Queijo artesanal serrano: tour pela Coxilha Rica para conhecer o produto da região

Com a aproximação das baixas temperaturas em Santa Catarina aumenta a procura de roteiros turísticos na serra, região mais fria do Estado. Como a gastronomia é sempre um grande atrativo para os turistas, nossa indicação para essa estação do ano é fazer uma rota para conhecer o Queijo Artesanal Serrano, na Coxilha Rica.

Queijo artesanal serrano – Foto: Aires Carmen Mariga/Epagri/Divulgação

A Coxilha Rica é um distrito rural que abarca três cidades serranas: Lages, Capão Alto e Painel. São mais de 100 quilômetros quadrados de extensão de campos ondulados, araucárias, rios e cachoeiras.

O destino perfeito para quem gosta de ecoturismo e turismo histórico. Somada às belezas naturais e singulares da região, a Coxilha Rica é também um local de preservação das tradições locais, incluindo a produção do queijo artesanal.

A história do distrito está intimamente ligada à passagem pela região dos tropeiros que conduziam gado do Rio Grande do Sul a São Paulo. Como a viagem poderia levar mais de um ano, os trabalhadores paravam a caminhada por meses para alimentar bem os animais e recuperar seu peso. A Coxilha Rica era um desses locais de parada.

A presença tropeira na região fez surgir as primeiras propriedades rurais na Serra, especialmente em Lages, destinadas à criação de gado. Com os tropeiros e também com a população açoriana que migrou de Laguna vieram os saberes da produção queijeira. Mesmo passados mais de 200 anos, a tradição segue firme em diferentes municípios serranos de Santa Catarina e também do Rio Grande do Sul.

Em 2020, o queijo artesanal serrano conquistou o certificado de Identificação Geográfica (IG). O selo reconhece o saber-fazer específico de mais de duas mil famílias que o produzem, em 18 cidades catarinenses e 16 gaúchas. É o atestado do valor histórico, social e cultural do produto que ainda hoje é uma importante fonte de renda familiar.

Na Serra Catarinense, existem várias queijarias, mas apenas oito delas são certificadas pelo SIM (Serviço de Inspeção Municipal), que atesta a segurança alimentar do produto, e o legaliza para comercialização.

Como o queijo é feito com leite cru, que pode transmitir doenças, o rebanho precisa ser certificado para brucelose e tuberculose e os produtores passam por treinamentos de boas práticas agropecuárias e de fabricação.

Na Coxilha Rica, nos municípios de Capão Alto e Lages, você encontrará ao menos três queijarias que recebem pessoas em pequenas quantidades e onde poderá comprar o tradicional queijo artesanal serrano. Continue com a gente para conhecer um pouco mais dessa iguaria, das queijarias e da Coxilha Rica.

O que o queijo artesanal serrano tem de especial?

Queijo artesanal serrano – Foto: Aires Carmen Mariga/Epagri/Divulgação

As peculiaridades do queijo artesanal serrano começam pela criação do gado. Até o início do século 20, a produção era feita com o leite do gado crioulo lageano, exclusivo da região da Serra Catarinense. Atualmente, eles são feitos em sua maioria com leite de vacas leiteiras da raça Jersey.

As vacas são criadas soltas e se alimentam de pastagem nativa, complementada com ração, o que interfere diretamente na qualidade do leite.

Diferentemente de outras produções, o queijo artesanal serrano é feito com o leite cru e tem um maior percentual de gordura. Isso pode dar a ele uma textura mais amanteigada, dependendo do tempo de maturação – período de descanso armazenado em condições específicas de temperatura e umidade.

Soma-se à textura cremosa, a cor amarelada e algumas olhaduras (aqueles furinhos) são próprios do queijo produzido em Lages, em Capão Alto e em outras cidades serranas de Santa Catarina.

