Exames feitos em farmácias trazem risco de aumento de automedicação, aponta especialista

A partir do dia 1º de agosto, farmácias de todo Brasil vão poder realizar exames de análise clínica, como testes para dengue, colesterol total, hepatite, HIV e Beta-hCG (gravidez). A liberação foi feita pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na última quinta-feira (4).

Os testes aprovados são parecidos com os autotestes de Covid, mas só podem ser feitos em farmácias.  – Foto: Annie Spratt/Unsplash/ND

Os testes vão ser feitos nas farmácias por profissionais do estabelecimento. É diferente do autoteste da Covid, que pode ser feito em casa, pelo próprio paciente.  São pelo menos 47 tipos de exames, que usam fluídos do corpo para ter o resultado. E não se trata de um diagnóstico. A intenção é que o resultado direcione para o profissional adequado, que vai pedir novos exames e definir o diagnóstico.

A mudança é pontada por especialistas, como inovadora e positiva. Foi o que avaliou o infectologista Hemerson Luz, do Rio de Janeiro.  Segundo ele, estados como em Santa Catarina, que vive neste momento um surto de dengue, não conseguem atender todos os pacientes com suspeita da doença. E tendo está opção, facilita. “Vai desafogar o atendimento básico, se todos tiverem acesso. Vai ajudar aquelas pessoas que estão na correria, com suspeita de algo e não tem tempo de ir no hospital, pegar o pedido e fazer um exame”, acredita o doutor.

Com a possibilidade de ter o indicativo da doença sem ter que ir ao posto médico, o risco de automedicação aumenta. Foi a análise feita pelo especialista. “Esse é o grande risco! Do paciente achar que tem o diagnóstico e começar a se medicar, mas pode acontecer falso positivo, falso negativo, a hora da coleta interfere, se está numa fase mais avançada ou muito no começo”, afirma.

Para ele, é preciso informar as pessoas sobre a verdadeira função dos testes e que não vieram substituir o profissional. “Todo esse arsenal tem que ser acompanhado de informação e campanhas”, acredita.

Outro fator indicado pelo médico infectologista é a mudança na configuração do sistema de atendimentos. Já que o primeiro indicativo não vem mais numa Unidade Básica de Saúde ou Posto Médico.

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