Estudantes de Joinville transformam sala de aula em cinema

Transformar a escola em um set de filmagem e tornar os próprios estudantes diretores, roteiristas, cinegrafistas e equipe de elenco é realidade há oito anos na Escola Municipal João de Oliveira. Lá, uma turma de nono ano estuda sobre cinema nas aulas de arte e coloca em prática toda a bagagem de conhecimento adquirida ao longo dos nove anos de estudo no componente curricular, com criação de filmes baseados em temas transversais da educação.

Grupo de alunos aproveita para testar os conhecimentos da aula, assumindo ocupações conhecidas no cinema, como roteirista e ator – Foto: Foto: Leve Fotografias/Divulgação/its Teens

À frente do projeto está o professor de arte Kleber Monteiro Bezerra, apaixonado pelo cinema e nerd assumido de carteirinha. É dele a ideia desenvolvida na escola, que já conta com acervo de mais de 20 produções.

“Sempre tento vincular o que faço, para que eles (alunos) entendam melhor através da cultura pop, porque eles compreendem melhor o que eu quero alcançar do que necessariamente dar coisas sem contexto na realidade deles.”

Dividido em três etapas, os alunos são organizados em dois grupos que se desafiam a estudar sobre criação de roteiro, direção, filmagem, elenco e edição para produção dos materiais. “Eu quero que eles coloquem a mão na massa. Através do erro, eu quero que meu aluno aprenda sempre isso, que ele consegue”, comenta o professor.

Para iniciar o trabalho, as equipes recriam um filme baseado no cinema mudo, após aprenderem sobre a história dessa arte. Nessa fase, tudo é pensado como nos modelos dos filmes produzidos no século 20. Nas produções deste ano, as equipes escolheram falar sobre a censura à cultura na época da ditadura militar no Brasil e retratar a ascensão de um garoto no futebol.

À frente como um dos diretores das gravações, Matheus Miguel Michalski, 14, lidera a produção do filme sobre futebol e vê o projeto como algo diferente do que já estudou no componente curricular em todo o Ensino Fundamental.

“Desde o primeiro até o nono ano, a gente sempre viu as artes visuais no desenho, de forma bidimensional, e a gente pode ampliar esse conceito e ver a arte em movimento. É legal ver como o professor consegue explorar outras áreas”, destaca o estudante.

Como diretora da segunda produção sobre a época da ditadura militar, Giovana Nogueira Fagundes,14, viu a proposta do projeto como forma de desenvolver habilidades. “Eu desafiei meu lado criativo, que era uma coisa que eu tinha mas não era muito”, pontua.

Com apenas uma aula por semana, os alunos são desafiados nas produções que se desdobram, também, para dublar uma cena de um filme apresentado pelo professor Kleber. Na última fase, é hora de toda a sala se unir e trabalhar em conjunto para criar um único filme.

De acordo com a observação do professor Kleber, a mensagem por trás da maioria das produções é uma: “Eles querem ser ouvidos. Eles colocam muito para fora. Como qualquer artista antigamente. Como no Expressionismo, que você percebe que artistas colocam emoção na pintura, eles fazem o mesmo no vídeo.”

O começo do cinema

Ir ao cinema ou aproveitar os momentos em casa para assistir aos lançamentos e clássicos é algo comum, que faz parte da rotina. Porém, nem sempre foi assim. Houve um tempo em que as produções eram escassas e o acesso, limitado.

A história com os enredos e criações começou no século 19, quando os irmãos franceses Auguste e Louis Lumière fizeram a primeira exibição.

Entretanto, para que a realidade fosse essa que conhecemos hoje, com grandes telas e espetáculos, muitos artistas precisaram defender o cinema, testando modelos e formatos para todos os públicos.

O primeiro grande desafio foi registrar os movimentos. Naquele tempo já existia a fotografia, mas a dificuldade era dar vida às fotos.

É por isso que a fotografia e o cinema possuem uma trajetória quase que em conjunto, já que algumas exibições foram feitas com imagens em  movimentos — como aquele flipbook, nome dado aos desenhos em sequência que criam cenas.

Com a evolução da tecnologia e a proximidade com a arte, novos objetos foram lançados, incluindo o cinetoscópio, criado por Thomas Edison, que permitia a exibição particular de curtas por meio de película de celulóide, e o cinematógrafo, projetado pelos irmão Lumière, possibilitando a gravação e projeção das imagens. O som começou a fazer parte das exibições na década de 1930.

Foi com as novas formas de captar e divulgar que as histórias foram mudando, dando espaço para narrativas e contos que despertavam a atenção do cinema, como Charles Chaplin, e as produções mais atuais da Disney ou da Marvel.

5 passos para criar um filme

Para dar vida aos personagens e ver na tela aquilo que está na imaginação, existem etapas que precisam ser construídas, levando em consideração o resultado.

Quer testar as habilidades como produtor, roteirista ou diretor? Então reúna a sua turma e viva a experiência de dirigir o seu próprio filme em cinco passos:

1. Pensando na ideia

O primeiro passo é mentalizar o tema, aquilo que será abordado. Seja pela proximidade com o assunto ou por ser uma temática que está em alta, tudo começa aqui — é o pensamento que vai direcionar produção, roteiro e edição.

2. Escrevendo o roteiro

Se você é fã de filmes, sabe que alguns clássicos ganham notoriedade pelo enredo e pelas falas entre os personagens. Este é o momento para criar o clímax e surpreender o telespectador.

3. Bora para a gravação?

Essa é a etapa que leva mais tempo e que deve ser muito bem planejada. Antes de ligar a câmera, é preciso ter em mente as cenas, os cenários e aquilo que será gravado. Mais do que o play, aqui também conta quem está no set, dando vida aos movimentos e ângulos.

4. Preparado para a edição?

É fato que a edição é um desafio e tanto, mas o processo fica mais fácil se você planejar as etapas seguintes. Com o material pronto, agora é seguir o roteiro, pensar nos efeitos e caprichar na sonorização.

5. Sala, pipoca e estreia 

Com tudo pronto, o próximo passo é reunir a galera e aproveitar a produção. Prepare a pipoca, coloque o celular no mudo e se arrume na cadeira porque o filme já vai começar!