Notas sobre uma mãe meio-termo

Esses dias participei do podcast aDiversa do ND+ e o assunto não poderia ser outro: maternidade. Mais especificamente, “mãe raiz” vs. “mãe nutella”. Apesar de não gostar de colocar as mães em caixinhas, afinal somos seres humanos cheios de manias, passíveis de erros e acertos, cada qual com uma bagagem de vida, a conversa foi no mínimo interessante. O episódio vai ao ar nesta sexta-feira (12) e você poderá ouvir aqui.

Dividi o microfone com mais quatro mães e um pai, entre eles uma educadora com uma pegada mais tradicional e uma psicopedagoga da linha neurocompatível. Falamos sobre a forma como cada um educa os filhos e como vivemos entre a espada e a cruz nos momentos mais tensos da criação. Quando ser mais firme? Como impor limites sem ser autoritário? O que fazer nos momentos de birra? E por aí vai…

As diferentes maneiras de exercer a parentalidade tem ganhado amplo debate, sobretudo nas redes sociais – Foto: Unplash

Eu na minha devida bolha achava que a mãe raiz nem existia mais, aquela que educa de forma mais tradicional, autoritária, com limites e regras bem delimitados, mas existe sim e ela era uma das convidadas.

Ainda me vi concordando com algumas falas dela até porque sou cria dos anos 1980 e 1990. Ao mesmo tempo, concordei também com quase todas as falas da mãe neurocompatível, digo quase porque o conselho de sentar e esperar a birra passar é impraticável, na minha concepção.

Mãe good vibes, mãe açucarada e mãe no meio-termo

O debate me lembrou a trend que tem feito sucesso em uma rede social de vídeos curtos. São mães americanas que se intitulam de acordo como criam/educam os filhos. Tem a Crunchy Mom (ainda sem tradução para o português) que é adepta de uma parentalidade à base de brinquedos de madeira, zero telas, escola waldorf, alimentos orgânicos, amamentação em livre demanda e sem limite de idade e, em alguns casos, até antivax.

Tem a Silky Mom, que compra as comidas mais gostosas e açucaradas, não liga se os brinquedos são todos de plásticos, não tem problema em dizer que não amamentou e agradece pela existência da cesariana. E por último e que mais me identifiquei, a Scrunchie Mom, que é o meio-termo. A mãe que faz um pouco dos dois.

A conclusão a que cheguei é que sou do equilíbrio. Sabe aquele ditado “um pouco de salada, um pouco de besteira”, assim é minha maternidade. Estou ali entre a rigidez e a liberdade. Não descobri ainda se estar no meio-termo é uma coisa boa. Vivo questionando minhas reações, se acertei ou exagerei, se fui compreensiva ou chata, se estou fazendo certo ou deixando um legado de traumas.

O que sei é que entrego meu melhor, ás vezes o que posso no momento. Aprendi a delimitar, se interfere na minha saúde mental, evito. Só sei de uma coisa, o que não falta em todas essas comunidades de mães é amor e vontade de acertar. De resto não passa de julgamentos e na comunidade de mães que sonho, o verbo julgar não existe.

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