EUA alerta para ‘supermicose’ resistente a medicamentos; saiba se pode chegar a SC

Os CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) divulgaram na última sexta-feira (12) os dois primeiros casos de uma “supermicose” no país. Segundo o CDC, a doença é altamente contagiosa e resistente aos medicamentos usados para casos semelhantes.

O fungo, também chamado de dermatófito, Trichophyton indotineae, provoca a tinea, uma infecção que pode atingir várias regiões do corpo e se caracteriza por placas inflamadas na pele que causam coceira.

Lesões se espalham pelo corpo e causam coceira – Foto: Reprodução/CDC/ND

Para entender a doença e as chances da chegada dos casos em Santa Catarina, o portal ND+ entrevistou uma médica dermatologista, que explicou as possibilidades.

“Existem milhões de tipos de dermatófitos. Eles são os fungos que mais comumente parasitam nós humanos”, explica a médica dermatologista Debora Bergami Rosa Soares.

De acordo com a profissional, apesar de muito contagioso ainda não há casos de supermicose como a registrada nos Estados Unidos no Brasil. No entanto, há outros fungos muito perigosos habitando o país.

“Claro que a gente vai ficar atento aqui no Brasil, mas assim a gente tem milhões de dermatófitos no país, inclusive de tricôfitons”, conta.

Casos já foram descobertos em outros países

Segundo o portal R7, pacientes infectados pelo T. indotineae já haviam sido identificados também na Europa e no Canadá, mas nunca antes nos Estados Unidos.

Os casos americanos foram notificados às autoridades em 28 de fevereiro deste ano por um dermatologista da cidade de Nova York.

Dois pacientes dele, sem vínculos epidemiológicos entre si, tinham tinea grave, que não melhorou com tratamento oral com terbinafina.

O primeiro caso foi o de uma mulher de 28 anos que apresentou os primeiros sintomas da supermicose em dezembro de 2021.

Ela estava no terceiro trimestre de gravidez e teve erupções cutâneas como placas grandes, anulares, escamosas e pruriginosas no pescoço, abdômen, região pubiana e nádegas.

Em janeiro, após o nascimento do bebê, a paciente começou o tratamento com terbinafina, mas sem sucesso.

Depois de duas semanas, a medicação foi suspensa e substituída por outro antifúngico, o itraconazol. Passadas mais quatro semanas, os sintomas da tinea desapareceram.

O segundo caso foi o de uma mulher de 47 anos que desenvolveu erupções de pele generalizadas que coçavam. Ela estava em Bangladesh, na Ásia, e recebeu o primeiro tratamento lá, na metade de 2022.

Os médicos prescreveram antifúngico tópico, além de cremes combinados com esteroides.

Ao retornar aos Estados Unidos, a mulher passou em um serviço de emergência, de onde saiu com receitas de hidrocortisona, difenidramina, creme de clotrimazol e creme de terbinafina, que também não surtiram efeito.

Em dezembro de 2022, em outra consulta com dermatologistas, a paciente permanecia com placas escamosas e anulares na pele que acometiam as coxas e as nádegas. Ela foi tratada por quatro semanas com terbinafina oral, mas sem sucesso.

“Ela então recebeu um tratamento de quatro semanas com griseofulvina, resultando em aproximadamente 80% de melhora. A terapia com itraconazol está sendo considerada enquanto se aguarda uma avaliação mais aprofundada, dada a recente confirmação de suspeita de infecção por T. indotineae”, acrescenta o comunicado.

O filho e o marido da paciente, que estavam na mesma viagem, relataram erupções de pele semelhantes. Eles estão sendo monitorados pelas autoridades sanitárias.

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