Gêmeos a bordo: casal de mães do Vale do Itajaí realiza sonho através da fertilização in vitro

O sonho de ser mãe está presente na vida de muitas mulheres que anseiam em compartilhar momentos e construir histórias através da maternidade. Um casal de mulheres de Luiz Alves, no Vale do Itajaí, passou por situações intensas até a chegada dos gêmeos, que vieram ao mundo por meio da fertilização in vitro. Djescimara Schmitz, de 29 anos, e Tamiris Pereira, de 35, passaram por três tentativas até se tornarem mães.

Gêmeos a bordo: casal de mães do Vale do Itajaí realiza sonho através da fertilização in vitro – Foto: Arquivo pessoal/Divulgação ND

Há nove anos juntos, o casal comenta que desde o começo queria construir uma família. Elas começaram com uma casinha de madeira e foram moldando o sonho. Hoje, com uma casa maior, elas vivem momentos felizes ao lado dos filhos, João Alcir Schmitz e Davi José Schmitz, que completam dois anos de idade no próximo mês.

Há nove anos juntos, o casal sempre quis a construir uma família - Arquivo pessoal/Divulgação ND
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Há nove anos juntos, o casal sempre quis a construir uma família – Arquivo pessoal/Divulgação ND

Há nove anos juntos, o casal sempre quis a construir uma família - Arquivo pessoal/Divulgação ND
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Há nove anos juntos, o casal sempre quis a construir uma família – Arquivo pessoal/Divulgação ND

Há nove anos juntos, o casal sempre quis a construir uma família - Arquivo pessoal/Divulgação ND
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Há nove anos juntos, o casal sempre quis a construir uma família – Arquivo pessoal/Divulgação ND

Há nove anos juntos, o casal sempre quis a construir uma família - Arquivo pessoal/Divulgação ND
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Há nove anos juntos, o casal sempre quis a construir uma família – Arquivo pessoal/Divulgação ND

Djescimara conta que não sabiam como iriam fazer para ter filhos e pensaram em duas opções: adoção ou fertilização. Elas entraram para a fila de adoção, mas, algum tempo depois, decidiram fazer uma inseminação artificial, que não foi bem-sucedida. “Foram realizados três procedimentos, a inseminação foi a primeira, mas não foi bem-sucedida, pois Tamiris apresentava alguns problemas de saúde, no segundo procedimento o médico indicou a fertilização in vitro”.

Após alguns exames, o médico pediu para que Djescimara fosse a doadora dos óvulos que seriam fecundados e transmitidos para Tamiris. “Só que eu não tive óvulos, e a gente ficou muito arrasada”, relembrou.

Tamiris explicou que sua esposa tinha 17 folículos e, após a pulsão deles, apenas dois puderam ser fecundados, mas nenhum deles sobreviveu. “No dia que a gente iria fazer a transferência, o médico nos chamou para dizer que nenhum deles havia sobrevivido”.

Por Djescimara ser jovem, o médico disse ao casal que o procedimento tinha tudo para dar certo, e ele ficou surpreso quando percebeu que não havia saído como o esperado. “A gente veio para casa e o médico nos chamou de novo para conversar mais um pouco. Ele disse que estava há 30 anos no ramo de fertilizações e que sempre quer ver famílias sendo construídas, então disse que nos ajudaria. Ele deu todo o apoio e suporte e fizemos novamente, quando saiu os sete óvulos que foram fecundados”, relatou Tamiris.

Djescimara fez um tratamento como se fosse uma mulher de 40 anos, mais forte, que gerou os sete óvulos que foram fecundados. O médico escolheu os dois melhores e realizou o procedimento de transferência. Após o processo, foram 15 dias de espera para a confirmação do resultado tão esperado.

João Alcir Schmitz e Davi José Schmitz, que completam dois anos de idade no próximo mês. - Arquivo pessoal/Divulgação ND
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João Alcir Schmitz e Davi José Schmitz, que completam dois anos de idade no próximo mês. – Arquivo pessoal/Divulgação ND

João Alcir Schmitz e Davi José Schmitz, que completam dois anos de idade no próximo mês. - Arquivo pessoal/Divulgação ND
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João Alcir Schmitz e Davi José Schmitz, que completam dois anos de idade no próximo mês. – Arquivo pessoal/Divulgação ND

Felicidade em dose dupla

Antes de realizar a primeira consulta, começaram as complicações na gestação. Tamiris teve um sangramento intenso e precisou fazer um ultrassom de emergência no Hospital Santa Catarina. O casal teve receio de ser um aborto, mas acabou tendo uma surpresa positiva.

O susto ocorreu durante a pandemia da Covid-19 e Djescimara não pôde acompanhar a esposa durante o ultrassom. “Eu entrei sozinha para fazer o ultrassom, nervosa, mas a menina fez e disse que estava tudo certo, que o coraçãozinho estava batendo. Então ela apontou para outro e disse ‘olha, o outro está aqui’ e eu questionei, outro?”, relembrou Tamiris.

Sua companheira aguardava ansiosa na recepção do hospital, que se encontrava lotado. “Eu apavorada e ela para mim ‘tá tudo bem, você vai ser mamãe de gêmeos’. Eu saí do corpo e não enxergava mais nada”, disse Djescimara.

