‘Tem avisos’: especialista comenta ‘perfil comportamental’ de criminosos em SC após ataque

Pessoas ouvidas pela Polícia Civil durante as investigações sobre o ataque a creche em Blumenau, no dia 5 de abril, afirmaram que o autor do crime disse para amigos que “iria fazer algo grande”. A revelação é um dos sinais que um especialista em crimes cibernéticos afirma que é necessário ficar em alerta.

Creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, alvo de ataque que vitimou quatro crianças – Foto: Eduardo Valente/Secom/Divulgação/ND

Durante a entrevista coletiva para elucidar o inquérito policial, o coordenador da DIC (Divisão de Investigações Criminais) de Blumenau, delegado Ronnie Reis Esteves, destacou que pessoas próximas revelaram que ele já planejava a ação.

“Em um momento, ele se reuniu com colegas e falou sobre a machadinha, sobre a suposta perseguição do padrasto e disse que iria fazer algo grande, mas os amigos não deram sequência”, detalhou o delegado.

Wanderson Castilho, especialista em crimes digitais, alertou que essa atitude é reconhecida em autores de ataques como o ocorrido na creche Cantinho Bom Pastor.

“Os avisos, normalmente, são em redes sociais ou para amigos. Essas pessoas acabam falando para alguns parentes também, mas acabam não levando a sério”, explicou.

Por conta disso, Wanderson Castilho aponta que é fundamental sempre levar a sério possíveis ameaças e também comunicar a direção da escola e autoridades. Assim como registrar as informações com fotos, links e nome das pessoas envolvidas para reportar para a polícia.

Trabalho de prevenção

Ainda durante a entrevista coletiva, a psicóloga da Polícia Civil, Larissa Canali, responsável por auxiliar nas investigações, afirma que está sendo traçado o perfil psicológico do autor para auxiliar em ações de precaução.

“Estamos fazendo uma produção de conhecimento no sentido de traçar o perfil psicológico desses autos dos crimes e também uma análise das redes sociais para identificar condutas e comportamentos. Baseados nisso, poderíamos, no futuro, realizar em caráter preventivo a identificação de eventuais suspeitos de atos como esse”, explicou a psicóloga.

Em contato com a reportagem do Grupo ND, o delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, informou que deve se reunir com o setor de psicologia para alinhar os projetos preventivos.

Ainda durante as investigações, a CyberGAECO, força-tarefa especializada por integrantes do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), da Polícia Militar, Civil, Penal e do Bombeiros Militar, informou que também trabalha na identificação, por meio de uma rede ativa de monitoramento na internet, possíveis outros usuários que se utilizam de plataformas digitais para estimular, propagar ou planejar ataques desta natureza.

O ND+ não irá publicar os nomes do autor e das vítimas do ataque, assim como imagens explícitas do crime. A decisão editorial foi feita em respeito às famílias e ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), também para não compactuar com o protagonismo de criminosos.

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