Condenadas pela morte de Evanir e Simone têm penas aumentadas em 25 anos em Chapecó

As penas das duas mulheres condenadas por participarem do assassinato do casal Evanir Pires do Santos Taborda, de 34 anos (na época), e Simone da Silva Fialho, de 32 anos, em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, tiveram as penas amentadas pela Justiça.

Os dois estão desaparecidos desde o dia 20 de janeiro. – Foto: Arquivo Pessoal/ND

O crime ocorreu no dia 20 de janeiro de 2021, mas os corpos foram encontrados apenas no dia 19 de maio do mesmo ano. O terceiro acusado pela prática do crime segue foragido da Justiça.

A decisão ocorreu após recurso do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina, o que garantiu penas mais severas às duas mulheres. Uma delas teve a pena aumentada em mais de 16 anos de reclusão.

Segundo o MPSC, com a reforma da sentença, a pena de uma delas foi de 37 anos e 11 meses de reclusão para 54 anos, seis meses e 12 dias de reclusão. Já a sanção da segunda ré foi de 30 anos e quatro meses para 39 anos de reclusão. Ambas terão de cumprir as penas em regime inicial fechado.

No recurso, o promotor de Justiça Moacir José Dal Magro asseverou que ao proceder à individualização da pena, na chamada primeira fase do cálculo, o Juízo considerou as condições totalmente favoráveis às rés, o que se apresenta como opinião e não se coaduna com os predicados pessoais das condenadas.

“A alta censurabilidade do comportamento das apeladas é inquestionável, haja vista a premeditação do crime. Veja que essa reprovabilidade acentuada, não só vem em premeditar o crime, mas também desde sua execução até o comportamento externado após a morte das vítimas, que foram encontradas quase quatro meses após o desaparecimento”, ressaltou o Promotor de Justiça.

Corpos foram recolhidos pelo IGP – Foto: Caroline Figueiredo/ND

No voto, o desembargador do TJSC concordou em parte com MPSC e destacou que: “No que se refere à culpabilidade, considerando as especificidades do caso concreto, isto é, premeditação e execução do crime, além do comportamento das apeladas após a ação homicida (já que as vítimas somente foram encontradas enterradas em área rural no município de Guatambú/SC, quatro meses após o desaparecimento), tenho que irrepreensível o aumento da pena-base”.

Organização do crime

Outro pedido do MPSC no recurso foi que na pena de uma das rés fosse reconhecida a agravante de organização de cooperação do crime, que não foi analisada pelo juízo.

“Vejam que [nome da ré] é mentora intelectual dos crimes, uma vez que, previamente ajustada com os demais acusados, resolveu colocar em prática o plano engendrado para ceifar a vida de [nome das vítimas]. Assim, convidou [nome da vítima] para se deslocar até outro ponto da cidade de Chapecó, a pretexto de `olhar um maquinário’.”

Neste ponto, o desembargador relator concordou com o Ministério Público e destacou que da análise dos autos não há como se negar a participação ativa da apelada nos eventos criminosos.

“Foi justamente ela, segundo as provas angariadas aos autos, quem convidou a vítima [nome da vítima] a se deslocar até outro ponto da cidade de Chapecó/SC, a pretexto de “olhar um maquinário”, onde o acusado [nome do réu foragido] já os aguardava, sendo essa conduta, portanto, essencial para a consumação dos crimes. Se foi terceiro que desferiu os tiros fatais, quem viabilizou essas condutas foi a ré, a partir do que os atentados contra as vidas foram possíveis.”

Relembre o crime

Uma desavença financeira em decorrência de uma negociação “mal resolvida” de Evanir Pires dos Santos Taborda, foi a motivação da morte dele e de Simone da Silva Fialho. A informação foi divulgada pela Polícia Civil em coletiva no dia 20 de maio de 2021, em Chapecó.

Evanir e Simone foram vistos pela última vez no dia 20 de janeiro de 2021. Ele saiu de casa e foi para seu posto de lavagem, localizado no bairro São Cristóvão.

Por volta das 8h voltou para casa, levou a sogra ao médico e o filho de 3 anos e meio para cortar o cabelo. Depois, retornou ao trabalho e essa foi a última vez que foi visto. Ela, no entanto, teria saído sentido Linha Peruzzo, interior de Chapecó, e também não foi mais vista.

De acordo com o delegado Vagner Papini, responsável pelo caso, as duas vítimas possuíam um relacionamento amoroso “público e notório”. Na data em que foram vistos pela última vez, ambos foram levados até as proximidades da linha Peruzo, em Chapecó.

No local, Evanir levou quatro tiros e foi colocado no porta-malas de um veículo. Segundo a polícia, o autor dos disparos foi o homem de 56 anos. Simone então foi levada pelos suspeitos até a linha Alto da Serra, no interior do município, com a promessa de que seria liberada.

No entanto, sem um motivo aparente, apenas porque “estava com Evanir”, os suspeitos também a mataram no local. Ela levou dois tiros, um, na cabeça, e outro, no tórax. Ambos foram mortos no mesmo dia do desaparecimento, em 20 de janeiro.

Localização dos corpos

A polícia não detalhou como chegaram até a localização das covas. No local eles analisaram que as terras estavam mexidas, cavaram várias covas na noite de 18 de maio de forma manual.

Corpos estavam enterrados em uma comunidade no interior de Chapecó – Foto: Caroline Figueiredo/ND

A polícia, então, achou um chinelo que pertencia à Simone. O delegado entrou em contato com o Corpo de Bombeiros e, na tarde do dia 19 de maio, com auxílio do cão farejador, os corpos foram encontrados.

O corpo de Evanir foi o primeiro a ser localizado, por volta das 14h. Já o corpo de Simone foi encontrado às 17h. Após exames da Polícia Científica, encontraram quatro projéteis de arma no corpo de Evanir e dois no corpo da Simone, feitos por uma arma calibre .22.

Uma possível participação da esposa de Evanir, Claudia Regina Bee, no crime, foi descartada pela polícia. Simone estava grávida de 11 semanas, porém, não foi encontrado o feto no útero da vítima. No entanto, um exame de gravidez confirmou que ela estaria grávida.

Suspeitos já cumpriram pena por homicídio

O autor dos disparos, o homem de 56 anos, já cumpriu pena por homicídio. Uma das mulherES de 35, também cumpriu pena pelo mesmo crime. A mulher de 25 não tem passagens pela polícia. Ela, segundo a polícia, colaborou com informações para encontrar as vítimas. Os três suspeitos são de Chapecó.

O homem abandonou o carro de Evanir, um Volkswagen Up, em via pública na cidade de Trindade do Sul (RS), a cerca de 73 km de Chapecó. O veículo foi encontrado três dias depois do crime. O carro foi levado para lá para despistar a polícia. Ele segue foragido.

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