Pela legislação, o queijo precisa ficar no mínimo 60 dias maturando para ser comercializado. Quanto mais fresco, mais suave é seu sabor e macia sua textura. Mais maturado, ele ganha corpo, uma textura mais firme e um sabor até um pouco picante, assemelhando-se a um parmesão.

Neste ponto, é ideal para ser acompanhado por uma boa bebida, como os vinhos de altitude, igualmente produzidos na serra ou por uma cerveja artesanal.

Com ele menos maturado, vai muito bem com um cafezinho, um doce de leite, mel fresco ou derretido no pão. A experiência fica especialíssima se puder ser acompanhada de uma boa prosa, com quem o produz.

Como conhecer as queijarias de queijo artesanal serrano na Coxilha Rica?

Ao longo da Coxilha Rica, encontra-se ao menos três queijarias certificadas com o Selo de Inspeção Municipal. Duas delas ficam no município de Capão Alto e uma em Lages. Para quem visita a região para participar de cavalgadas, passeios de 4×4 ou para conhecer as fazendas centenárias, poderá comprar o legítimo queijo artesanal serrano direto da fonte.

Em geral, as queijarias não abrem visitação a seu processo de produção nem para grandes grupos. Isso porque a visita à sala de produção envolve muitas questões sanitárias que precisam ser respeitadas.

Além disso, como é tradição da produção queijeira serrana, os empreendimentos são familiares e todo o processo – da ordenha da vaca à venda do produto – é feito em um mesmo local, com um número restrito de pessoas.

No entanto, é possível sim comprar o queijo direto na propriedade. A vantagem de se fazer isso, em vez de adquiri-lo em um mercado ou outro estabelecimento comercial, é que você poderá prosear com os produtores, conhecer suas histórias e degustar o famoso queijo artesanal serrano.

Queijaria Tropeiro Velho

O nome original desta queijaria, em Capão Alto, era Iguaria Serrana. Entretanto, desde que começaram a produzir um queijo de longa maturação, que nomearam como Tropeiro Velho, o sucesso do produto fez com que o nome dele se tornasse sinônimo da empresa familiar. Ela então se tornou oficialmente a Queijaria Tropeiro Velho.

Esta é a maior produtora de queijo serrano de Santa Catarina e foi a primeira queijaria certificada, em 2018, com o Selo de Inspeção Municipal. A propriedade, que fica na Estrada da Vigia (SC-390) – próximo ao Cerro Azul Hotel Fazenda, produz de 600 a 1.500 kg de queijo por mês.

A produção escoa para vários locais da Serra Catarinense. Você vai encontrá-lo, por exemplo, em mercados de Lages e de Urubici. Mas o queijo já viajou para longe, sendo enviado ao Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso e até para a terra do queijo: Minas Gerais.

No entanto, você pode ir até a propriedade para comprar a iguaria. A primeira coisa que a produtora Jesabel Machado fará é oferecer uma prova do queijo artesanal serrano para você provar.

Além da estrela da casa, a queijaria também produz iogurte natural, bolinho de queijo e calzone. Esses são feitos em pequena escala e vendidos apenas para o consumidor final.

Jesabel faz parte da terceira geração queijeira de sua família. A propriedade onde mora hoje e produz seus queijos era de seu avô, nascido e criado na Coxilha Rica.

O queijo, naquela época, era feito apenas para consumo próprio. A tradição passou para o filho e depois alcançou Jesabel. O slogan adotado para o produto traduz essa herança familiar. Queijo Tropeiro Velho: um pedaço da nossa história.

Queijaria J Machado

O casal Salete e José Machado produzem queijo juntos há mais de 40 anos. Igualmente localizados na região de Vigia, também na cidade de Capão Alto, eles conquistaram o Selo de Inspeção Municipal em 2020.

Apenas os dois trabalham na produção que varia de 700 a 800 kg de queijo por mês. O queijo artesanal serrano é o único produto fabricado por eles e a principal renda familiar desde que começaram a se dedicar a ele.

