Obra pretende revitalizar e desassorear rio do Brás, em Florianópolis

Com foco na revitalização do rio do Brás, em Canasvieiras, a Prefeitura de Florianópolis deu início ao desassoreamento da área. Com equipamentos que estão retirando os resíduos do fundo e das margens, a obra faz parte do projeto que prevê devolver à região a qualidade da água e a renovação do espaço. Iniciada na última segunda-feira (2) e com tempo de finalização estimado em seis meses, o foco é reduzir os alagamentos em tempos de chuva.

Rio do Brás fica próximo de um dos acessos à Praia de Canasvieiras - Foto: Germano Rorato/ND

Rio do Brás fica próximo de um dos acessos à Praia de Canasvieiras – Foto: Germano Rorato/ND

Obras no Rio do Brás

Além da limpeza, o projeto contempla a instalação de três aeradores, equipamentos que devem contribuir com a eliminação de detritos. Esta é uma demanda antiga de especialistas e moradores, que vivenciaram as diversas ocorrências na região, incluindo o extravasamento do rio para o mar, os alagamentos e até mesmo o mau cheiro.

No caso do corretor César Luiz Strack, que mora no lugar há seis anos, existe uma lembrança marcante, quando a casa foi invadida pela elevação das águas, em 2022. “Há dois anos deu aquela enxurrada que, inclusive, levou a quadra de futebol. Daquela vez invadiu a rua, tapou tudo e a água entrou.”

Para o presidente do Instituto SOS Rio do Brás, José Luiz Sardá, que lembra como era o local antes da degradação ambiental, outras medidas são essenciais para reconstruir o ecossistema, que sofre com o descarte irregular de esgoto.

“O que a prefeitura está fazendo vem ao nosso encontro, é importante, mas tem muito para fazer. A solução é uma questão de macrodrenagem, já que temos o problema de alagamentos”, destaca.

O engenheiro agrônomo da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Marcelo Venturi, pontua que o desassoreamento pode trazer pontos positivos, como a recuperação temporária do fluxo e a eliminação de esgotos e poluentes.

Entretanto, o ponto negativo está no aumento de contaminantes que podem chegar à praia. “Nesse caso, possivelmente, será retirada a areia e entulhos do fundo do rio, possibilitando que segure menos a poluição dos esgotos irregulares e transborde menos em momentos de muita chuva”, menciona o profissional.

A durabilidade do desassoreamento depende do cumprimento de leis que incluem a fiscalização e a proibição de esgotos irregulares e desflorestamento, além da criação de parques, de acordo com Venturi. “No caso de rios que desembocam no mar, como o rio do Brás, esses poluentes que ficariam retidos podem chegar mais cedo, aumentando a poluição da praia em momentos chuvosos”.

Trabalhos de desassoreamento da área contam com uso de equipamentos pesados - Foto: Germano Rorato/ND

Trabalhos de desassoreamento da área contam com uso de equipamentos pesados – Foto: Germano Rorato/ND

O secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Eduardo Sardá, declara que o projeto pretende recuperar o local que, por muitos anos, foi associado à poluição. “A iniciativa visa requalificar o espaço em diversos aspectos, com destaque especial para a recuperação ambiental e benefícios para toda a população que mora no entorno”.

De acordo com a prefeitura, serão retirados 5.800 m³ de sedimentos, total que deve chegar a 415 caminhões cheios — os detritos estão sendo levados para um aterro no Sapiens Parque.

Nos últimos cinco anos, foram realizadas sete ações de limpeza na superfície do leito com a remoção de macroalgas e resíduos, conforme a secretaria. Quando questionada sobre os valores gastos e quantidades coletadas, a pasta disse não ter dados a respeito.

Os quase 6 mil metros cúbicos de sedimentos retirados do rio do Brás serão levados para um aterro no Sapiens Parque - Foto: Germano Rorato/ND

Os quase 6 mil metros cúbicos de sedimentos retirados do rio do Brás serão levados para um aterro no Sapiens Parque – Foto: Germano Rorato/ND

Prefeitura vai construir deck com quiosques, bicicletários e bancos

A criação de uma nova área de lazer também está prevista no plano. Construída na margem que acompanha a rua Murilo Antônio Bortoluzzi, entre a ponte do rio do Brás e a orla da praia de Canasvieiras, será construído um deck com quiosques comerciais, bicicletários e bancos.

As mudanças estão sendo celebradas pelos moradores, como o comerciante Elio Gonçalves da Luz. “O importante é a despoluição e também aproximar um pouco o turismo. É um atrativo a mais para as pessoas, para quem mora e para as pessoas que vêm nos visitar.”

O engenheiro Marcelo Venturi destaca que outras medidas podem evitar a necessidade do desassoreamento com frequência, como a obrigatoriedade do armazenamento das águas de chuvas. “É perfeitamente viável e pouparia muita água da Casan em temporada, pois se usaria para descarga, limpeza dos espaços e para rega dos jardins, por exemplo”, diz o especialista.

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