Venezuela acusa Brasil de interferência nas eleições e ‘agressão’ a Maduro

Em uma nota divulgada no sábado (2), o governo da Venezuela acusou o Brasil de interferência nas eleições, se fazer de vítima e cometer uma “agressão descarada e rude” contra o presidente do país, Nicolás Maduro.

Venezuela acusa Brasil de interferência nas eleições do país

Dias antes, Polícia Bolivariana publicou ameaça ao presidente Lula. – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Divulgação/ND

Acusação de interferência nas eleições da Venezuela

O governo venezuelano publicou o comunicado onde faz acusações ao Brasil e cita que teria sido alvo de interferência nas eleições por parte do Brasil.

“A Venezuela demonstrou, por meio de denúncia pública, com dezenas de provas, como o Itamaraty empreendeu uma agressão descarada e rude contra o presidente constitucional, Nicolás Maduro Moros, contra instituições e poderes públicos, bem como contra a sociedade venezuelana, numa campanha sistemática que viola os princípios da Carta das Nações Unidas, como a soberania nacional e a autodeterminação dos povos, violando inclusive a própria Constituição brasileira em seu mandato de não interferência nos assuntos internos dos Estados”, descreveu o comunicado.

Post polêmico antes de acusação de interferência nas eleições

Dois dias antes, a Polícia Nacional Bolivariana, comandada pelo regime venezuelano publicou, nas redes sociais, uma imagem com a bandeira do Brasil no fundo, e a silhueta do presidente Lula (PT), com a frase: “Quem mexe com a Venezuela, se dá mal”. No entanto, a publicação foi apagada.

Em reação à publicação, o Brasil a enquadrou como de “tom ofensivo”, e que não vai de acordo com a forma respeitosa que o governo brasileiro trata a Venezuela e seu povo, pois, conforme o texto, respeita a soberania de cada país.

O país vizinho considerou o comunicado brasileiro como incompreensível, pois o Brasil “tenta enganar a comunidade internacional, fazendo-se passar por vítimas numa situação em que claramente agiram como vitimizadores, o que surpreendeu a sociedade brasileira, venezuelana e latino-americana”.

O Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) e a Secretaria de Comunicações Institucionais foram procurados pelo Portal R7, mas até a publicação da reportagem, não houve retorno.  O espaço segue aberto.

Contexto do desentendimento

Embora historicamente aliados, Lula e Maduro agora enfrentam atritos. Tudo começou quando o Brasil pediu acesso às atas eleitorais da reeleição de Maduro, após acusações de fraude feitas pela oposição. A comunidade internacional também rejeitou a reeleição do presidente chavista.

As tensões se intensificaram com o veto do Brasil à entrada da Venezuela nos Brics. Nesta semana, o governo Bolivariano convocou seu embaixador no Brasil como sinal de descontentamento e, em comunicado, criticou autoridades brasileiras, incluindo Celso Amorim, assessor especial da Presidência, a quem chamou de “mensageiro do imperialismo norte-americano”.

O assessor não respondeu ao recado, mas anteriormente disse que a reação da Venezuela era “desproporcional e cheia de acusações contra Lula e o Itamaraty”. Além disso, o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Jorge Rodríguez, afirmou que pediria ao Legislativo para declarar Amorim “persona non grata”.

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