A propriedade onde moram era dos bisavós de sr. José, que sempre morou na Coxilha Rica, onde a vida é diferente. De pessoa para pessoa, a produção queijeira se manteve como tradição familiar, defendida com afinco pelo sr. José, que procura manter o mesmo passo a passo da fabricação como aprendeu com seus antepassados.

O queijo artesanal serrano produzido na propriedade é vendido para um restaurante da região, em mercados de Capão Alto e de Lages, empórios e bancas de estrada. No entanto, 30% da produção é comercializada diretamente para o consumidor final.

É claro que também tem experimentação, tanto do queijo mais fresco quanto do mais maturado. Ocorre também boas indicações de combinações para acompanhar. Com mel, por exemplo, o queijo fresco fica uma delícia.

A propriedade de dona Salte e sr. José fica a menos de um quilômetro de distância da Queijaria Tropeiro Velho e cerca de quatro quilômetros do Cerro Azul Hotel Fazenda. No Google Maps, você achará a propriedade como Queijaria Machado Vigia.

Queijaria Coxilha Rica

A produção de queijo na família Ramos já era feita pela avó de Vivian, apenas para consumo próprio. Tradicional família da Coxilha Rica, em Lages, os Ramos assim como muitas outras pessoas se dedicam à criação de gado de corte.

Foi quando Vivian e o esposo foram morar na Fazenda Rancho Amigo, de seu pai, que o queijo se tornou uma especialidade. O trabalho deu origem então à Queijaria Coxilha Rica.

A produção iniciou no final do ano de 2017, com apenas um queijo por dia em uma pequena sala. Atualmente, a queijaria produz em média 750 kg por mês e já ocupa um galpão dentro da propriedade. Em 2018, a queijaria conquistou o Selo de Inspeção Municipal.

O queijo artesanal serrano produzido ali é vendido em grandes supermercados de Lages e também em pequenos empórios. Além do produto, eles também comercializam doce de leite, pão de queijo serrano e a tradicional rosca de coalhada.

A propriedade não vende diretamente para o consumidor final. Entretanto, quem quiser conhecer a fazenda pode agendar visitas, com antecedência de 30 dias, para grupos de 15 pessoas. Neste caso, os visitantes são recebidos com um coffee break para degustação do queijo e do doce de leite. Enquanto experimentam as iguarias, ficam sabendo sobre a história da fazenda e da produção queijeira.

O que mais fazer na Coxilha Rica?

Coxilha Rica – Foto: Assessoria de Comunicação Prefeitura Municipal de Lages/Toninho Vieira e Nilton Wolff/Arquivo

Lages é o berço do turismo rural em Santa Catarina. Foi a primeira cidade do Estado em que as fazendas abriram suas portas aos turistas, especialmente na região da Coxilha Rica. Rica em fazendas centenárias históricas, as propriedades começaram a receber visitantes e compartilhar suas tradições.

Como você já sabe, a Coxilha Rica tem sua história forjada pela ocupação dos tropeiros. Um dos pontos turísticos da região é o chamado Caminho das Tropas, uma antiga via de ligação entre o Rio Grande do Sul e São Paulo por onde os tropeiros passavam conduzindo gado. Isso tudo lá no século 19. O trecho mais conservado desta estrada tem três quilômetros e fica entre a Ponte do Rio Pelotinhas, na SC-390, até a Fazenda Bela Vista.

É fácil identificar o caminho. Ele é todo delimitado por corredores de taipas, muros de pedra construídos por trabalhadores escravizados no século 19 que serviam como limite para o gado, evitando que ele se dispersasse ao longo do trajeto.

Frequentemente esses caminhos são percorridos em cavalgadas promovidas pela Coxilha Rica. Os passeios feitos com turmas mais experientes podem durar até 10 dias pela região.

