‘Praticamente um novo vírus’, diz infectologista sobre a Arcturus, nova variante da Covid-19

A nova variante da Covid-19, Arcturus, teve seu primeiro caso confirmado no Brasil nesta segunda-feira (1º). Apesar de ser categorizada como uma subvariante, o infectologista Amaury Mielle, do HSC (Hospital Santa Catarina), em Blumenau, alerta que este é “praticamente um novo vírus”.

Arcturus nova variante da Covid-19

UFSC começa a produzir testes para detecção do novo coronavírus – Foto: Robson Valverde/Secom/Divulgação/ND

O infectologista explica que o fato de não haver mais restrições que previnam a transmissibilidade do vírus cria um ambiente perfeito para a Covid-19 produzir novas mutações “à vontade”.

Apesar da Arcturus ser classificada como a subvariante XBB.1.16 de Covid-19, o médico explicou que a estrutura genética da cepa do vírus é muito diferente do genoma encontrado na variante da Covid-19, descoberta em dezembro de 2019, na China.

“Se você compara o Sars-Cov-1, registrado entre 2002 e 2003, com o Sars-Cov-2, o que surgiu na China [a partir de 2019], houve diferenças suficientes para que fossem considerados vírus separados”, contextualiza.

“Com a Arcturus tem uma diferença na estrutura genética, você praticamente não reconhece o vírus atual como sendo o vírus encontrado na China. Isso entre nós infectologistas é consenso. É praticamente um novo vírus”, pontuou Mielle.

Vacina bivalente protege contra a variante Arcturus

O médico ressalta que a vacina bivalente contra a Covid-19 protege contra quadros mais graves e óbitos que possam ser causados pela Arcturus, e testes de farmácia ainda são capazes de detectar a doença.

Os casos de infecção pela variante podem ser caracterizados por irritação nos olhos, febre e tosse seca. Mielle explica que os sintomas da Arcturus podem se parecer com uma rinite alérgica.

“A Arcturus causa manifestações um pouco diferentes das infecções tradicionais, condições semelhantes a uma rinite alérgica.”

“Cenário é de total ignorância epidemiológica”

O infectologista afirmou que, apesar do 1º caso ter sido confirmado em São Paulo, não é possível dimensionar o quanto a Arcturus já se espalhou.

“O cenário é de total ignorância epidemiológica e estatística, a gente não tem nenhuma informação fidedigna sobre o número de casos no Brasil. Não se tem mais dados, não se notifica. A gente está convivendo com o vírus de uma maneira como se a pandemia tivesse terminado”.

No mês passado, a OMS (Organização Mundial da Saúde) classificou a Arcturus como uma variante de interesse, que apresenta modificações genéticas que possam afetar características originais do vírus, com vantagens de crescimento sobre outras cepas que circulam em mais de uma região do mundo.

A Arcturus foi identificada pela primeira vez no início deste ano, na Índia, e tem se tornado a cepa dominante no país.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, a cepa não apresentou aumento de casos ou gravidade até o momento na cidade. Contudo, de acordo com a OMS, a Arcturus pode estar se espalhando de forma mais rápida em comparação às anteriores.

Vacinação contra a Covid-19

Desde 24 de abril, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação com a dose bivalente contra a Covid-19 para toda a população acima de 18 anos no país. Por conta das diferentes condições de disponibilidade dos imunizantes, cada Estado adota um calendário próprio para viabilizar a administração das doses.

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