Mensageiro: Esquema da Serrana envolve lixo, iluminação e água, afirma diretor da empresa

Em depoimento nesta terça-feira (30), em Joinville, um dos diretores da Serrana Engenharia, empresa envolvida na investigação da Operação Mensageiro, afirmou que o esquema de fraude em licitações envolvia vários serviços prestados pela empresa, entre eles de lixo, iluminação e água. O funcionário é réu na Justiça e depôs em audiência de instrução.

Imagem mostra trabalhadores em serviço de coleta de lixo prestado pela empresa Serrana

Serrana é acusada de pagar propina para manter contratos em prefeituras de Santa Catarina – Foto: Serrana/Divulgação/ND

Conforme depoimentos de outras testemunhas em Joinville, todos os diretores da Serrana sabiam dos esquemas de pagamento de propina feitos pela empresa. Outra funcionária da companhia, que administrava as informações de pagamento de propina, comentou: “Nem todos sabiam de tudo, cada um sabia de sua área”.

Segundo o diretor que depôs na audiência desta tarde, os departamentos de elétrica (responsável por iluminação pública), resíduos (coleta de lixo) e água tinham editais prontos, que eram entregues às prefeituras para limitar a participação da concorrência e garantir que o Grupo Serrana vencesse as licitações.

Em depoimento, o funcionário também relatou que chegou a fazer reuniões com prefeitos, momentos em que fazia propostas para pagamento de propina. “A gente levava isso [a proposta] para a empresa e discutia com o proprietário, se a gente podia obter alguma vantagem com aquela propina, então aprovava e operacionalizava a entrega do dinheiro”, confessou.

Mensageiro ganhava R$ 6 mil para distribuir propina

“Meu serviço era entregar o dinheiro para a pessoa que eu era designado a levar”, informou em depoimento na tarde desta terça-feira (30), o empresário e colaborador da Serrana que era responsável por fazer os pagamentos das propinas, chamado no processo de “o mensageiro.”

Conforme ele mesmo, o dono da Serrana começou pagando R$ 3 mil pelo serviço. Nos últimos meses antes de ser preso, o mensageiro já recebia R$ 6 mil, além das despesas com viagens. O trabalho foi realizado entre 2014 e 2022.

Além de distribuir as propinas, a empresa do réu, que fez acordo de delação premiada e tem o nome protegido por decisão judicial, também emitia notas frias para a Serrana. O empresário relatou que ganhava cerca de 10% pela emissão de notas.

O “mensageiro” também contou na audiência que usava o nome de clientes de sua empresa para cadastrar números de telefones, usados para conversar com agentes públicos “Eu infelizmente usei nome de clientes, sim”, confessou.

O colaborador da Serrana falou sobre o caso após 12 celulares serem encontrados com ele em buscas e apreensões em diligências do Gaeco.

O “mensageiro” segue preso em Joinville.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.