Hepatite pode ter várias causas; conheça as mais frequentes e saiba como evitar

O Brasil possui um total de 718.651 casos confirmados de hepatites virais, entre os anos 2000 e 2021, segundo o Ministério da Saúde. As inflamações que acontecem no fígado podem ser ocasionadas por vírus, abuso do consumo de álcool ou outras substâncias tóxicas, como as hepatites causadas por medicamentos.

Hepatite pode ter várias causas, conheça as principais informações sobre a doença

Hepatite pode ter várias causas; conheça as mais frequentes e saiba como evitar – Foto: Arquivo/Marco Verch Professional Photographer/Flickr/Divulgação/ND

A gastroenterologista, Maira Marzinotto, afirma que atualmente existem vacinas disponíveis para as hepatites virais A e B. Esses imunizantes estimulam a resposta do corpo contra os vírus e estão presentes no calendário vacinal infantil.

Nos casos de hepatite A, são ofertados duas doses da vacina. O imunizante é encontrado na rede pública para crianças de 15 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade, segundo a SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). Acima dessa faixa etária, a vacina só pode ser aplicada na rede privada e de acordo com a orientação médica.

Para a hepatite B, seus imunizantes são administrados em três doses, a recomendação é que a primeira dose seja aplicada nas primeiras 12h a 24h de vida, e as outras aos dois e seis meses de vida. Ela pode ser encontrada tanto no SUS (Sistema único de Saúde) quanto na rede privada.

Hepatite pode gerar casos agudos

A doença pode gerar casos intensos, com curta duração ou crônicos. Nos casos mais fortes, a hepatite inclui lesões importantes no fígado, o que pode gerar a paralisação do órgão.

Com isso, podem surgir hepatites fulminantes com a necessidade de transplantes, o que de acordo com Marzinotto, são casos extremamente raros.

Já as hepatites crônicas podem evoluir para quadros de cirrose, o que aumenta os riscos de câncer no fígado.

Entenda os tipos de hepatite

Conforme o Ministério da Saúde, as hepatites virais podem ser dividas entre os tipos A, B, C, D e E. Além disso, existem as hepatites de causas autoimunes, alcoólicas e medicamentosas.

Hepatite A

Pode ser causada pelo vírus HAV, costuma ser de caráter benigno, mas com sintomas e letalidade que aumentam conforme a idade.

Sua forma de transmissão é por via oral-fecal, tendo grande relação com a falta de higiene adequada em alimentos, saneamento básico inadequado, contato pessoal próximo e relações sexuais desprotegidas.

Os sintomas incluem fadiga, mal-estar, febre, dores musculares, seguidos de enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. Pode haver o aparecimento de urina escura antes da fase da pele amarelada. A sintomatologia costuma aparecer de 15 a 50 dias após a infecção, e costuma durar dois meses.

Sua forma de diagnóstico é feita por exames de sangue, que detectam a presença de anticorpos anti-HAV IgM (infecção inicial), perceptíveis por seis meses, ou pela pesquisa do anticorpo IgG, que verifica infecção passada ou então resposta vacinal de imunidade.

As formas de tratar a hepatite não são específicas, por isso variam de paciente, porém visam atenuar os sintomas.

As formas mais eficazes de prevenir a hepatite A podem ser feitas por meio da vacinação, higiene das mãos, tratamento sanitário adequado, uso de preservativos e o bom cozimento de alimentos.

Hepatite B

A hepatite B é causada pelo vírus HBV. Segundo o Ministério da Saúde, essa tipagem foi responsável por 32,8% dos casos de hepatites notificados no Brasil em 2018.

A doença pode se desenvolver das formas aguda (curta duração) ou crônica (mais de seis meses).

Em sua maioria, a hepatite B não apresenta sinais, tendo seu diagnóstico apenas décadas após o contágio. Para tal, é realizada a pesquisa do antígeno do HBV (HBsAg), via testes rápidos ou laboratoriais. O diagnóstico deve ser confirmado com exames complementares que identifiquem a presença do DNA viral (HBV-DNA).

Apesar de não ter cura, a hepatite B tem tratamento disponibilizado no SUS, o que ajuda a reduzir o risco de suas complicações (cirrose, câncer hepático e morte).

A prevenção é feita por meio das vacinas, uso de preservativos e o não compartilhamento de objetos pessoais.

