Urologista de Florianópolis aponta caminho para diagnóstico precoce do câncer de próstata

Com uma carreira de 45 anos, o médico urologista Ivam Moritz é um nome de destaque em sua área. Formado pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), ele construiu uma trajetória sólida, e atualmente atua em sua clínica própria, no Centro de Florianópolis, e como sócio da Uromed, uma clínica especializada em aparelho gênito-urinário também no Centro.

Urologista Ivam Moritz destaca a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata

Ivam Moritz é urologista há 45 anos e acompanhou a transformação do diagnóstico do câncer de próstata no Brasil – Foto: Germano Rorato/ND

Ao longo dos anos, Moritz ocupou cargos de relevância, incluindo o de chefe do serviço de Urologia e da Residência em Urologia no Hospital Governador Celso Ramos, em 2016, e de diretor geral do mesmo hospital entre 2012 e 2013. Foi também professor de urologia na UFSC e coordenador do SC Transplantes de 2002 a 2006.

Detecção precoce do câncer de próstata aumenta chances de cura

O médico aborda temas centrais sobre o câncer de próstata, o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele. Discute fatores de risco e tabus e opções de tratamento. Segundo ele, o conceito de “prevenção” é um equívoco no caso do câncer.

“Prevenção é uma palavra radicalmente equivocada. Isso não existe. As pessoas usam essa expressão como se nós tivéssemos a mágica de dizer assim: ‘João nunca vai ter câncer de próstata’. Isso é conversa. Acho essa palavra muito mal colocada. A palavra correta se chama diagnóstico precoce, e vale para próstata, vale para o útero e para a mama, nas mulheres”, afirma Moritz.

O urologista ressalta que o diagnóstico precoce é a melhor estratégia para aumentar as chances de cura e controle da doença. A Sociedade Brasileira de Urologia e as diretrizes internacionais recomendam que homens com histórico familiar de câncer de próstata em parentes de primeiro grau, especialmente na linha paterna, iniciem as consultas anuais a partir dos 45 anos, mesmo que não apresentem sintomas. Para os homens sem histórico familiar, o aconselhado é começar o acompanhamento a partir dos 50 anos.

PSA (Antígeno Prostático Específico) é a revolução na identificação da doença, diz urologista

PSA (Antígeno Prostático Específico) é um grande aliado no diagnóstico da doença – Foto: Reprodução/ND

PSA é a revolução na identificação da doença

Entre os principais recursos de diagnóstico precoce está o exame de sangue PSA (Antígeno Prostático Específico), que é fundamental para salvar vidas. “O PSA, na minha opinião, é o grande salvador. Ele já existe para a ciência médica desde 1979. Desta época para trás, a única arma que nós tínhamos era o toque retal”, comentou.

Ele esclareceu que, apesar de o toque ser eficaz na identificação de alterações, o PSA sinaliza a presença da doença antes de qualquer manifestação palpável. “Ele é o grande herói do diagnóstico precoce. Foi ele quem revolucionou o diagnóstico precoce”.

Sobre o estigma em torno do exame de toque retal, Moritz diz que o exame é rápido e pode ser essencial para a detecção da doença em estágios iniciais. “O toque demora 10 segundos e, de repente, é a salvação de uma vida. Não tem motivo pelo qual isso não possa ser feito e, eventualmente, dependendo dos antecedentes familiares e de um histórico de PSA favorável, o toque retal é dispensável”, explica.

Doença é a segunda com mais incidência de casos no Brasil

Em SC, câncer de próstata é o mais comum em homens, segundo o INCA; no Brasil, fica em segundo lugar em incidência de casos – Foto: Reprodução/ND

Visita ao especialista deve ser anual

O médico compartilhou uma história que, para ele, reflete a importância de um diagnóstico e acompanhamento bem orientados. “Há 30 anos, um paciente de 80 anos chegou aqui com PSA de 1450. Foi o maior PSA dos meus 45 anos como urologista”.

Segundo Moritz, ele fez uma biópsia e estava com câncer de próstata avançado, com metástase em todos os ossos do corpo. “Eu fiz cirurgia e ele passou por todo o tratamento. Viveu até os 90 anos”.

Moritz afirma que o homem morreu posteriormente devido a problemas cardíacos. “As metástases desapareceram, e ele ainda teve 10 anos de uma vida bastante razoável. Por isso a importância da conscientização de que o diagnóstico tem que ser precoce, e essa visita precisa ser anual”, destaca.

Embora o diagnóstico de câncer de próstata possa ser assustador, há muitas formas de acompanhamento e tratamento que permitem uma boa qualidade de vida, mesmo para pacientes em estágios avançados.

A conscientização sobre o diagnóstico precoce e a adoção de exames regulares a partir dos 40 anos são, segundo o urologista, ferramentas essenciais para garantir que o câncer de próstata possa ser tratado de forma eficaz e com melhores prognósticos.

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