Mãe de bebê de SC achado em SP conheceu suspeito de intermediar negociação em grupo de ‘adoção e doação’, dizem advogadas


Criança de 2 anos foi encontrada com os dois, dentro de carro, na segunda-feira em São Paulo. Ela havia sido visto pela última vez na Grande Florianópolis em 30 de abril. Criança de 2 anos que desapareceu em Florianópolis foi encontrado com casal em carro no Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo
TV Globo/Reprodução
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Um grupo formado por pessoas interessadas em adotar crianças e pais que queriam “doar” os filhos foi o meio pelo qual a mãe do menino de 2 anos de Santa Catarina que estava desaparecido teria conhecido Marcelo Valverde Valezi, o homem preso em São Paulo, na segunda-feira (8), por suspeita de tráfico de pessoas. Roberta Porfírio, a mulher que estava com a criança no banco de trás do veículo, também foi detida e seria amiga de Marcelo.
Em coletiva de imprensa nesta terça (9), as duas advogadas que defendem Marcelo e a que faz a defesa de Roberta falaram sobre o caso. A defesa de Marcelo afirmou que ele conheceu a mãe do menino há dois anos, quando tinha o interesse em adotar uma criança, mas não soube dizer se seria um grupo em algum aplicativo de mensagens ou em redes sociais.
Segundo as advogadas Laryssa Nartis e Katharine Grimza, na época, Marcelo foi procurado pela mãe da criança, que tinha o interesse em “doar” o filho. No entanto, recentemente, ela teria entrado em contato novamente com ele e alegou que estava passando por problemas.
Marcelo teria indicado Roberta e o marido à mãe do bebê, e o casal passou a tratar sobre a adoção. Não há informação se houve envolvimento de valores em dinheiro no caso.
A Justiça manteve Roberta e Marcelo em prisão preventiva nesta terça-feira. A audiência de custódia ocorreu nana cidade de São Paulo. As defesas irão recorrer e pedir as solturas deles.
O que diz a defesa de Roberta
Fernanda Salvador, advogada da investigada, nega que tenha havido o crime de tráfico de pessoas e que o bebê estivesse desaparecido, já que a mãe teria entregue a criança a Roberta junto com os documentos, em Santa Catarina. Marcelo não teria viajado até o outro estado, mas intermediado a conversa entre as duas partes.
Segundo a advogada, a mãe teria dito que estava em “cenário de vulnerabilidade, em ambiente tóxico”, quando conversou com o casal de São Paulo.
A retirada do garoto de Santa Catarina foi feita por Roberta e com o carro pessoal. As placas do veículo teriam sido adulteradas na saída do estado, segundo a polícia. A defesa dela, no entanto, afirmou desconhecer a informação.
No fim de semana, Roberta e o marido decidiram procurar a advogada, que disse ter orientado os dois a procurar o Fórum do Tatuapé e entregar o menino. O caso já estava repercutindo em todo o país.
Marcelo acompanhou Fernanda até o fórum. Os dois estavam com o bebê dentro de um carro, na Zona Leste da capital, na segunda (8), quando foram abordados pela PM e detidos em flagrante por suspeita de tráfico de pessoas.
A volta do menino para Santa Catarina segue indefinida, informou o secretário de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina, Paulo Cezar Ramos de Oliveira, em coletiva nesta terça.
O retorno depende de decisão do Poder Judiciário de São Paulo, onde a criança está em um abrigo.
Vídeo mostra momento em que PMs encontram suspeitos com bebê desaparecido em SC
O que diz a polícia catarinense
A Polícia Civil catarinense diz que Marcelo teria aliciado a mãe do menino, de 22 anos, para uma adoção ilegal. Marcelo Valverde é apontado pela investigação como intermediador da entrega da criança a Roberta Porfírio, mulher que também foi detida e que ficaria com o garoto.
Conforme a delegada Sandra Mara, da Polícia Civil de Santa Catarina, a mãe, uma jovem de 22 anos, “tem uma fragilidade emocional e psicológica muito grande”.
Polícia prende por suspeita de tráfico de pessoas casal que estava com bebê de SC
“Ela foi convencida [a entregar a criança] por conta da fragilidade.” Ela é muito jovem, ficou grávida com 19, 20 anos. Não tem um emprego. Ela tem alguns cursos, mas essa fragilidade emocional e psicológica dela dificulta a inserção no mercado de trabalho”, informou, durante a coletiva.
O Código Penal descreve como crime o ato de registrar o filho de outra pessoa como próprio.
Conforme a delegada Sandra Mara, da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCami) de São José, a mãe do menino e o homem preso teriam se conhecido quando ela entrou em grupos sobre gravidez nas redes sociais, depois que descobriu a gestação.
Em um primeiro momento, a mãe negou entregar a criança, mas dois anos depois decidiu fazer a entrega de forma espontânea.
A mãe dele foi internada em 2 de maio, sem estar com o filho junto. A mulher recebeu alta na segunda. O g1 não obteve informações sobre o motivo da internação. A polícia também não deu esclarecimentos sobre o pai do menino, que é registrado apenas com o nome da mãe.
Cronologia do desaparecimento
30 de abril: menino foi visto pela última vez com a mãe pela avó materna, na Grande Florianópolis;
1ª de maio: avó do menino perguntou à filha sobre o menino. Mulher disse que a criança estava na casa de uma amiga;
2 de maio: mãe do menino foi hospitalizada desacordada;
3 de maio: avó entrou em contato com amiga da mãe do menino, que informou que não estava com ele. Ela teria indicado que a criança poderia estar com o suposto pai da criança; Na família do suposto genitor ele não foi encontrado pela avó;
4 de maio: avó procurou a Polícia Civil.

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