A descoberta dos gêmeos foi algo ainda mais especial para a família pois, assim como os filhos, Djescimara também é gêmea. “Eu sempre quis porque eu sou gêmea, tenho na genética isso, meu vô também é gêmeo. Então a gente já é de uma família grande e todos amaram quando contamos”.

Djescimara à direita, Tamiris no centro e a irmã gêmea da esposa, Djescinara, à esquerda – Foto: Arquivo pessoal/Divulgação ND

As mamães também realizaram um chá revelação para descobrir qual seria o sexo dos bebês. Com cerca de cinco meses de gestação, elas conciliaram o amor que possuem pelo futebol para fazer a revelação. Cada uma chutou uma bola que continha uma determinada cor, e nas duas o azul se destacou. A família toda esteve presente no momento em que foi divulgada a chegada de mais dois meninos.


Com cerca de cinco meses de gestação, elas conciliaram o amor que possuem pelo futebol para fazer a revelação – Vídeo: Arquivo pessoal/Divulgação ND

A espera pelos gêmeos foi cheia de desafios. No sexto mês de gestação, rompeu a bolsa de Tamiris, que foi parar no hospital. “Fiquei cinco dias internada, voltei para casa e fiquei em repouso absoluto”.

Duas vezes por semana, até a chegada dos bebês, ela tinha que ir para o hospital fazer exames e checar se estava tudo bem.

A chegada dos gêmeos

Os gêmeos estavam previstos para chegar ao mundo na 37ª semana de gestação, mas com 35 semanas Tamiris precisou realizar a cesárea. Os médicos explicaram para o casal que os bebês poderiam ir para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) devido ao nascimento prematuro. “No final deu tudo certo, os dois vieram perfeitos e o pediatra disse ‘mãe, os dois vão contigo para o quarto’, eles nasceram fortes e respirando bem”,

Elas passaram nove dias no hospital, pois João e Davi precisavam ganhar peso antes de serem liberados para voltar para a casa.

Como foi o processo

Tamiris explica que, por ser um casal de mulheres, elas não possuíam um doador masculino. Há dois bancos de doadores, o nacional e o internacional. Elas escolheram o nacional, sendo possível ver apenas as descrições das características do doador. “Como a Mara doou os óvulos, eu escolhi o doador que possuí as minhas características, minha altura, cor de cabelo, olhos, que gostava do mesmo esporte que eu. Isso é legal, porque às vezes as pessoas acham que não vai nascer muito parecido, mas parece, eles puxam essas características”.

Elas guardaram as descrições das características do doador e imagens dos óvulos fecundados, pois querem mostrar para os filhos como eles foram planejados. “Para eles saberem como tudo aconteceu, que eles foram muito desejados”, disse Tamires.

No processo para a fertilização, elas tiveram consultas com psicólogos, pois precisarão conversar com os filhos sobre isso futuramente. “Querendo ou não, eles vão perguntar ‘porque que eu não tenho um pai?’, então a gente, daqui para a frente, vai ter que se preparar e conversar certinho com eles sobre o assunto”, explica Djescimara.

Os psicólogos as auxiliaram a sempre falar a verdade, não contar coisas que não existem ou negar a história. Por isso elas separaram os registros para apresentá-los no momento certo.

Tamiris destaca que muitas pessoas realizam a fertilização in vitro, não apenas casais de mulheres. “Muitos me procuram para saber sobre o processo. Por ter risco de trombose, durante todos os dias da gravidez, tive que tomar uma injeção na barriga. Tem casos que vão complicar um pouquinho, mas não se deve desistir, porque Deus sabe o que faz, e se não deu certo em uma vez, era porque não era para ser. Mas não se deve desistir do sonho, só temos eles porque não desistimos”, conta.

Durante todos os dias da gravidez, Tamiris teve que tomar uma injeção na barriga – Foto: Arquivo pessoal/Divulgação ND

Elas também procuraram ajuda espiritual no processo, contaram com uma base de apoio e tiveram fé de que as coisas dariam certo. “Tudo tem um propósito”, destacou Tamiris.

Renascimento

Djescimara e Tamiris comentam que nasceram novamente com a chegada dos filhos. Após momentos delicados entre as tentativas e a gestação, o sentimento é de felicidade e gratidão pelo sonho de construir uma família ter sido realizado. Sobre a maternidade, elas contam que ansiavam muito por esse momento, e que estão aproveitando cada segundo com os pequenos.

“É um sentimento que não tem explicação. Até mesmo quando a gente entrou na fila da adoção, falamos que temos sobrinhos, mas eles não são nossos, quando eles se machucam, eles não correm pra gente, vão para a mãe e para o pai deles. Queríamos ser o porto seguro dos nossos filhos. Se tornando mães, isso nos transformou, porque nos tornamos o mundo deles. A gente só quer cuidar e deixá-los feliz” disse Tamires.

Djescimara conta que no começo elas tinham medo de não conseguir cuidar dos meninos, pois eles eram muito pequenos. “Mas tivemos muita confiança, porque eram nossos. As enfermeiras chegavam lá e diziam que as mães tinham medo de tocar nas crianças que eram muito maiores e nós já estávamos ali, trocando, dando de mamar e tudo mais, pegando-os com jeito, como se a gente sempre soubesse. A gente nasceu junto com eles”.

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