‘Nunca me senti tão pronta’: Rosalin Kuiper compartilha expectativa para retorno na Ocean Race

No domingo (23), os velejadores da The Ocean Race partiram de Itajaí, Litoral Norte catarinense, para a próxima etapa da competição, que seguirá até Newport (EUA). Antes de embarcar, a equipe do ND+ teve a chance de conversar com a velejadora Rosalin Kuiper, momentos antes da largada da quarta perna. A atleta, co-capitã da equipe, compartilhou a expectativa para esse novo momento da regata, com outros desafios pela frente.

Velejadora se sente pronta para retorno à regata – Foto: Grazielle Guimarães/ND

“No momento eu me sinto muito bem. Nós nos despedimos do time de terra e eu mencionei para eles, eu nunca me senti tão relaxada antes de começar uma etapa como agora. O Brasil foi uma parada incrível, as pessoas são tão amigáveis, dispostas a ajudar, é um país incrível então a passagem por aqui foi muito boa”, comenta Rosalin.

Ela explica que o barco da equipe Malizia, da qual ela participa, chegou em Itajaí com poucos estragos. Por conta disso, para a equipe técnica também foi uma estadia tranquila. “Quando eles estão tranquilos, eles passam isso para a gente, e podemos focar em nos preparar para esta próxima etapa. Nunca me senti mais pronta do que agora”, detalha.

A próxima etapa será muito diferente da última no Oceano Antártico, em que os barcos cruzaram os mares do Sul da África até Itajaí. Os ventos serão mais leves, e o clima mais quente. As equipes passarão pelos Doldrums, áreas próximas a linha do Equador de pouquíssimos ventos, o que dificulta a navegação dos veleiros.

Rosalin Kuiper, co-capitã da Malizia, participa do desfile dos velejadores – Foto: Bruno Golembiewski/ND

“Nós ainda não navegamos muito contra o vento com essa nova ‘foil’. Desde Alicante nós tivemos diferentes ‘foils’, e não a testamos ainda nestas condições. Para todos é uma oportunidade de encontrar o potencial outra vez do barco nestas condições, nós sabemos que podemos ser rápidos com ventos a favor, mas com ventos contrários, ventos fracos, com essas novas ‘foils’, ainda não sabemos”, explica a velejadora.

As “foils” são estruturas nos barcos que permitem fazer com o que os novos veleiros IMOCA 60, usados na competição, “flutuem” sobre a água, alcançando maiores velocidade.

Durante a terceira etapa, Rosalin sofreu uma concussão enquanto dormia. O veleiro foi atingido por uma onda grande, o que fez com que ela batesse a cabeça. Ao chegar em Itajaí, Rosalin pegou um voo de volta para a Holanda para poder se recuperar e passar um tempo com sua família.

A co-capitã da equipe Malizia, Rosalin Kuiper, Sofreu um ferimento na cabeça depois de uma grande onda atingir o barco. – Foto: Team Malizia/Reprodução/ND

“Eu estava bastante feliz em ter a possibilidade de voar para casa. Eu estive em uma ilha por dez dias, realmente consegui descansar. Quando você está velejando, você está em um modo de sobrevivência, e quando você deita na sua cama você percebe o quão cansado você está. Especialmente com a concussão, eu dormi muito nos sete primeiros dias, e agora estou completamente recuperada, eu tenho muita energia novamente”, relembra a atleta.

Rosalin é também a única mulher da equipe, e veleja nesta etapa junto com Will Harris, Nicolas Nunven, Christopher Pratt e o repórter a bordo, Antoine Auriol. Contudo, ela diz que “não se sente uma garota”, e sim mais uma integrante da equipe.

“Eu estou muito feliz de fazer parte deste time. Eu nunca me senti uma garota nessa equipe. Em comparação com outros projetos de vela, eu só me sinto parte da tripulação. É claro que, em geral, eu espero ver mais meninas no esporte. Ainda é uma área dominada pelos homens. Eu espero que nos próximos anos veremos mais e mais garotas, mas eu me senti uma garota no barco. Sou muito respeitada pelos rapazes, é um grupo de pessoas muito legal. Todos são muito tolerantes, não tem ‘testosterona’ demais no nosso barco”, brinca Rosalin.

“Eu me sinto muito parte do time e muito feliz em velejar com esses caras”, finaliza.

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