Dia da Educação: quais são as percepções de quem está em sala de aula?

Pensar no ensino sem lembrar daqueles que estão à frente da sala de aula é uma tarefa desafiadora. Para celebrar o Dia da Educação, nada melhor do que falar do assunto a partir do ponto dos professores, daqueles que estão à frente das turmas.

Crianças e profissionais desfrutam de mais uma vivência infantil, uma das cenas que descreve o Dia da Educação

Crianças e profissionais desfrutam de mais uma vivência infantil, uma das cenas que descreve o Dia da Educação – Foto: Lilian Gomes Ribeiro/Divulgação

Descobertas da adolescência

A proximidade com a futura profissão pode surgir de formas inesperadas, como no caso da professora da Educação Infantil Lilian Gomes Ribeiro. O primeiro contato foi quando a profissional orientava os colegas na escola bíblica dominical. Por mais que o foco fosse outro, foi ali que o despertar pelas crianças começou a aparecer.

Passando pela fase das descobertas, Lilian trocou de Estado até chegar em Navegantes, local em que ingressou em uma instituição de ensino superior.

“Como a semente do amor pela educação já estava em mim, optei por cursar pedagogia. Ainda durante o curso tive a oportunidade de trabalhar como monitora de Educação Infantil, sendo auxiliar das professoras. Nessa época, eu pude vivenciar a educação indo além da teoria do curso de pedagogia, o que fez crescer o meu desejo em estar ali naquela função, de professora regente de sala”, conta a educadora.

Mesmo que o desejo tenha aparecido cedo, muitos professores serviram de inspiração para estar em sala de aula, desde aqueles que ensinavam de forma mais tranquila até os docentes da graduação.

Ao finalizar a formação, a professora decidiu tentar o concurso para atuar em Navegantes, sendo efetivada em 2014 no CMEI Bruce Cranston Kay — está lá desde a fundação da unidade.

Para lidar com os desafios, a professora conta com especializações e formações continuadas, além de manter o foco em pedagogias participativas (inspirações nas abordagens de Reggio Emília e Pikler). Quando o assunto são as lembranças, existe uma cena que não sai da cabeça.

“Um dos momentos marcantes para mim é quando as crianças relatam às suas famílias com alegria e entusiasmo as vivências proporcionadas e também quando essas vivências  se estendem em suas memórias e ao encontrar, por exemplo, um ex-aluno após anos ele ainda se lembrar e me relatar com alegria as experiências vivenciadas.”

Quando o assunto é resumir o Dia da Educação em uma frase, o foco é olhar para aqueles que vão construir o futuro. “Falando da Educação Infantil com o olhar das pedagogias participativas, onde a criança deixou de ser uma folha em branco em que um adulto irá direcionar o seu aprendizado, mas a pedagogia em que a criança é protagonista do seu saber”, comenta a professora.

Resgatar as brincadeiras e as “coisas de criança” também é um desejo de Lílian. “Este resgate da infância, da educação das infâncias se estende para muito além dos muros da escola e necessita sim iniciar no seio familiar com famílias comprometidas com a educação”, finaliza a educadora.

Mais um retrato que simboliza o Dia da Educação, com alunos e professores reunidos

Mais um retrato que simboliza o Dia da Educação, com alunos e professores reunidos – Foto: Daniela Antunes Figueredo Miranda/Divulgação

Profissão compartilhada

Existe uma história que costuma se repetir em alguns núcleos familiares: o amor compartilhado por uma mesma profissão. Em Florianópolis, existem alguns professores que são símbolo desse exemplo e do Dia da Educação.

Daniela Antunes Figueredo Miranda, diretora da Escola Básica Municipal João Alfredo Rohr, e Mário Sérgio Figueredo, diretor da Escola Básica Municipal Dilma Lucia Santos, fazem parte de uma família que está há quase quatro décadas no ensino.

