Uruguai passa por ameaça no fornecimento de água potável; seca dura mais de 3 anos

O Uruguai passa por ameaça no fornecimento de água potável em Montevidéu e na região metropolitana, onde vivem cerca de 1,8 milhão de pessoas, mais da metade da população do país. Segundo dados oficiais, é o pior déficit hídrico desde o começo dos registros, há 74 anos.

Água Uruguai

Uruguai passa por ameaça no fornecimento de água potável. – Foto: Pixabay/Divuçgação/ND

O país é cortado por vários córregos e rios e precisou recorrer a fontes de água salgada devido à seca que dura mais de três anos. Diante da situação emergencial, a estatal de abastecimento decidiu, em 26 de abril, adicionar ao fornecimento para a população água proveniente da foz do rio Santa Lucía, salobra devido à proximidade com o estuário do Rio da Prata.

O reservatório de Paso Severino, a 90 km da capital, é a principal reserva de água doce para a área, potabilizada e bombeada à rede pela estatal OSE (Obras Sanitárias do Estado).

Mas, sem chuvas, resta água para cerca de 18 dias, alertou na segunda-feira (15) o presidente da OSE, Raúl Montero.

Desde então, a água da OSE passou a apresentar níveis de até 440mg/l de sódio e 720mg/l de cloreto, muito acima dos regulamentos atuais, que estabelecem um limite de 200mg/l e 250mg/l, respectivamente.

“Água segura”

“Antes eu bebia direto da torneira e não tinha gosto ruim. Agora nem pensar”, disse María Esther Fernández, uma aposentada de 72 anos, enquanto comprava água engarrafada em um supermercado em Montevidéu.

É “água segura”, afirmam as autoridades. Porém, recomendam a quem tem hipertensão não beber mais de um litro por dia, e que pessoas com doença renal crônica, insuficiência cardíaca, cirrose e grávidas a evitem.

O impacto também é sentido no bolso: um galão de 6,25 litros de água custa 130 pesos (16,60 reais, na cotação atual). Segundo a Associação de Supermercados do Uruguai, a venda de água engarrafada triplicou.

O governo de centro-direita do presidente Luis Lacalle Pou anunciou na terça-feira (16) a construção de uma represa provisória para garantir a estabilidade de Paso Severino.

O governo uruguaio também planeja adquirir uma usina de dessalinização portátil e agilizar os reparos de tubulações para evitar perdas.

“Vamos manter o fornecimento nas condições atuais até que cheguem as chuvas”, prometeu o secretário da Presidência, Álvaro Delgado.

O tema domina o debate político do país. No Senado, em uma sessão de 12 horas que discutiu soluções, a oposição questionou o governo por tomar medidas “muito tardias”.

Em frente à residência presidencial, cerca de 200 manifestantes protestaram contra uma iniciativa do governo que prevê uma fonte alternativa ao rio Santa Lucía, considerada pelos críticos uma privatização do recurso.

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