Alunas criam estação meteorológica e recebem convite para participar de mostra em Brasília

Mais do que o conhecimento aplicado em provas e atividades, a escola é um espaço propício para desenvolver habilidades que farão a diferença no futuro. Em Joinville, o projeto Agritech foi criado no ano passado, na Escola Municipal Curt Alvino Monich. O resultado foi uma estação meteorológica e o convite para participar de uma mostra em Brasília.

Meninas seguram nas mãos parte da estação meteorológica; o foco da solução é melhorar o trabalho dos pequenos produtores

Meninas seguram nas mãos parte da estação meteorológica; o foco da solução é melhorar o trabalho dos pequenos produtores – Foto: Leve Fotografia/ Divulgação its Teens

Junto com a professora integradora de mídias e metodologias (PIMM), Sheila Steffen Klimtchuz e as alunas Amanda Aparecida do Livramento e Brenda Wêschylin Limas – que agora estuda na Escola Municipal Prefeito Wittich Freitag – os primeiros passo foram com aulas gravadas e atividades disponibilizadas após a teoria, parte do projeto Meninas na Tecnologia, uma iniciativa da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

A participação teve como foco impulsionar a presença feminina na tecnologia, desenvolvendo soluções acessíveis para problemas reais.

A ideia da estação meteorológica surgiu em uma conversa com a professora e contou com uma pesquisa de campo digital com o intuito de compreender os obstáculos que distanciavam os pequenos empreendedores das novas soluções. Técnicos agrônomos e agricultores contribuíram com o formulário.

“A gente colocou se essa questão (aparelhos tecnológicos) exigia muito da situação financeira deles, se eles gostariam de ter equipamento tecnológico de baixo custo”, comenta Amanda.

E o resultado casou com a criação da dupla, pensada para oferecer as facilidades de uma estação meteorológica mantendo a qualidade dos produtos, mas sem precisar de tanta verba.

“Uma estação meteorológica assim, vamos colocar o mínimo que você vai pagar nela é R$ 10 mil. A nossa solução custa R$ 356, mais ou menos”, menciona Brenda.

Depois da criação, o passo seguinte foi expor a solução em um pitch, termo que os empreendedores utilizam para vender produtos e novas soluções, em que eles têm poucos minutos para chamar a atenção e convencer.

Inovação, autonomia, criatividade e protagonismo são habilidades desenvolvidas durante o desafio, incluindo a representatividade.

Diante das opções de profissões e caminhos que podem ser trilhados, conhecer os segmentos e ter exemplos são quesitos essenciais para a boa escolha, ainda mais no caso das mulheres.

Em contraposição ao tabu que coloca meninos e meninas em cargos diferentes, a dupla de Joinville está inserindo as mulheres na tecnologia e no agronegócio – áreas que, por muito tempo, foram majoritariamente masculinas.

Agritech na prática: conheça a solução na área de tecnologia

Pensar no funcionamento de uma estação meteorológica capaz de gerenciar a temperatura e o clima foi o desafio da dupla. Com alguns fios, a conexão com o notebook e um site, o resultado saiu do imaginário e passou a fazer parte da realidade.

Com uma placa e alguns sensores, o diferencial é controlar a estação meteorológica, priorizando aquilo que atende às necessidades das plantações.

“Por exemplo, tem o sensor de temperatura e umidade. Então se você levar o notebook com o Arduino em um espaço, você vai conseguir fazer a medição dessa temperatura, e vai aparecer tudo pelo notebook. Também tem o sensor de luminosidade, que capta a quantidade de luz que está no ambiente”, explica Amanda.

Transformar a teoria em prática só foi possível após as atividades e mentorias com a professora, responsável por expandir as possibilidades, já que a primeira ideia era focada apenas na horta escolar.

Após a mudança de foco, teste, criação e elaboração da estação meteorológica, as meninas conquistaram o primeiro lugar na competição do ano passado. A recompensa foi um notebook para cada uma, impressora 3D para a escola e mais R$ 3 mil.

Entretanto, os frutos da inovação não param por aí. Em março deste ano, a dupla foi convidada a participar da 4ª Mostra Nacional de Feiras de Ciências, programada para setembro, em Brasília. Além do destaque e dos ganhos, as meninas também visitaram o campus da UFSC em Joinville.

Com auxílio da tecnologia, dupla conseguiu criar uma estação meteorológica, facilitando a rotina dos pequenos produtores

Com auxílio da tecnologia, dupla conseguiu criar uma estação meteorológica, controlando o clima e temperatura das produções – Foto: Leve Fotografia/ Divulgação its Teens

Projeto Meninas na Tecnologia (UFSC)

Para incentivar a participação delas em um dos segmentos que mais crescem, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) conta com o projeto Meninas na Tecnologia.

O objetivo é atuar com jovens do sétimo, oitavo e nono ano do Ensino Fundamental, além de instigar aquelas que estão na primeira, segunda e terceira série do Ensino Médio. Os desafios são pensados em categorias diferentes, de acordo com a idade.

O foco da ação é compreender como alunas e professoras utilizam a tecnologia em Joinville, levando em consideração a proximidade da área com as envolvidas. O intuito é que cada vez mais elas estejam em cargos de tecnologia, mostrando que a área de TI também é um espaço para as mulheres.

Presença no mercado de trabalho

Com a mudança das profissões e o impacto da tecnologia, diversas ocupações e cargos estão surgindo para lidar com as atribuições e com a constante evolução. E quando os assunto são os números, existem dados que colocam as mulheres em evidência.

De acordo com o BNE (Banco Nacional de Empregos), entre janeiro e maio de 2021 foram registradas mais de 12 mil candidaturas para vagas na área de tecnologia, número superior ao mesmo período de 2020 – momento em que elas pleitearam pouco mais de dez mil cargos.

O CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) também comprova o envolvimento feminino no setor, já que nos últimos cinco anos houve um aumento de 60% na participação delas, passando de 27,9 mil mulheres para 44,5 mil no ano de 2020.

Entretanto, por mais que a mudança seja um ponto positivo para aquelas que querem seguir uma carreira, ainda existem desigualdades que devem ser modificadas.

Conforme um estudo realizado pela consultoria Mercer, obtido pela Forbes, a desigualdade salarial entre os gêneros ainda prevalece: a disparidade salarial em cargos executivos pode chegar a 36%. No nível operacional a diferença é de 9%, seguida dos cargos de gerência, com uma desigualdade de 7%.

 

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