Viúva de cubano soube do assassinato em SC por rede social: ‘a mãe dele não fala desde terça’

A morte de um cubano de 59 anos em Tijucas, no último dia 12, causou grande comoção entre os catarinenses e a família da vítima. Segundo a polícia, o homem teria sido assassinado por colegas de trabalho após um desentendimento dentro de uma fábrica de artefatos de cimento.

A viúva de Roberto Laras Vega, Yanersy Mendez Mena, relatou ao portal ND Mais como tem enfrentado a dor desde o brutal falecimento do marido, com quem foi casada por 24 anos. Ela revelou o drama vivido na última semana ao descobrir pelo Facebook sobre a morte do esposo e a angústia de não sabe se conseguirá recuperar o corpo do marido.

Roberto Laras Vega tinha 59 anos e foi encontrado morto com golpes de faca  - Arquivo Pessoal

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Roberto Laras Vega tinha 59 anos e foi encontrado morto com golpes de faca – Arquivo Pessoal

Roberto Laras Vega tinha 59 anos e foi encontrado morto com golpes de faca  - Arquivo Pessoal

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Roberto Laras Vega tinha 59 anos e foi encontrado morto com golpes de faca – Arquivo Pessoal

Moradora de Artemisa, a 60 quilômetros de Havana, capital de Cuba, Yanersy conversou com o marido por videochamada poucas horas antes do homicídio.

Durante a ligação, ela chegou a falar com um dos suspeitos e percebeu que o marido e os colegas estavam consumindo álcool naquela noite. Roberto estava organizando a vinda de Yanersy ao Brasil em agosto, e Assis, que foi preso na última quinta-feira (18), mencionou: “logo você vem”.

A viúva de Roberto costumava fazer videochamadas com o marido. Ela conta que falou com ele horas antes do crime – Foto: Arquivo Pessoal

No sábado (13), a viúva perdeu o contato com o marido e achou a situação estranha, recorrendo ao dono da fábrica. “Perguntei se ele sabia do Roberto, porque o Roberto não tinha me ligado mais e ele me ligava a cada meia hora […] estranhei que no sábado ele não me ligou e mandei mensagem para o chefe, que, automaticamente, trocou de número. Ou seja, ele sabia o que tinha acontecido e nunca me informou”, lamenta Yanersy.

No escuro, Yanersy recebeu uma mensagem no Facebook de uma pessoa desconhecida informando sobre o assassinato de Roberto. Quando tentou responder, a pessoa já não estava mais disponível. “Agradeço a ela de todo coração e quero que Deus a abençoe, porque se não fosse ela, eu não saberia do meu esposo”, desabafa Yanersy.

“Aqui em Cuba, os amigos dele ainda não acreditam”

Yanersy ainda espera uma ligação de Roberto, incapaz de acreditar no que aconteceu, assim como os amigos de seu falecido marido. Ela conta que Josefina Vegas, mãe de Roberto, não fala desde a última terça-feira (16), quando soube que havia perdido seu filho no Brasil.

‘A mãe dele não fala desde terça’, disse Yanersy Mendez Mena ao ND Mais.

Roberto saiu de Cuba em janeiro de 2023, vendendo tudo o que tinha para comprar a passagem. Do Brasil, ele enviava dinheiro para a esposa, que não trabalha devido a complicações de saúde e dependia do apoio financeiro do marido.

Corpo de cubano foi encontrado por dono da empresa

O corpo da vítima foi encontrado pelo proprietário da empresa. Conforme relatado à Polícia Militar, ele foi até o local e percebeu que o cadeado do portão havia sido trocado, sendo necessário rompê-lo para entrar. Ao entrar no prédio, viu sangue no local e encontrou o funcionário morto. Imediatamente, acionou a polícia.

Cubano foi morto em alojamento onde os três moravam - PCSC/Divulgação/ND

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Cubano foi morto em alojamento onde os três moravam – PCSC/Divulgação/ND

Chefe dos funcionários encontrou alojamento cheio de sangue - PCSC/Divulgação/ND

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Chefe dos funcionários encontrou alojamento cheio de sangue – PCSC/Divulgação/ND

Imagens de câmeras de segurança mostram o momento que o trio entrou em um cômodo da fábrica. O delegado do caso, Rodrigo Dantas, explica que as câmeras mostram a vítima sendo arrastada para dentro do alojamento onde eles moravam após a briga de funcionários. No cômodo, que não tem monitoramento, ele teria morrido após ter sido esfaqueado no pescoço.

Suspeitos pelo crime foram presos

Os dois suspeitos pelo assassinato trabalhavam junto com a vítima na fábrica. O primeiro deles, um venezuelano de 27 anos, foi encontrado na quarta-feira (17) pela Polícia Civil em uma área de mata próximo ao local do crime.

Venezuelano foi encontrado sozinho em área de mata – Foto: PCSC/Divulgação/ND

O segundo suspeito foi preso na última quinta-feira (18), na rodoviária de Balneário Camboriú, no Litoral Norte. Ao que tudo indica, o cearense de 36 anos tentava embarcar para seu Estado natal.

No interrogatório, o venezuelano afirmou ser inocente. Segundo o delegado, o suspeito disse que a briga começou após a vítima, que estava bêbada, pegar o celular da sua mão. Ele teria então partido para cima do cubano e o agredido com socos.

Rodoviária Balneário Camboriú – Foto: Reprodução/Rodoviariabc.com.br

No entanto, conforme ele relatou ao delegado, a briga teria continuado com o cearense, que teria uma desavença antiga com o cubano. Em seu depoimento, venezuelano afirmou que não foi responsável pelos golpes de faca que mataram a vítima dentro do alojamento.

O suspeito disse também que era ameaçado de morte e teria sido obrigado pelo colega a ficar escondido na mata. O delegado afirmou que as investigações contestam a versão do suspeito.

“No início cogitava-se que apenas um suspeito teria cometido o crime, mas, à medida que a análise vai evoluindo, a gente consegue ter fortes elementos de que ambos golpearam a vítima”, disse o delegado.

“Pela dinâmica do ocorrido, certamente o corpo foi arremessado. Eles sairiam pela janela, depois retornaram para dentro do alojamento, tentaram limpar o sangue da vítima e, posteriormente, saíram juntos”, concluiu.

 

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