Mensageiro: Em 5 meses, operação tem ao menos 42 presos e 7 prefeitos réus na Justiça

A Operação Mensageiro prendeu 16 prefeitos em cinco meses desde que deflagrou a primeira fase da investigação, em dezembro de 2022. Até esta quinta-feira (11), sete destes prefeitos se tornaram réus na Justiça catarinense. Segundo o TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina), no total, ao menos 42 pessoas foram presas, de acordo com informações de processos sem segredo judicial.

De acordo com o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), os gestores municipais são suspeitos de participação no esquema que distribuía propinas para favorecer a empresa de saneamento Versa Engenharia, antiga Serrana, na prestação de serviços de coleta de lixo nas cidades catarinenses.

Operação prendeu prefeitos em SC. – Foto: MPSC/Divulgação/ND

Os prefeitos na mira da Justiça podem responder por fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A Operação Mensageiro foi considerada pelo Ministério Público o maior esquema de corrupção da história de Santa Catarina.

Conforme o TJSC, 42 pessoas foram presas nos processos de cidades cujas denúncias foram aceitas, e portanto estão disponíveis publicamente: Papanduva, Pescaria Brava, Capivari de Baixo e Itaiópolis. Esse número abrange prefeitos, assessores, servidores públicos e funcionários da Versa Engenharia. No entanto, a Justiça destaca que esse número é o mínimo e que o total de detidos pode ser maior, já que algumas denúncias ainda não foram julgadas e permanecem em segredo de justiça.

A Versa anteriormente operava contratos em municípios catarinenses como Serrana Engenharia, e mudou de nome em meio às investigações da Operação Mensageiro. A defesa da empresa vem afirmando que não se manifestará devido ao sigilo de Justiça imposto aos processos.

Veja abaixo a lista e em seguida detalhes sobre os prefeitos que, nesse período, se tornaram réus em decisões tomadas pela 5ª Câmara Criminal do TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina). Além disso, confira também a relação de prefeitos que foram presos na deflagração da 4ª fase da Operação Mensageiro, e aguardam desdobramentos da investigação do MPSC.

Prefeitos presos pela Operação Mensageiro em SC. – Foto: Arte/ND

Quem são os prefeitos réus pela Operação Mensageiro

Lages: Antônio Ceron

O prefeito de Lages, Antônio Ceron (PSD), se tornou réu da Operação Mensageiro nesta quinta-feira (11). Ceron foi preso em 2 de fevereiro na 2ª fase da investigação e teve a prisão domiciliar concedida duas semanas depois.

Em nota, a defesa do prefeito afirmou “que não houve benefício por parte do prefeito Antônio Ceron em relação aos contratos licitatórios da empresa Serrana, que aliás, já vinha de há muito prestando tais serviços para a municipalidade e continua prestando esses serviços”. Os advogados de Ceron não se manifestaram publicamente sobre o fato do prefeito ter virado réu na investigação.

A Operação Mensageiro motivou a Câmara de Vereadores de Lages a instaurar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para analisar todos os contratos da Semasa (Secretaria Municipal de Água e Saneamento) da cidade.

Balneário Barra do Sul: Antônio Rodrigues

O prefeito de Balneário Barra do Sul, Antônio Rodrigues (PP), se tornou réu da Operação Mensageiro nesta quinta-feira (11). Rodrigues foi preso em 6 de dezembro, na 1ª fase da investigação.

O advogado de Rodrigues, Aldano José Vieira Neto, afirma que o prefeito irá apresentar uma defesa prévia após citado.

Tubarão: Joares Ponticelli

O prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli (PP), se tornou réu da Operação Mensageiro em 27 de abril. Ponticelli foi preso em 14 de fevereiro na 3ª fase da investigação.

O advogado do prefeito, Nilton Machado, afirma que já pediu a soltura do réu no TJSC e aguarda o julgamento do mérito. “A pergunta que faço é o seguinte: afastado da prefeitura, com as provas já produzidas, não há risco de fuga, qual é a necessidade de manter o prefeito preso?”, questiona.

Em 4 de maio, após o prefeito se tornar réu, os vereadores de Tubarão votaram contra a abertura de impeachment do prefeito Joares Ponticelli e do vice-prefeito Caio Tokarski. A solicitação foi rejeitada com 11 votos contrários e quatro favoráveis.

Itapoá: Marlon Neuber

O prefeito de Itapoá, Marlon Neuber (PL), se tornou réu da Operação Mensageiro em 27 de abril. Neuber foi preso em 9 de dezembro de 2022, na 1ª fase da investigação.

