De pneus a capacete: limpeza no Canal da Barra remove duas toneladas de lixo em Florianópolis

Uma ação na manhã do último domingo (6), no Canal da Barra, que liga a Lagoa da Conceição ao mar, em Florianópolis, resultou na retirada de duas toneladas de lixo das águas e da margem. Os voluntários do mutirão, que envolveu cerca de 100 pessoas e está em sua terceira edição, celebraram que os números vêm caindo — de dez toneladas de rejeitos recolhidas em 2023, para três toneladas no ano passado e duas desta vez.

Nera celebrou o fato de que os amigos além de contribuir, estão levando os filhos pequenos para a limpeza do Canal da Barra – Foto: Nícolas Horácio/ND

No trabalho de domingo, no fundo do canal e nas margens, o grupo encontrou pneus, grades de fogão, cadeira, sacolas, isopor, latas de alumínio, galhos de árvores podadas, pedaços de eletrodomésticos e até um capacete. O trabalho, feito numa extensão de aproximadamente quatro quilômetros, começou às 8h30 e terminou por volta das 12h, com supervisão dos bombeiros e da Marinha do Brasil.

Nerivaldo Neri Florindo organiza a limpeza do Canal da Barra há três anos, chamando os amigos. A tese dele é de que as pessoas não precisam esperar algo de alguém para agir. “Não precisa, somos moradores, vivemos nesse jardim maravilhoso, então, quero manter a limpeza. Involuntariamente e voluntariamente tem lixo no canal. Convidei amigos, líderes comunitários, estamos em mais ou menos 100 pessoas”, declarou. Nera celebrou o fato de que os amigos além de contribuir, estão trazendo os filhos pequenos.

Lourival Manoel Teixeira, o Louro, da Associação de Pescadores do Retiro da Lagoa, avaliou a importância da ação. “A gente vê muito lixo aqui, por isso o evento, para recolher esse lixo todo. Queríamos agradecer a presença de todos, mais de cem pessoas. Importante agradecer a presença dos salva-vidas e da Marinha, dando apoio.”

Louro lembrou que a associação de pescadores e o Conselho Comunitário da Barra da Lagoa, além de outras entidades, estão unidas, há anos, na batalha pelo desassoreamento do canal e da Lagoa da Conceição. “Há 30 anos, 40 anos, o lugar mais fundo da Lagoa tinha oito metros, dez metros. Hoje, o lugar mais fundo tem cinco metros, seis metros.”

O assoreamento dificulta a navegação e os mais prejudicados são os pescadores. “Quando encalha uma embarcação, o prejuízo é grande”, disse o líder comunitário.

Limpeza no Canal da Barra remove duas toneladas de lixo em Florianópolis – Foto: Nícolas Horácio/ND

Geladeira e TV no Canal da Barra

Rafaela Gordo Correa, 42 anos, engenheira de aquicultura e aluna de uma escola de remo, participou pela segunda vez da limpeza do Canal da Barra. “Para minha felicidade, esse ano tivemos menos material. Ano passado estava mais carregado. É uma ação que precisa ser recorrente e mais divulgada, para sensibilizar mais pessoas com a causa, porque o canal é de uso como comum, distinto e todos precisam entender a importância de manter o espaço limpo e preservado”.

Ela conta que na ação de 2024, o grupo chegou a encontrar geladeira e várias televisões. “É um material que fica na vegetação da margem, é um problema ambiental, ainda bem que tem a vegetação, que vai segurando o material e facilita para gente recolher porque, muitas vezes, vai para o fundo, por isso esse trabalho associado dos mergulhadores com o pessoal nas embarcações”, ressaltou Rafa.

Servidor público de carreira, Ivan Antonio de Souza, 52, nativo da Barra da Lagoa e pescador na Galheta, também participou da ação. “É um trabalho de alguns anos e estamos vendo essa redução de material de um ano para o outro, essa é uma notícia boa. Mas além de fazer o trabalho, é importante a conscientização. Quando a gente passa na frente do trapiche, encontra muito pneu que rompe do trapiche e fica no fundo. Se cair, melhor retirar na hora”, recomendou.

Ivan celebrou que não foram encontrados fogões, como em anos anteriores, mas observou que na beira do canal tinha muita poda de árvore, o que, embora seja um material orgânico, atrapalha a vegetação e provoca acidente.

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