Pesquisadora cria atlas escolares de Joaçaba em conjunto com estudantes e professores

Atlas de Joaçaba foram entregues às escolas no início do ano letivo. Foto: Arquivo pessoal

Com o pensamento de que “a ciência tem que servir para alguém”, a pesquisadora Gabriela Geron desenvolveu atlas escolares da cidade de Joaçaba em conjunto com 48 educadores e 800 alunos de Ensino Fundamental. Construído de forma colaborativa, o projeto contempla mapas da cidade e dos bairros e fez parte da pesquisa de doutorado de Gabriela, realizada no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob orientação da professora Rosemy da Silva Nascimento. No início deste ano letivo, foram distribuídas 25 cópias do Atlas Escolar Municipal e um mapa dos bairros para cada escola do município, em uma parceria com a Prefeitura de Joaçaba. 

O projeto começou em 2018, após Gabriela, que é professora de Geografia na rede municipal de Joaçaba, perceber a dificuldade em encontrar materiais didáticos relacionados ao município em que trabalha e antes mesmo de ter uma lei para delimitar os bairros da cidade  criada somente em 2019. “A gente só recebe livros didáticos feitos por outras pessoas. Ninguém conversa com os professores sobre quais são as necessidades que têm em sala de aula. Então o diferencial do projeto é a participação dos professores em todos os momentos”, explica.

Entre as dificuldades enfrentadas, estavam a diferenciação entre bairros e loteamentos, uma vez que muitos loteamentos eram considerados bairros pela população, mas não perante a lei. Assim, Gabriela fez um mapa de bairros e outro de loteamentos, para explicar que os loteamentos estão dentro dos bairros. Alguns alunos também não se reconheceram no mapa, pois moravam em lugares que estão em processo de regulamentação.

Por isso, as professoras propuseram que os próprios alunos desenhassem o mapa. “Ninguém precisa explicar para um aluno de sete anos que o local onde ele mora não existe perante a lei, porque eles nem entendem, mas a alternativa foi criar um mapa dos bairros deles. Eles sentaram e desenharam o que tinha no bairro deles para se sentirem também pertencentes”, comenta Gabriela. 

O feedback dos alunos e dos docentes foi bem positivo. A pesquisadora comenta que algumas das professoras até pulavam esse conteúdo, pois não tinham o conhecimento e os materiais adequados. Mas, depois do projeto, aprenderam e reconheceram a importância dessa matéria ser lecionada. Os estudantes também aprovaram. “Uma aluna disse para a professora: ‘fale bem devagar, pois vou anotar tudo, porque você está falando sobre o lugar em que nasci e cresci. Quando eu tiver filhos e netos eu quero contar para eles.’”

 

Leticia Schlemper/Estagiária de Jornalismo da Agecom/UFSC




Adicionar aos favoritos o Link permanente.