‘Fala, Dona Ilka’: escola de Navegantes cria podcast com turmas do Ensino Fundamental

Quem já ouviu um podcast pronto pode não conseguir imaginar que, até o áudio entrar no ar, por trás tem muito trabalho. Prova disso são os oitavos anos da Escola Municipal Professora Ilka Muller de Mello, em Navegantes. A ideia surgiu em uma conversa entre o diretor Roberson Carlos Kölln e a agente de educação Luciana Deschamps.

Alunas, enfermeira e professor participam da gravação do primeiro podcast do “Fala, Dona Ilka”

Alunas, enfermeira e professor participam da gravação do primeiro podcast do “Fala, Dona Ilka” – Foto: Escola Municipal Professora Ilka Muller de Mello/Divulgação

Entretanto, do outro lado, os professores Denis Portela Pereira, de história, e Henrique Pitt, de geografia, já estavam cogitando o novo formato na unidade — eles são os responsáveis por organizar a turma e orientar as produções.

O podcast “Fala, Dona Ilka” também marca uma mudança de plataforma, já que no ano passado os alunos do nono ano mantinham um portal com notícias e novidades. “Surge com essa ideia de comunicação, trazer a comunicação para dentro da escola e daqui para fora também, o olhar deles, as preocupações sociais”, conta Henrique.

Mas se engana quem pensa que o podcast tem como único objetivo a divulgação. Na verdade, o aprendizado explorado está presente em todos os processos, desde a conferência de dados até a oralidade.

“Temos muitos alunos que se comunicam muito bem, muitas ideias, e às vezes ele está preso nesse universo da lição. Então vemos a necessidade de ter algo extra sala de aula para que eles possam aflorar isso”, comenta Denis.

E os frutos da abordagem acompanham o desenvolvimento, apresentando para a turma uma nova forma de fazer educação. “A gente quebra a ideia do ensino extremamente tradicional da lição, escreve no caderno, responde a pergunta. Não faz mais sentido. Não sei se algum dia fez sentido”, opina o professor de geografia.

A organização do podcast está sendo feita por alunos e professores. O grupo é responsável por pensar em temas, entrevistados e dados e separar as tarefas, sempre com o apoio dos educadores, mas a ideia é dar cada vez mais autonomia e protagonismo aos envolvidos.

Para o professor Denis, essa também é uma oportunidade de desenvolver a cidadania, o senso de pertencimento e trazer para o ambiente escolar assuntos que estão em alta.

De acordo com dados da Statista, uma plataforma de dados, passamos, em média, uma hora por dia conferindo as novidades do mundo do áudio, seja em busca de entretenimento ou informação.

Com a mudança no perfil e as novas possibilidades de comunicação, nada melhor do que inserir as alternativas na rotina escolar.

A primeira experiência

Para as alunas Isabella Paris, 13 anos, Elisabeth Pereira, 13, Isabelle Dias, 13, e Lívia Andrade, 13, o convite foi uma surpresa. Com a responsabilidade de dar início à primeira temporada do “Fala, Dona Ilka”, o quarteto recebeu uma missão: elencar as conquistas femininas e abordar a saúde das mulheres em uma entrevista com a enfermeira Ângela Horvath — temáticas pensadas para março, o mês da mulher.

E a troca de conhecimento já começou na primeira etapa, durante as buscas na internet. Com o objetivo de compreender a trajetória feminina na política, Isabella entendeu que a busca por direitos é algo antigo.

“Começamos a estudar mais e ver que foi uma conquista que demorou. As pessoas falam em 1932 como se a gente não tivesse lutado por um tempo enorme para conseguir essa conquista”, detalha a aluna.

Com o texto na cabeça, as perguntas em mãos e a entrevista confirmada, o nervosismo fez parte do processo, mas nada que fosse capaz de atrapalhar o quarteto.

“Eu vou ter que gravar. Estou aqui, já me empenhei, me esforcei tanto, as meninas também. Então acho que a gente foi e se jogou”, expõe Isabella.

Quando o assunto são as influências, Elisabeth preferiu a autenticidade. “Não foquei muito em me inspirar em outro podcast porque acho que tem que ser mais na hora.”

Próximos episódios

Nas produções futuras, a ideia é que a turma seja renovada, incluindo novos estudantes — ou produtores e apresentadores. Neste mês de abril, autismo e inclusão e bullying são temas que devem ser abordados no podcast.

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