Promotor Gakiya detalha como serviço de inteligência salvou a vida de Sérgio Moro

O coordenador do Conselho de Segurança Institucional e Núcleo de Inteligência do Poder Judiciário de Santa Catarina (PJSC), desembargador Sidney Eloy Dalabrida, apresentou o promotor para os 400 participantes do evento, de 73 diferentes tribunais. Lincoln Gakiya abordou o tema: “PCC – Primeiro Comando da Capital – Origens, Desenvolvimento e Transformação da Facção em Organização Criminosa Transnacional do Tipo Mafiosa”.

Segundo o promotor, o PCC foi criado em 1993. Ele revelou que, quando começou a trabalhar em uma pequena cidade paulista com 20 mil habitantes, havia uma sessão do Tribunal do Júri por semana – isso por conta de uma unidade do sistema prisional na comarca, onde os presos cometiam assassinatos dentro da penitenciária. A mistura de presos que cometeram diferentes crimes fez o PCC ter contato com a máfia italiana.

“O PCC evolui rapidamente. Começou oferecendo advogados e ônibus aos familiares de presos da facção. Depois passou a lucrar muito enviando cocaína para a Europa e passou a ter um serviço de inteligência. Em 2003, por exemplo, organizaram durante um mês o assassinato do juiz Antônio José Machado Dias, que morreu a poucas quadras do fórum. Um dos assassinos colocou terno e gravata e foi até o encontro do magistrado para ter o contato visual. Enquanto o Judiciário não tinha ‘inteligência’, a organização criminosa estava muito bem estruturada”, pontuou.

Em São Paulo, 75% dos presos no sistema prisional pertencem ao PCC. De acordo com o promotor, grande parte dos crimes denominados como “novo cangaço”, que ataca agências bancárias em pequenas cidades, tem a participação dessa facção. O promotor destacou o ataque ao Banco do Brasil em Criciúma e à Prossegur no Paraguai.

Para combater essa organização, um organograma do PCC foi elaborado após mais de um ano de investigação. “A organização é dividida em vários segmentos e uns não têm contato com os outros. Isso dificulta muito a investigação. Por conta disso, levamos mais de um ano de investigação para chegar ao Marcola”, explicou.

O promotor de justiça também falou sobre a escolha de enfrentar a organização criminosa mais poderosa do país. “Hoje, eu pago pelas minhas escolhas. Eu consultei a minha família, e acho que fiz a escolha correta. Eu tenho consciência que prejudiquei a minha vida e a da minha família. Meus familiares desistem de viagens, com medo de serem roubados e reconhecidos. Já disseram para mim que ‘isso não tem perdão’, porque estou jurado de morte. Atualmente, em função do meu nível de segurança, eles planejam um ataque de drone. Por isso, há a necessidade de investir em inteligência”, destacou.

Antes de encerrar a palestra, o promotor contou sobre os planos da facção para libertar Marcola e as ações tomadas pelo governo brasileiro. O mesmo aconteceu com a investigação que identificou o plano contra o ex-juiz federal e senador Sérgio Moro e seus familiares. “A investigação por meio de inteligência salvou a vida do senador Moro. A família dele estava sendo investigada pelo PCC desde agosto de 2022, e ele não tinha escolta. Mas só conseguimos saber do plano de matar o Moro e seus familiares com a quebra do sigilo telemático. A inteligência é algo que ninguém vê, mas que salva a vida de pessoas”, completou. O promotor foi homenageado ao final de sua explanação.

Imagens: Divulgação/TJSC
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI
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