Um dos operadores do Direito mais ameaçados de morte no país é o promotor de justiça Lincoln Gakiya, do Ministério Público do Estado de São Paulo, que nesta sexta-feira (14/4) participou do V Encontro Nacional de Inteligência do Poder Judiciário. Durante a palestra, ele revelou como uma ação de inteligência salvou a vida do ex-juiz federal e atual senador Sérgio Moro. Promovido pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), por meio da Academia Judicial e do NIS (Núcleo de Inteligência e Segurança Institucional), o evento acontece no Costão do Santinho Resort, em Florianópolis.
O coordenador do Conselho de Segurança Institucional e Núcleo de Inteligência do Poder Judiciário de Santa Catarina (PJSC), desembargador Sidney Eloy Dalabrida, apresentou o promotor para os 400 participantes do evento, de 73 diferentes tribunais. Lincoln Gakiya abordou o tema: “PCC – Primeiro Comando da Capital – Origens, Desenvolvimento e Transformação da Facção em Organização Criminosa Transnacional do Tipo Mafiosa”.

“O PCC evolui rapidamente. Começou oferecendo advogados e ônibus aos familiares de presos da facção. Depois passou a lucrar muito enviando cocaína para a Europa e passou a ter um serviço de inteligência. Em 2003, por exemplo, organizaram durante um mês o assassinato do juiz Antônio José Machado Dias, que morreu a poucas quadras do fórum. Um dos assassinos colocou terno e gravata e foi até o encontro do magistrado para ter o contato visual. Enquanto o Judiciário não tinha ‘inteligência’, a organização criminosa estava muito bem estruturada”, pontuou.
Em São Paulo, 75% dos presos no sistema prisional pertencem ao PCC. De acordo com o promotor, grande parte dos crimes denominados como “novo cangaço”, que ataca agências bancárias em pequenas cidades, tem a participação dessa facção. O promotor destacou o ataque ao Banco do Brasil em Criciúma e à Prossegur no Paraguai.
Para combater essa organização, um organograma do PCC foi elaborado após mais de um ano de investigação. “A organização é dividida em vários segmentos e uns não têm contato com os outros. Isso dificulta muito a investigação. Por conta disso, levamos mais de um ano de investigação para chegar ao Marcola”, explicou.

Antes de encerrar a palestra, o promotor contou sobre os planos da facção para libertar Marcola e as ações tomadas pelo governo brasileiro. O mesmo aconteceu com a investigação que identificou o plano contra o ex-juiz federal e senador Sérgio Moro e seus familiares. “A investigação por meio de inteligência salvou a vida do senador Moro. A família dele estava sendo investigada pelo PCC desde agosto de 2022, e ele não tinha escolta. Mas só conseguimos saber do plano de matar o Moro e seus familiares com a quebra do sigilo telemático. A inteligência é algo que ninguém vê, mas que salva a vida de pessoas”, completou. O promotor foi homenageado ao final de sua explanação.
Conteúdo: Assessoria de Imprensa/NCI