Alucinação com policial e revelação a amigo: detalhes do autor de ataque a creche em Blumenau

Os policiais detalharam, nesta segunda-feira (17), sobre a conclusão da investigação sobre o ataque a creche em Blumenau, que aconteceu no dia 5 de abril. No total, 21 pessoas foram ouvidas, incluindo amigos e a mãe do responsável.

Ataque à creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, aconteceu em 5 de abril – Foto: Eduardo Valente/Secom/Divulgação/ND

Além de detalhar sobre a dinâmica do dia do crime, a Polícia Civil conversou com pessoas próximas para entender o perfil do criminoso. Entre eles, a mãe que alegou que o filho era uma pessoa calma durante a infância, mas tudo mudou quando teve contato com drogas.

“O padrasto era uma pessoa próxima, amiga e que ajudou muito quando ainda era jovem. Então, o autor do crime passou a exercer a profissão de entregador por aplicativo, ter contato com a cocaína e o seu comportamento mudou. Um dia, a mãe chegou e o filho disse que escutou barulhos no quarto e foi neste momento que percebeu que ele estava diferente”, explicou o coordenador da DIC (Divisão de Investigações Criminais) de Blumenau, delegado Ronnie Reis Esteves.

Em seguida, o homem mudou de comportamento com o padrasto e até alegou que o mesmo teria entrado no seu quarto para implantar um chip no olho com o objetivo de “monitorar”.

Ainda de acordo com o delegado Ronnie Reis Esteves, o padrasto disse para a esposa que não queria mais o homem morando na residência por conta do uso de drogas.

“Ele foi morar com o tio. Até que um dia ele foi na casa da sua mãe, passou pelo padrasto, falou com ela e desferiu uma facada no pescoço, na altura do rim e axila”, conta o coordenador da DIC sobre a tentativa de homicídio que aconteceu em 2021.

Alucinações com policial e revelação a amigos

Ainda de acordo com o delegado Ronnie Reis Esteves, em primeiro momento, o homem contou que um policial militar foi o mandante do atentado por meio de ameaças.

“Um amigo foi chamado e relatou alucinações e cismas por parte dele. Em um momento, ele se reuniu com colegas e falou sobre a machadinha, sobre a suposta perseguição do padrasto e disse que iria fazer algo grande, mas os amigos não deram sequência. Eles também informaram que nunca existiu a conversa sobre o policial ser o mandante”, detalha o delegado.

Ainda durante as investigações, o policial citado foi ouvido e disse que não conhecia o responsável pelo ataque. O contato entre o homem e o agente foi dentro de uma academia, que ele frequentou por pouco tempo, mas que ele alimentava essa admiração pelo PM.

Em seguida, o autor do crime foi novamente ouvido com a presença de uma psicóloga e disse que não foi ameaçado pelo policial. “Ele disse que agiu para mostrar ao PM que foi um ato de coragem e que fez algo que poucas pessoas fariam. Na sequência, ele desmente sobre a ordem do policial”.

Por fim, o coordenador da DIC de Blumenau informou que as investigações apontaram que não houve nenhuma motivação para o ataque. “Ele era uma pessoa antes do uso da droga e depois se tornou esse monstro que todos nós conhecemos”, complementa o delegado.

Ainda durante a entrevista coletiva, o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, detalhou que a extração de dados do celular do responsável pelo ataque mostraram que não houve nenhuma coordenação ou algo planejado.

Delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Rocha, detalhou investigação sobre o ataque a creche em Blumenau – Foto: Ricardo Trida/Secom/Divulgação/ND

“O que chamou atenção é que ele participava de  alguns grupos de pesquisa satânica por meio das redes sociais”, explicou o delegado-geral.

Ainda durante as investigações, ficou comprovado que o autor era usuário constante de cocaína e também apresentou indícios da droga no seu sangue, mas não foi possível precisar se o uso foi feito no dia do ataque ou momento anterior.

Agora, o inquérito policial, que foi concluído na última sexta-feira (14), será apresentado ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) para que seja oferecida a denúncia e, em seguida, julgado.

De acordo com o delegado-geral Ulisses Gabriel, o autor do ataque foi indiciado por quatro homicídios consumados com qualificadores por motivo torpe, meio cruel, impossibilidade de defesa das vítimas e por ser menores de 14 anos. Assim como por cinco homicídios tentados e com as mesmas qualificadoras.

O ND+ não irá publicar os nomes do autor e das vítimas do ataque, assim como imagens explícitas do crime. A decisão editorial foi feita em respeito às famílias e ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), também para não compactuar com o protagonismo de criminosos.

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