Boneca ‘Aninha’ ensina a diferenciar carinho de abuso sexual para crianças de Camboriú

Os alunos de um centro de educação infantil de Camboriú, no Litoral Norte catarinense, receberam a visita especial da boneca Aninha. O brinquedo faz parte de um projeto de conscientização e prevenção do abuso sexual, ensinando de forma lúdica os limites entre carinho e abuso.

Abuso sexual é tema de projeto de prevenção em escolas

Projeto leva conscientização e prevenção para alunos da rede municipal de ensino – Foto: Erick Borges/NDTV

“A Aninha é um projeto desenvolvido já desde 202. A gente vem as escolas, e ensina a diferença entre carinho e abuso. Através da Aninha, a gente fala para a criança: ‘olha, carinho bom, beijinho, abraço, mas aí o carinho mau, o carinho que te deixa triste, é chamado de abuso”, explica Edneia Lunelli, diretora do núcleo de prevenção à pedofilia.

A personagem vestida de rosa percorre as escolas do município. Neste mês, as visitas foram intensificadas por causa do Maio Laranja, mês de combate ao abuso e a exploração sexual infantil.

Crianças entre 5 e 6 anos participaram da ação proposta no centro de educação, interagiram, e entenderam bem o recado. E a boneca foi de muita ajuda, segundo a equipe educacional.

“O que ajudou foi a boneca, porque as crianças gostam de brinquedo, da dinâmica, do fantoche, com essas coisas eles ficam mais atraídos. Caso aconteça alguma coisa a gente vai ter uma sintonia boa”, relata Denise Hoffmann, professora no centro de educação.

A ideia do projeto é trabalhar na prevenção do abuso sexual, auxiliando no processo de compreensão da criança dos limites das interações. O trabalho é de extrema relevância, já que não se sabe onde o crime pode ser cometido.

“São pessoas que tentam ganhar a confiança, querendo um espaço reservado, querendo ficar à sós com a criança, muitas vezes é alguém que acaba aliciando, trazendo presentes, não só pra criança, mas até muitas vezes para a família, e ele fica acima de qualquer suspeita”, detalha Edneia.

Dados sobre abuso sexual de crianças assustam

De acordo com o último relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Santa Catarina tem a quinta maior taxa de casos de estupro de vulnerável. Dentro do cenário estadual, Camboriú tem índices elevados. O último foi um relato de crianças que acusaram um professor de ter praticado o abuso.

Segundo o Conselho Tutelar de Camboriú, aproximadamente 90 casos de abuso sexual foram registrados em 2022. Só nos primeiros cinco meses deste ano, já foram trinta notificações, e mais da metade ocorreu no distrito do Monte Alegre.

“A gente tem a questão do abuso sexual relacionado muito a uma questão social também. Às vezes, nas comunidades mais vulneráveis isso é mais visualizado. A gente precisa ver também a situação em que essas pessoas convivem. Quanto mais pobre for a casa em que a pessoa vive, mais convivência com situações de sexo, mais banalizado”, afirma Patrícia Zimmermann, coordenadora da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) SC.

*Com informações do repórter da NDTV Pedro Mariano.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.