Grupo de alunos da UFSC são selecionados em programa internacional de computação

Membros do Laboratório de Computação Embarcada (ECL – Embedded Computing Lab). Foto por ECL

O Grupo Osiris, formado por egressos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi selecionado entre mais de 80 propostas enviadas por equipes de 19 países para um programa de fomento e incentivo na área de projetos de circuitos integrados (CIs). O processador arquitetado pelo grupo está em fase de fabricação e a primeira remessa dos chips protótipos do processador, batizado de OSIRIS I, deve ser entregue em abril de 2025. Com aplicação possível em contextos residenciais a industriais, a tecnologia possui baixo consumo energético.

O grupo acredita que um dos grandes diferenciais que possibilitou o sucesso do projeto no programa foi a experiência prática adquirida em laboratórios da UFSC, como o Laboratório de Computação Embarcada (ECL – Embedded Computing Lab) e o Laboratório de Circuitos Integrados (LCI –Integrated Circuits Laboratory). Nos laboratórios, integrantes do grupo puderam explorar conceitos de microeletrônica fundamentais para desenvolver projetos focados em eficiência energética, como o processador OSIRIS I. “A convivência em laboratórios, aliada ao suporte técnico e científico, não apenas aprimora as habilidades dos estudantes, mas também impulsiona a pesquisa nacional em tecnologia de semicondutores, fortalecendo a competitividade do Brasil nesse setor estratégico”, afirma o Grupo Osiris, em material de divulgação. 

Formado por Rafael Oliveira, Nicole Citadin, Deni Alves, Thiago Maia, entre outros estudantes e egressos, o Grupo Osiris é uma iniciativa de estudantes da UFSC dos cursos de Ciências da Computação e Engenharia Eletrônica. Em fevereiro de 2023, eles criaram uma  primeira versão do processador RISC-V e, no ano seguinte, receberam suporte financeiro para a fabricação do circuito integrado, finalizaram uma versão completa e estão em processo de fabricação. 

O projeto OSIRIS I foi selecionado para o programa UNIC-CASS, uma iniciativa da IEEE Circuits and Systems Society (CASS), uma sociedade que busca promover o avanço de projetos nas áreas de eletrônica e computação. “Estudantes conseguem enviar seus projetos e viabilizar a fabricação de um chip, o que seria bem difícil por outras vias, quase que impossível”, explica Rafael. 

Sustentabilidade e acesso à informação

O grupo tem como objetivo, além de desenvolver tecnologias, democratizar o conhecimento sobre o projeto de circuitos integrados. Segundo o fundador Rafael Oliveira, a iniciativa busca incentivar o uso de ferramentas de EDA (Eletronic Design Automation) de código aberto, permitindo que mais estudantes e entusiastas tenham acesso a essa área de conhecimento ainda muito restrita a ferramentas pagas. “Queremos que qualquer pessoa interessada em aprender sobre microeletrônica tenha a oportunidade de participar, entender e até contribuir com a criação de circuitos integrados,” afirma. 

A equipe também afirma estar comprometida com a sustentabilidade na tecnologia. O processador RISC-V é de baixo consumo energético e pode reduzir o impacto ambiental em aplicações que requerem grande quantidade de dados e processamento, como sensores inteligentes e dispositivos de Internet das Coisas (IoT, em inglês), avanços que atendem à crescente demanda por soluções tecnológicas que aliam eficiência e sustentabilidade.

Próximos passos

Processador OSIRIS I. Reprodução: Grupo Osiris

Com a primeira remessa de chips protótipos entregue em abril, os próximos passos serão realizar os testes em bancada e verificar a eficiência energética. O processador poderá ter aplicações em “casas inteligentes” – ambientes em que os dispositivos são conectados à internet e podem executar funções por controles digitais –, em drones, na automação de fábricas, entre outras possibilidades que requerem um sensor que capte informações do exterior e execute atividades através do processador. 

Para os anos seguintes, o grupo planeja ampliar sua equipe, oferecendo oportunidades de aprendizado prático em microeletrônica para estudantes de diferentes áreas, criando um ambiente colaborativo em que a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias estejam ao alcance de todos. “A iniciativa reforça o compromisso do grupo em tornar a tecnologia de microeletrônica uma área mais acessível, incentivando a formação de novos profissionais e promovendo inovações para um futuro tecnológico mais inclusivo e sustentável”, projeta o Grupo Osiris.

Malena Lima [email protected]
Estagiária da Agecom | UFSC
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