Santa Catarina e a rota portuária das drogas

A disputa entre facções criminosas pelos portos de Santa Catarina reflete falhas sistêmicas de segurança e governança, colocando o Estado como um ponto-chave no tráfico internacional de drogas.

Apreensão no porto de Itapoá, em Santa Catarina, no dia 04 deste mês – Foto: Divulgação/ND

Com infraestrutura portuária estratégica, os portos de Itajaí, Imbituba, São Francisco do Sul, Navegantes e Itapoá são usados tanto para o comércio legítimo quanto para o escoamento ilícito de cocaína, sendo alvo de facções criminosas que atuam em Santa Catarina, e disputam o controle das rotas de exportação.

A apreensão na quarta-feira (06) pela Polícia Rodoviária Federal de 1,36 tonelada de cocaína dentro de um caminhão na BR-101, em Itajaí, com destino ao Porto de Imbituba, é apenas um exemplo da utilização crescente desses portos pelo crime organizado.

Os traficantes empregam métodos sofisticados para ocultar a droga, como esconder em mercadorias legítimas ou usar empresas laranjas, e contam com lacres clonados e a colaboração de funcionários desonestos para driblar a fiscalização.

Apesar de tecnologias avançadas, como escâneres móveis e drones, a fiscalização ainda enfrenta desafios devido à fragilidade do sistema logístico brasileiro, em que apenas uma parte das cargas é fiscalizada.

Disputa pelo domínio da rota em Santa Catarina

O tráfico fomenta um mercado paralelo de lavagem de dinheiro. A disputa entre facções aumenta a complexidade da situação. O domínio das rotas para distribuição de drogas nos cinco continentes abriu uma disputa violenta pelo mercado e portos catarinenses.

A infiltração do crime organizado nas infraestruturas portuárias revela uma falha tanto na fiscalização quanto na governança pública, que não consegue implementar controles eficazes.

Para enfrentar esse problema, é necessária uma abordagem coordenada entre as autoridades brasileiras, os portos e as autoridades internacionais, especialmente com países vizinhos como Paraguai e Argentina, pontos de origem de muitas das cargas interceptadas.

A resposta a esse desafio exige fortalecer a fiscalização nos portos, revisar os processos de governança e regulamentação, e melhorar a cooperação com o setor privado e os parceiros internacionais.

Somente com uma ação integrada e a intensificação da luta contra a corrupção será possível desmantelar as redes criminosas que operam nas rotas do tráfico global.

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