O dia de hoje, 12 de abril, no ano de 1980, foi o mais triste da história desta cidade

 

Há 43 anos um avião da Boieng 747 da Transbrasil chocou-se numa noite chuvosa de sábado no Morro da Virgínia, no Ratones, no norte da Ilha matando quase todos que estavam a bordo. Dois ou três conseguiram sobreviver. Os outros morreram quase todos carbonizados. E eram pessoas conhecidas, entre elas meu querido amigo e guru Rômulo Coutinho de Azevedo, o nosso John Lennon. Usava terno com tênis branco, era cabeludo, magro e tinha o mesmo óculos redondo do ex-beatle. Era professor, médico acupunturista e uma das melhores cabeças que já conheci. Estava no Rio e antes de ir para o aeroporto, foi aplicar uma agulhas em Dedé, mulher do Caetano Veloso, no apto do casal na zona sul. De lá saiu para o voo trágico.

Na noite do acidente eu estava saindo de uma festa no TAC e na frente do Iron bar, mesmo edifício  onde Rômulo tinha consultório, num andar acima do casal de médicos Lea e Antônio Carlos Da Nova, que também estavam no mesmo avião,  fiquei sabendo da tragédia, sem ter noção do tamanho do estrago. Liguei para o Délcio Fiorin, diretor da RBS TV e contei do acidente. Uma hora depois estava com o cinegrafista Gilberto Gonçalves subindo o morro e sob nossas cabeças luzes e helicópteros. Chegamos no avião em chamas acompanhando o resgate. Corpos eram deixados no aterro da Baía Sul. Ao amanhecer no mato, em cima de uma pedra, Gilberto começou a filmar. E eu a chorar. Só no outro dia, segunda-feira fiquei sabendo que entre os mortos um deles era o Rômulo. Foi difícil pra todos nós, amigos, familiares, moradores de Floripa. Não esqueço de nada deste dia de luto, choro, funerárias, sirenes, tristeza geral.

Há 43 anos, hoje, a cidade viveu o seu pior dia.

Onde quer que você esteja, meu amigo, saiba que eu nunca te esqueci. E saiba também que, como você, nunca apareceu ninguém. Boa noite, doutor Rômulo. Pretendo num livro falar mais de você. Até que possamos nos encontrar novamente para que eu possa dizer o quanto te amei e o quanto você fez falta. Para mim e para a nossa cidade.

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