Hepatite C

O processo inflamatório e infeccioso é causado pelo vírus HCV, podendo ser de forma aguda ou crônica. O segundo tipo de infecção é o mais comum (de 60% a 85%), sendo que 20% dos casos evoluem para cirrose.

A transmissão do vírus se dá pelo contato com sangue contaminado. Ou seja, compartilhamentos de agulhas, material de manicure ou reutilização de material para tatuagem, equipamentos médicos e odontológicos, falha na esterilização de material de manicure, cirurgias sem o protocolo de biossegurança, relações sexuais desprotegidas, e de forma vertical, de mãe para bebê durante a gestação.

Esse tipo não costuma apresentar sintomas, então, a doença só é identificada a partir da testagem rápida ou sorológica que apontam a presença dos anticorpos anti-HCV.

O SUS oferece tratamento gratuito com antivirais, capazes de curar e impedir a progressão do doença.

Não existe vacina para prevenção da hepatite C. Porém, algumas medidas são capazes de frear sua transmissão. As principais são: não compartilhar materiais que possam ter contatos com sangue e usar preservativos.

Os médicos indicam que aqueles que forem testados positivos devem pedir dos seus familiares e parceiros sexuais testados para a doença, além disso, devem cobrir feridas abertas na pele, limpar respingos de sangue com solução clorada e não podem doar sangue ou esperma.

Hepatite D

Esse tipo de inflamação é comumente associada à hepatite B. Sua infecção, pelo vírus HDV, pode ocorrer de duas formas.

Nos casos, pode ser infeccionada de forma simultânea com o HBV, ou superinfecção do HDV em   pessoas com infeção crônica pelo HBV. Com isso, pode ser associada à hepatite B e é transmitida da mesma forma.

A hepatite D não costuma apresentar sintomas, e quando ocorrem, incluem enjoos, fadiga, urina escura, fezes claras, e olhos e pele amarelados. O diagnóstico é sorológico, verificando a quantidade de anticorpos anti-HDV.

Após a confirmação, o médico indicará o tratamento de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções. As terapias oferecidas buscam controlar os danos ao fígado e não ocasionam a sua cura. O SUS oferece os medicamentos. É recomendado que tais pacientes não consumam bebidas alcoólicas.

A prevenção desse tipo, além da vacinação contra a hepatite B, inclui uso de preservativo em todas as relações sexuais e o não compartilhar de objetos de uso pessoal.

Hepatite E

A infecção é causada pelo vírus HEV, com duração curta e auto-limitada, geralmente, de caráter benigno.

Sua transmissão se dá por via oral-fecal, então o consumo de água contaminada, saneamento básico precário, ingestão de carne mal cozida, transfusão de sangue infectado, e de modo vertical de mãe para bebê na gravidez, são as maiores formas de propagação.

Os sintomas duram de duas a seis semanas e incluem fadiga, mal-estar, febre, dores musculares, enjoos, diarreia, urina escura e icterícia. Assim como a hepatite A, o tratamento não é específico, e busca aliviar os sintomas.

Hepatite alcoólica

Segundo Maira Marzinotto, a hepatite alcoólica ocorre após a ingestão de grandes quantidades de bebidas alcoólicas. O Manual MSD alega que o quadro pode variar desde leve e reversível a doença grave, com risco de morte.

Os sinais incluem pacientes desnutridos, fadiga, icterícia, febre, dores na região do fígado, aumento do órgão e sopro hepático. O quadro pode incluir, também, manifestações semelhantes às de cirrose.

A gastroenterologista afirma que o diagnóstico é baseado no histórico de consumo alcoólico do paciente e o tratamento se dá pela retirada da ingestão de bebidas alcoólicas.

Hepatite medicamentosa

Ocasionada pelo uso de remédios que podem gerar inflamações no fígado. O diagnóstico é feito a partir do histórico de tratamentos realizados pelo paciente. Seu tratamento se dá na retirada dos medicamentos causadores do quadro.

Hepatite autoimune

Conforme a médica, esse tipo ocorre quando as próprias células do corpo atacam o fígado, causando a inflamação do órgão.

O diagnóstico é feito a partir de testes sanguíneos dos autoanticorpos que podem gerar a hepatite. Os tratamentos são específicos, com avaliação individual, geralmente com a utilização de corticóides e imunossupressores para diminuir os ataques celulares ao fígado.

*Com informações do portal R7.

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