Mensageiro: MPSC apura se prefeito Ceron estaria ‘governando’ em prisão domiciliar; defesa nega

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) investiga a suspeita de violação da prisão domiciliar imposta ao prefeito de Lages, Antonio Ceron, preso na segunda fase da Operação Mensageiro. Desde 15 de fevereiro, o gestor municipal afastado conseguiu o benefício de aguardar o julgamento em casa.

No dia 28 de fevereiro, por meio de um contato telefônico com a 5ª Promotoria de Justiça em Lages, um informante disse que “agentes políticos e outros servidores municipais (comissionados) estão frequentando a residência do prefeito em prisão domiciliar, entre os horários das 6h e 8h da manhã”.

Prefeito de Lages, Antonio Ceron, – Foto: PSD/Divulgação/ND

A mesma pessoa, segundo o documento ao qual o Grupo ND teve acesso, informou também ter presenciado a ida até o local do vereador Ozair Polaco nos dias 27 e 28 de fevereiro. “Que o político estacionou seu veículo aproximadamente a duas quadras de distância da residência do prefeito, dirigindo-se até o local em seguida, a pé, no referido horário”, informa o relato colhido pela promotoria e enviado no dia 2 de março para a Subprocuradoria de Assuntos Jurídicos do MPSC, em Florianópolis.

O documento ainda relata que, mesmo afastado, Ceron “continua gerindo diversas atividades da municipalidade, por intermédio do atual chefe de gabinete, Aurélio de Bem Filho, o qual, segundo mencionou, também estaria envolvido nos ilícitos investigados pela Operaçao Mensageiro”.

“Acreditamos que seja uma tentativa de criação de fato político, pois o prefeito não recebeu nenhum secretário ou mesmo o vice-prefeito, desde sua prisão e ingresso no regime domiciliar. Aliás, apenas recebeu amigos próximos e familiares (o que não lhe está proibido). Não tem ou teve contato com ninguém da gestão municipal. E nos horários informados (6h às 8h) não recebe ninguém mesmo”, alega a defesa do prefeito afastado.

Vereador afirma que mora próximo ao prefeito Ceron

O vereador Ozair Polaco (PSD) alega que mora a duas quadras do apartamento de Ceron e que seu carro está sempre estacionado na rua por que não tem garagem e fica na frente do prédio. Polaco, assim como a defesa de Ceron, também afirma que trata-se de uma denúncia de “cunho político” e que está à disposição do MPSC para demais esclarecimentos.

“Nunca mais falei com o prefeito. Nunca neguei para ninguém que somos amigos, mas, nesta questão, é uma questão de Justiça e é ele que vai responder e não tenho nada a ver com isso”, afirmou o vereador.

O ND+ tentou contato com chefe de gabinete da prefeitura, que também é o atual secretário de Segurança Pública, Aurélio de Bem Filho, mas não recebeu retorno dos pedidos de entrevista até o fechamento desta edição. O espaço continua aberto para esclarecimentos sobre o caso.

Operação Mensageiro flagrou tornozeleira de Ceron desligada

Como revelou o Grupo ND nesta segunda-feira (15), Ceron ficou mais de 11 horas com a tornozeleira eletrônica desligada no domingo de Páscoa, em 9 de abril. O caso é apurado pela SAP (Secretaria de Administração Prisional). Ceron é o único dos prefeitos presos pela Operação Mensageiro que está em prisão domiciliar.

O prefeito afastado de Lages virou réu na Justiça em desdobramento da Operação Mensageiro no último dia 11. A decisão foi tomada pela 5ª Câmara Criminal do TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina). De acordo com o MPSC, Ceron é suspeito de receber propina para favorecer a empresa Versa Engenharia na prestação de serviços de saneamento na cidade.

Segundo o processo, os valores pagos de 2011 a 2022 em Lages aumentaram de forma “desproporcional”. Enquanto em 2011 o valor pago foi de R$ 422 mil, aponta o MPSC, em 2021 os pagamentos escalaram à casa dos R$ 15 milhões. O salto no período foi de 3.559%. Além dos contratos para coleta de lixo, a Versa Engenharia também prestou serviços de iluminação pública no município.

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