Os irmãos, que ocupam o mesmo cargo, vivenciam experiências com outros familiares que seguiram os mesmos passos, como a esposa e a filha de Mário. Para Daniela, o primeiro olhar de admiração foi na infância, fascinada com as professoras — uma prática comum era chegar em casa e tentar recriar aquilo que tinha sido apresentado durante a aula.

E as aulas já começaram desde cedo, para os amigos do condomínio. “Minha família sempre investiu muito em educação, sempre falaram que não mediam esforços desde que fosse para estudar”, acrescenta a professora.

Mesmo com a aptidão desde cedo e o primeiro vestibular para pedagogia, Daniela se aventurou no mundo da engenharia ambiental, mas não conseguiu finalizar o curso. O desejo era de ser professora.

O primeiro desafio profissional foi na EJA (Educação de Jovens e Adultos) e a proximidade com a escola começou em 2015, com a aprovação no concurso. “Sou apaixonada pela educação, acredito que só a educação transforma mesmo e que o conhecimento nunca é demais e é aquilo que nunca será tirado de nós”, completa a profissional.

No caso do irmão, Mário, a dúvida também fez parte da escolha, mas o desejo de ensinar falou mais alto. “A minha aproximação com a educação é desde pequeno, meu pai foi professor de Contabilidade e minha mãe professora de Geografia, a educação sempre esteve presente em nosso lar”, conta o diretor.

Por mais que a primeira tentativa tenha sido em engenharia civil, o desejo de lecionar ficou evidente quando o desafio, aos 17 anos, era ensinar outras pessoas na faculdade.

“Em sala de aula já tive muitos momentos marcantes, mas um que me emocionou foi quando recém comecei a dar aula e os estudantes fizeram uma homenagem no Dia do Professor, ainda não tinha noção do carinho que os estudantes tinham por mim”, conta o docente.

Para quem está no comando de uma escola ou até mesmo de uma sala, educar ganha um outro significado. “Educação é socializar, é despertar curiosidades, é solucionar problemas, é desenvolver habilidades, é criar conceitos. (…) Educação é a capacidade de potencializar os saberes”, sintetiza Mário.

Alunos e professores reunidos para mais uma competição, símbolo do Dia da Educação

Alunos e professores reunidos para mais uma competição, símbolo do Dia da Educação  – Foto: Gilmara dos Santos/Divulgação

Destaque no pódio

Em Joinville, o amor pela educação fica evidente para os alunos que participam das aulas no espaço maker das escolas. Isso porque a professora Gilmara dos Santos leva para os encontros o desejo de ensinar e a vontade de superar desafios.

“Venho de uma família de educadoras e, no segundo ano do Ensino Médio, tive a oportunidade de dar aulas de reforço escolar para os alunos do primeiro ano do Ensino Fundamental. Essa experiência concretizou uma vontade de ser professora e ensinar”, conta a docente.

Além do desejo pela educação, a proximidade com a tecnologia faz a diferença na hora de conquistar o pódio. Em março deste ano, por exemplo, a professora recebeu duas premiações com os anos iniciais da Rede Municipal. Além da conquista em grupo, o marco foi algo pessoal — este foi o terceiro ano consecutivo com premiação.

“Depois de 15 anos, passando pela Educação Infantil e Ensino Fundamental, surgiu a oportunidade de ser professora da sala de informática, que atualmente se transformou em espaço maker. Foi então minha realização profissional, pois pude juntar dois amores: a educação e a tecnologia. Hoje, sou professora do espaço maker e ensino robótica, programação, eletrônica básica atrelados a abordagem STEAM”, conta Gilmara.

Origem do Dia da Educação

Por mais que a aprendizagem faça parte do desenvolvimento, o Dia da Educação é uma marca para incentivar as novas práticas no ensino. A data foi criada em 2000, em Dakar, durante o Fórum Mundial de Educação.

O marco registrou o momento em que lideres de 164 países, incluindo o Brasil, comprometeram-se com a educação, levando em consideração todos os aspectos fundamentais para a pratica, desde o acesso até a alfabetização.

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