Funcionários de beach clubs voltam a protestar contra suspensão de estabelecimentos na Capital

Funcionários dos cinco beach clubs de Jurerê Internacional, em Florianópolis, se reuniram novamente em frente à Justiça Federal, na Beira Mar Norte, nesta segunda-feira (17). Eles protestaram contra a suspensão dos alvarás dos estabelecimentos, que já não funcionam há uma semana.

Acqua, Ammo, Café de La Musique, Donna e 300 Cosmo foram os cinco beach clubs afetados pela decisão – Foto: Valeska Loureiro/ND

Em decisão na última terça-feira (11), a desembargadora Vânia Hack Almeida, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), determinou a imediata suspensão dos alvarás do Acqua, Ammo, Café de La Musique, Donna e 300 Cosmo.

Com isso, volta a valer o despacho do juiz Marcelo Krás Borges, da 6ª Vara Federal de Florianópolis, que havia sido suspenso em regime de plantão, pela desembargadora Cláudia Cristina Cristofani, no dia 6 de abril. Na época, a magistrada tinha acatado o pedido da Prefeitura de Florianópolis e cassou a suspensão dos alvarás e a interdição dos estabelecimentos.

O juiz Marcelo Krás Borges, da 6ª Vara Federal de Florianópolis, foi procurado para falar sobre o caso mas informou que “não irá comentar o assunto”.

“Nós conseguimos reabrir no final de semana da Páscoa. E logo na terça-feira, fomos surpreendidos novamente com mais uma sentença de uma outra desembargadora solicitando a suspensão dos nossos alvarás. Agora estamos nessa balança, né? Se vai, não vai, como fica e o que fazer”, relata o gerente do Acqua Plage, Fabiano Felício, presente na manifestação.

O gerente explicou que o processo tramita na Justiça desde 2005. “Primeiro foi por causa do volume do som. Depois passou a se tratar de uma questão de ampliação irregular dos beach clubs. Em seguida, foi feito um acordo judicial para a redução dos espaços e foi tudo demolido para voltar ao que era em 2005”, conta Felício.

Esse acordo foi realizado, inicialmente no dia 29 de março de 2022, em uma audiência de conciliação na Justiça Federal em Florianópolis. Participaram representantes do Ministério Público Federal, da AJIN (Associação de Moradores de Jurerê Internacional), dos beach clubs, da Ciacoi (proprietária do imóvel), Ibama, União e Município de Florianópolis.

Decisão afeta empregos e insumos, diz gerente

Conforme Felício, vai fazer uma semana que os estabelecimentos foram fechados novamente, prejudicando a qualidade dos produtos que foram adquiridos com a “esperança” de que os locais voltassem a funcionar. “A casa está cheia de produtos e nós estamos querendo comercializar. São perdas significativas. hortifrúti, laticínios que estão estragando… Isso de primeiro momento. Sem falar dos empregos que estão sendo afetados. É prejuízo em cima de prejuízo”, assume.

Segundo o proprietário do 300 Cosmo, Tiago Escher, alguns funcionários já começaram a ser demitidos, mas é um processo difícil e que leva algum tempo devido a todas as indenizações e questões trabalhistas. “A gente precisa fazer um movimento. Os funcionários questionam, estão revoltados, assim como a gente. É difícil colocar em palavras tudo o que está acontecendo”, explica Escher. “São pessoas que a gente gosta, tem carinho também”.

Para o gerente do Acqua, o sentimento é de indignação. “Eu acredito que agora estamos prorrogando os nossos empregos. Não vamos ter muito mais tempo para mantê-los, então é inevitável que vamos acabar sendo demitidos. Sem falar que aqueles beach clubs vão virar lugares abandonados e Jurerê Internacional vai virar uma praia particular”, admite.

“Estamos de luto”, relatam funcionários

Na manifestação, trabalhadores e familiares vestiam preto em representação de luto pela possível perda dos mais de 400 empregos diretos, além de outras pessoas afetadas pela decisão. Diferentemente da primeira manifestação – que havia apitos e gritos em massa pedindo pelo direito de trabalhar novamente – os funcionários estavam quietos.

“Só queremos que eles vejam que têm muitos trabalhadores sem fazer nada, na rua. Os beach clubs estão fechados e só escutamos que, se continuar assim, vamos ser demitidos. E aí, vão ser mais pessoas desempregadas no nosso país”, afirma Jaqueline Carvalho, maître no 300 Cosmo. “O medo é constante”, expõe.

Além de funcionários, familiares também estiveram presentes na manifestação. Segundo Grasiela dos Santos, a “união faz a força”. Ela estava com filha Maria Luiza, de 1 ano, apoiando o marido, Everton Silva, e todas as outras pessoas afetadas pelo fechamento dos beach clubs. “Eu não trabalho e o meu marido é a principal renda da família. Então é bem preocupante porque temos conta para pagar. E o pessoal quer trabalhar, né? Muita gente depende desses trabalhos.”

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