânia não surpreende, assim como fake news sobre eleições americanas. Isso porque é considerado um estado-pêndulo fundamental, que, inclusive, pode decidir o resultado da eleição presidencial.

A eleição de 2020 foi marcada por uma série de alegações de fraudes, ações na Justiça e processos que estão em curso atualmente, como a acusação de tentativa de conspiração de Trump de tentar reverter o resultado.

Em 2020, Trump entrou com ações judiciais sobre a votação em alguns estados e pediu recontagem de votos em Wisconsin. Ele aumentou o tom das acusações no começo da apuração, no cenário que apontava que perderia para Biden.

– Se você contar os votos legais, eu ganho facilmente. Se você contar os votos ilegais, eles roubam a eleição de nós – declarou Trump, em 2020, apontando que os votos pelos correios seriam ilegais. Ele até se declarou vencedor do pleito.

Agora, Trump subiu o tom na reta final da corrida presidencial, com a alegação de fraude eleitoral na Pensilvânia. Ele voltou a usar um expediente que causou polêmica no último pleito.