Mas não se assuste. Se esse não for o seu caso, haverá uma cavalgada que seja ideal para você. Os iniciantes podem escolher roteiros mais leves e adaptados. A atividade é indicada para maiores de nove anos. Os cavalos são mansos e acostumados com o transporte de humanos. Além disso, todos os passeios são acompanhados por guias experientes.

As rotas das cavalgadas passam por matas de araucárias, rios cristalinos, fazendas e lavouras. Nos passeios que duram mais de um dia, os participantes comem e se hospedam em uma das fazendas centenárias. Somada à estadia, você poderá desfrutar da gastronomia típica tropeira, da música nativa, das histórias e rodas de prosa.

Segundo os fazendeiros, hospedar-se em uma fazenda é diferente de uma estadia em hotel. Nas propriedades da Coxilha Rica, o visitante convive em um ambiente familiar e tem uma relação de proximidade com os proprietários e suas lidas campeiras.

Além das cavalgadas, empresas turísticas também promovem passeios 4×4 pela região. Agora, caso você queira conhecer a Coxilha Rica sem participar de uma rota específica, é possível agendar visitas ou pernoites nas propriedades no distrito.

Diversas fazendas estão prontas para receber turistas por lá. Cada uma delas oferece diferentes experiências. De todas as possibilidades, você poderá participar da ordenha de vacas, da colheita de frutas, passeios a cavalo e em carro de mola e do fogo de chão. Isso sem falar das rodas de músicas nativas, churrascos e boas conversas.

Entre as propriedades que abrem suas portas aos turistas estão o Hotel Fazenda Pedras Brancas, Fazenda Boa Vista, Chácara Bom Jesus e Fazenda Cavalhada, em Lages. Em Capão Alto, estão a Fazenda Estrela e a Fazenda Lua Cheia.

Como chegar na Coxilha Rica

A região da Coxilha Rica fica a quase 70 quilômetros de distância do Centro de Lages. A maior parte do trajeto até lá é pela BR-116. Já os 25 quilômetros finais são pela SC-390, uma estrada de chão, sem asfaltamento.

Estando em Capão Alto, a distância do Centro até a Coxilha Rica é de cerca de 30 quilômetros. O trajeto começa pela SC-390 e segue boa parte pela BR-116.

Como chegar em Lages

Confira abaixo as distâncias entre Lages e outras cidades de Santa Catarina e as principais vias de acesso para chegar até lá de carro. Para quem quiser ir de avião, a cidade conta com o Aeroporto Antônio Correia Pinto Macedo.

Distância entre Florianópolis e Lages: 230 quilômetros. O principal acesso é pela BR-282. Não há pedágios nesta via.

Distância entre Joinville e Lages: 386 quilômetros. O principal acesso é pela BR-101 e BR-282. Há pedágios no caminho.

Distância entre Blumenau e Lages: 225 quilômetros. O principal acesso é pela BR-470. Não há pedágios nesta via.

Distância entre Chapecó e Lages: 330 quilômetros. O principal acesso é pela BR-282. Não há pedágios nesta via.

Distância entre Criciúma e Lages: 193 quilômetros. O principal acesso é pela SC-390 e SC-114.

Como chegar em Capão Alto

Confira abaixo as distâncias entre Capão Alto e outras cidades de Santa Catarina e as principais vias de acesso para chegar até lá de carro. Para quem quiser ir de avião, o aeroporto mais próximo é o de Lages.

Distância entre Florianópolis e Capão Alto: cerca de 260 quilômetros. O principal acesso é pela BR-282.

Distância entre Joinville e Capão Alto: aproximadamente 340 quilômetros. O principal acesso é pela BR-470.

Distância entre Blumenau e Capão Alto: cerca de 250 quilômetros, via BR-470.

Distância entre Chapecó e Capão Alto: aproximadamente 350 quilômetros. O principal acesso é pela BR-282.

Distância entre Criciúma e Capão Alto: cerca de 230 quilômetros, pela SC-114.

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