‘Assustador’, diz atleta que utiliza a passarela da Pedro Ivo Campos até 4 vezes ao dia

Ato de muita coragem, sobretudo à noite, a passarela da ponte Pedro Ivo Campos pode estar longe das suas melhores condições, mas cumpre função vital na mobilidade de ciclistas e pedestres entre a Ilha de Santa Catarina e o continente.

Atleta do Clube Náutico Riachuelo, em Florianópolis - Diogo de Souza/ND
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Atleta do Clube Náutico Riachuelo, em Florianópolis – Diogo de Souza/ND

Jovem Jair David é natural da Venezuela e mora em Florianópolis há cinco anos - Diogo de Souza/ND
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Jovem Jair David é natural da Venezuela e mora em Florianópolis há cinco anos – Diogo de Souza/ND

Jair David, atleta do Clube Náutico Riachuelo - Diogo de Souza/ND
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Jair David, atleta do Clube Náutico Riachuelo – Diogo de Souza/ND

Às escuras desde que a fiação foi furtada e depredada na ponte Pedro Ivo Campos, a passarela anexa a estrutura é útil e conta com uma visão privilegiada de uma parte da ilha.

“Dá medo, sim, mas eu preciso usar a estrutura”, diz Jair David

No entanto só para quem passa durante o dia já que, a noite, o clima é aterrorizante. Para Jair David Guarimata Itriago, 15 anos, natural da Venezuela e atleta do Clube Náutico Riachuelo, na capital, passa pelo local até quatro vezes por dia.

Ele assegura que nunca teve nenhum problema, mas admite que sente medo e insegurança no local.

“É bem assustador, as vezes dá um medo, mas não tem outro jeito. Já passei tipo às 4h da manhã, às 5h. Dá medo, sim, mas eu preciso usar a estrutura”, explicou o jovem que é morador do bairro do Estreito e está na capital de Santa Catarina há cinco anos.

MPSC pede explicações

O colunista do Grupo ND Fábio Gadotti trouxe em sua coluna da última sexta-feira (28), a informação de que o MPSC (Ministério Público de Santa Catarin) instaurou um procedimento para analisar a situação estrutural e falta de segurança nas pontes Pedro Ivo Campos e Colombo Salles.

A medida foi tomada depois que o ND+ trouxe um material acerca da situação aterrorizante da passarela, sobretudo, à noite.

O MPSC, por meio da 30ª promotoria da capital, ainda agendou algumas visitas para o local, na próxima quinta-feira (4), também no turno da noite, sugere a implantação de guaritas de segurança, no local.

>>> veja fotos da passarela sob a ponte Pedro Ivo Campos

É importante lembrar, ainda, que o local foi entregue após restauração em dezembro de 2021. Apesar de se tratar de um problema crônico das grandes – e pequenas – cidades, o entendimento das autoridades é que é preciso fazer alguma coisa, tanto para coibir o furto e destruição do local, bem como assegurar a segurança dos pedestres e ciclistas que fazem o percurso.

De acordo com a reportagem trazida pelo ND+, a estimativa da prefeitura de Florianópolis – que, segundo a CF (Constituição Federal) é a responsável legal pela iluminação do local – é que a obra de correção e melhoria do cabeamento seja concluída em até 20 dias.

Andarilho revela um ‘tratado’ na passarela

Em meio a travessia – durante o dia – da reportagem do ND+, algumas pessoas foram abordadas. Umas, assutadas, pediram para não falar. Outras, mais discretas, até toparam falar mas pediram para não ser identificadas e tampouco mencionadas.

“A segurança, à noite, não é aceito nem pelo crime, nem pela polícia”, disse um morador de rua

O que chama a atenção, no local, é que quem passa por ali o faz com pressa. Ou, ao menos, cheio de atenção devido justamente a essa sensação de “abandono” do local.

Eduardo, ao fundo, revela uma espécie de
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Eduardo, ao fundo, revela uma espécie de “tratado” do crime para ocorrências na ponte – Diogo de Souza/ND

Ponte Pedro Ivo Campos, na passarela, e todos os problemas envolvendo a segurança e iluminação do local - Diogo de Souza/ND
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Ponte Pedro Ivo Campos, na passarela, e todos os problemas envolvendo a segurança e iluminação do local – Diogo de Souza/ND

Eduardo [ao fundo] é manezinho e morador de rua há, pelo menos, cinco anos - Diogo de Souza/ND
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Eduardo [ao fundo] é manezinho e morador de rua há, pelo menos, cinco anos – Diogo de Souza/ND

Uma menina, que não quis nem descer da bicicleta, disse que não gosta de ficar muito tempo parada por lá. “Desculpa, moço, é que tenho medo de parar aqui. Passo rápido para não correr mais riscos”, revelou, rapidamente, sem nem parar de pedalar.

Já o Eduardo, andarilho que se nominou dessa forma, admitiu que é dependente químico, mora próximo ao Morro da Caixa – no continente – e tá sempre pela região.

Ele é manezinho mas saiu do bairro João Paulo, há mais de cinco anos, e escolheu a rua para viver e usar sua droga. Eduardo, no entanto, lembrou que “não é bandido” e que é importante que as pessoas saibam que “nem todo dependente químico é bandido, é vândalo”.

Eduardo contou que nunca aconteceu nada com ele no local, mas também revelou que existe uma espécie de “tratado” de uma facção, que não permite que ninguém seja roubado ou furtado, na passarela, independente se com ou sem luz. Ouça o relato de Eduardo, que admitiu estar sob efeito de crack. Ouça as palavras de Eduardo:

https://static.ndmais.com.br/2023/04/audio-online-audio-converter.com_.mp3

Eduardo, que vestia um boné do Sindicato dos Jornalistas, foi questionado pela reportagem de onde o acessório que vestia. Ele não titubeou: “Achei no lixo”.

 

 

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