Conheça 3 tradições religiosas que seguem em alta em Florianópolis

Que Florianópolis é uma cidade plural, com uma cultura efervescente, a gente sabe. Mas quando se trata de cultura, o tema pode ser ainda mais amplo. Além da produção artística como música, teatro, artes plásticas, existe um leque imenso de costumes trazidos por quem viveu ou mora por aqui.

Todas estas formas de expressões e manifestações ajudaram a construir a cultura, a identidade da cidade. Nesta semana, o Floripa 350 mergulhou em algumas tradições religiosas da Capital. Quem contou esta história foi o jornalista da NDTV RecordTV Marcelo Cabral, o Mancha.

As tradições religiosas fazem parte da cultura de Florianópolis e estão espalhadas pelos quatros cantos da Ilha e Continente – Foto: Reprodução/NDTV RecordTV/ND

Para entender mais sobre estes costumes, Mancha conversou com a escritora socióloga e professora, Lélia Pereira Nunes, e com pessoas da Ilha que ajudam a perpetuar partes da tradição religiosa.

Ele aprendeu mais sobre a Procissão Senhor do Passos, o Pão-por-Deus e passou por uma experiência única ao ser abençoado por uma das benzedeiras mais jovens da Capital.

Confira a reportagem:

Procissão Senhor dos Passos

Esta é uma das tradições católicas mais antigas de Florianópolis e acontece sempre 15 dias antes da Páscoa. A última edição foi em março deste ano e reuniu cerca de 55 mil mil fiéis, segundo a Polícia Militar.

De acordo com a escritora, socióloga e professora, Lélia Pereira Nunes, curadora do projeto Floripa 350, a primeira procissão teria ocorrido há mais de 257 anos.

A última edição da Procissão Senhor dos Passos foi em março deste ano e reuniu cerca de 55 mil fiéis – Foto: Divulgação/ND

Pão-por-Deus

Foi uma família do bairro Ratones que recebeu a equipe do projeto Floripa 350 para contar mais sobre outra importante tradição religiosa de Florianópolis, o Pão-por-Deus. De origem açoriana, o costume é celebrado sempre no dia 1º de novembro.

O Pão-por-Deus é um cartão, geralmente em formato de coração, com um versinho fazendo um pedido – Foto: Reprodução/NDTV RecordTV

A tradição consiste na confecção de uma espécie de cartão, feito à mão, geralmente em formato de coração. O papel muito bem decorado, sempre conta com pedido, um versinho e desenhos como flores.

“No Dia do Pão-por-Deus, a gente pega estes cartões e distribui para os amigos, parentes, pela vizinhança”, diz a rendeira e poetisa, Nivalda Duarte. Ela herdou dos pais o gosto pela data e faz questão de passar o rito aos filhos.

“Antigamente era tudo feito a luz de querosene. Quando chegava perto do dia 1º de novembro, as pessoas tiravam um tempo para fazer os cartões. O processo era ainda mais artesanal. Agora já tem tesoura especial que nos ajuda a recortar os corações de forma mais fácil, mas o empenho, a dedicação e a criatividade são os mesmos”, explica a artesã.

Nivalda Duarte herdou a tradição religiosa dos pais e está transmitindo a cultura aos filhos – Foto: Reprodução/NDTV RecordTV

Nivalda finaliza explicando que a pessoa que recebe o Pão-por-Deus deve retribuir com a resposta até o Natal, enviando um agrado a quem lhe fez o pedido.

As benzedeiras da Capital

Se você é um manezinho raiz, como dizem por aí, provavelmente já deve ter ido a uma benzedeira. Sim, aquelas senhoras, geralmente mais experientes, que com sua humildade, fé e vocação fazem orações para buscar paz, tranquilidade e até a cura de algum problema.

Florianópolis também tem tradição nesse tipo de cultura religiosa. As benzedeiras estão espalhadas pela Ilha e Continente. São dezenas delas, algumas foram até catalogadas por um estudo recente de cientistas sociais da empresa Espaço Arqueologia. O processo foi viabilizado por meio do edital Elisabeth Anderle de incentivo à cultura.

Para as próprias benzedeiras, benzer é bendizer, dizer o bem. É um dom que não se aprende nem se pode passar adiante.

A psicóloga Camila Gomes é uma das benzedeiras mais jovens da Capital – Foto: Reprodução/NDTV RecordTV

Foi em uma gruta do Canto dos Araçás que a equipe do Floripa 350 conheceu uma das mais novas benzedeiras da Capital, Camila Gomes. “Eu entendo como um legado da contemporaneidade. Este autoconhecimento, este ajuste da espiritualidade, esta força que nos anima pode estar à serviço do outro, enquanto benzedeira”, avalia.

Além do benzimento tradicional, Camila inovou e faz o ritual também à distância. É a tecnologia a serviço da fé.

“A energia é invisível e nos conecta. Existe um campo eletromagnético em torno de nós. Não é porque eu não a enxergo que ela não existe. Toda vez que conecto meu campo e ativo ao de outra pessoa é como se o cordão energético se formasse e a benção chega ao destino. Mas para isso é preciso ter fé. Fé do lado de quem manda e de quem recebe”, reforça Camila, que também é psicóloga.

Floripa 350

O projeto Floripa 350 é uma iniciativa do Grupo ND em comemoração ao aniversário de 350 anos de Florianópolis. Ao longo de dez meses, reportagens especiais sobre a cultura, o desenvolvimento e personalidades da cidade serão publicadas e exibidas no jornal ND, no portal ND+ e na NDTV RecordTV.

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