O advogado Marcelo Peregrino informou que o prefeito foi preso em Itapema. Ele aponta que “a defesa pôde exercer o seu mister, levantando os pontos relacionados ao contraditório e à ampla defesa, e o tribunal decidiu receber a denúncia em relação a todos os réus”.

Em 5 de maio, após o prefeito se tornar réu, a Câmara de Vereadores de Itapoá aprovou por unanimidade a abertura do processo de impeachment contra o prefeito.

Papanduva: Luiz Henrique Saliba

O prefeito de Papanduva, Luiz Henrique Saliba (PP), se tornou réu da Operação Mensageiro em 13 de abril. Saliba foi preso em dezembro de 2022, na 1ª fase da investigação.

Um dos advogados do prefeito, Manolo del Omo, afirmou que não vê motivos para a detenção de Saliba, que está no Presídio Regional de Caçador.

“Nós achamos que essa revogação já deveria ter acontecido, na verdade não vemos motivos para decretação da prisão preventiva”, afirmou. “Começa agora a fase do contraditório, em que nós vamos provar sua inocência.”

Em 3 de maio, após o prefeito se tornar réu, a Câmara de Vereadores aprovou abertura do processo de impeachment contra o prefeito.

Pescaria Brava: Deyvison Souza

O prefeito de Pescaria Brava, Deyvison Souza (MDB), se tornou réu da Operação Mensageiro em 13 de abril. Souza foi preso em dezembro de 2022, na 1ª fase da investigação. Ele está detido no Presídio Santa Augusta, em Criciúma.

O advogado de Deyvison Souza, Pierre Vanderlinde, afirmou que a decisão do TJSC foi apenas uma “praxe processual’ e que será possível apresentar sua defesa e provas de inocência.

“Temos certeza que ao final do processo será comprovada a inocência do prefeito, tendo em vista que as acusações também estão embasadas apenas em colaborações premiadas”, afirma Vanderlinde.

Capivari de Baixo: Vicente Corrêa Costa

O prefeito de Capivari de Baixo, Vicente Corrêa Costa (PL), se tornou réu da Operação Mensageiro em 13 de abril. Costa foi preso em 2 de fevereiro, na 2ª fase da investigação. Desde então, ele está detido no Presídio da Agronômica, em Florianópolis.

A defesa do prefeito afirmou que o Costa é inocente e disse que não há provas de seu envolvimento no esquema criminoso.

“Durante a instrução criminal se provará a inocência tanto do dr. Vicente quanto do Glauco [ex-secretário], bem como que os dois não integram organização criminosa, tampouco praticaram crimes de corrupção”, afirmou o advogado Eduardo Faustina da Rosa.

Em 8 de abril, a Câmara de Vereadores de Capivari de Baixo aprovou com unanimidade a abertura do processo de impeachment contra o prefeito.

Quem são os prefeitos presos na 4ª fase da Operação Mensageiro

  • Ibirama: Adriano Poffo (MDB): foi transferido para o Presídio Masculino de Lages. O vice-prefeito Jucélio de Andrade (MDB) assumiu a prefeitura interinamente;
  • Imaruí: Patrick Corrêa (Republicanos): passou por audiência de custódia em Florianópolis, e foi conduzido para o Presídio Masculino de Tubarão;
  • Schroeder: Felipe Voigt (MDB): foi encaminhado para o presídio de Itajaí. O vice-prefeito Lauro Tomczak (PP) assumiu interinamente a prefeitura;
  • Massaranduba: Armindo Sesar Tassi (MDB): está preso no Presídio de Blumenau.
  •  Três Barras: Luiz Divonsir Shimoguiri (PSD): está preso no Presídio de Joinville.
  • Corupá: Luiz Carlos Tamanini (MDB): está no Presídio Regional de Itajaí. Segundo informações da prefeitura, o prefeito está em uma cela sozinho “em função das suas condições clínicas não muito favoráveis”.
  • Major Vieira: Adilson Lisczkovski (Patriota): está no sistema penitenciário de Florianópolis. O empresário Edson Schroeder (PT), foi empossado como prefeito interino;
  • Bela Vista do Toldo: Alfredo Cezar Dreher (Podemos): está preso no presídio de Mafra.
  • Guaramirim: Luís Antônio Chiodini (PP): O vice-prefeito Osvaldo Devigili, que já estava no cargo de prefeito por conta das férias de Chiodini, assumiu a prefeitura do município por tempo indeterminado.
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