Atlético Catarinense deve salários de jogadores e comissão técnica do clube em 2023

O Clube Atlético Catarinense (CAC), de São José, não realizou todo o pagamento dos atletas e integrantes da comissão técnica em 2023. O clube, fundado em 2020 e com ascensão meteórica, estreou na elite do futebol de Santa Catarina na atual temporada, mas ainda não pagou os responsáveis por esse marco, segundo apuração do Arena ND+.

Atlético Catarinense teve um começo de pré-temporada promissor. Tudo no papel - Lucas Veber/CAC/ND
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Atlético Catarinense teve um começo de pré-temporada promissor. Tudo no papel – Lucas Veber/CAC/ND

CAC de São José começou a temporada com o aval do baixinho Romário - Lucas Veber/CAC/ND
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CAC de São José começou a temporada com o aval do baixinho Romário – Lucas Veber/CAC/ND

Atlético Catarinense começou a temporada em alta; aposta antes do início do torneio era alta - Lucas Veber/CAC/ND
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Atlético Catarinense começou a temporada em alta; aposta antes do início do torneio era alta – Lucas Veber/CAC/ND

A participação no Catarinense foi histórica, mas ruim. Com um ponto em 11 jogos disputados, o CAC chegou a emendar oito jogos sem fazer um mísero gol.

Terminou a competição na lanterna com dez derrotas, dois gols marcados e 12 sofridos, onde foi rebaixado com duas rodadas de antecedência. No último final de semana o estadual terminou com o Criciúma campeão e marcou também o término do contrato de, praticamente, todo o elenco josefense.

“Eu entrei no clube no ano passado, mas depois da virada do ano não recebi nenhum centavo”, contou à reportagem uma fonte ligada ao clube, que pediu para não ser identificada.

Elenco chegou a cogitar motim

Com um desempenho ruim desde o começo do campeonato, o Atlético Catarinense foi, aos poucos, minguando. Ao passo que a campanha não acontecia, o clube foi “perdendo os pedaços”.

Barra e Atlético Catarinense jogaram na tarde ensolarada, em Itajaí – Foto: Lucas Veber/CAC/Divulgação/ND

“Antes de acabar a competição, não tínhamos local para treinos. Treinávamos em quadra sintética porque tinha membros da comissão e um diretor que corriam atrás e pagavam do próprio bolso”, revelou um outro funcionário do clube que pediu para não ser identificado.

Segundo o apurado pela reportagem do Arena ND+, alguns atletas ameaçaram um motim, com “W.O” nos últimos jogos do Catarinense. O movimento foi contido depois que jogadores e comissão técnica se reuniram e decidiram “honrar o clube”, desistindo da ideia.

Pessoas ligadas ao cotidiano do CAC admitem que não receberam qualquer tipo de manifestação de pagamento ou acordo por parte da diretoria, comandada pelo presidente Daison Rodrigues.

“Os pais de família, sem poder comprar nada para seus filhos, acompanham o presidente do clube vivendo sua vida de ostentação”, desabafou um integrante do clube.

O Atlético Catarinense realizou o pagamento parcial de alguns atletas. Todos, no entanto, alegaram que receberam somente o que consta em carteira de trabalho. Os vencimentos dos jogadores, no entanto, são compostos da CLT + direitos de imagem (que geralmente representa a maior fatia).

“Nos mantivemos profissionais, decidimos fechar entre nós e não abandonar a barca, mas infelizmente nós fomos abandonados ali no final”, afirma um atleta.

Atlético Catarinense chegou na Série A de SC como promessa – Foto: Lucas Veber/CAC/Divulgação/ND

Parceiros descumpriram obrigações, alega presidente

Atualmente só o presidente Daison Rodrigues pode falar pelo clube. Toda a relação hierárquica do CAC, nesse momento, ou não compõe mais a direção, ou não fala com a imprensa esportiva.

Em contato com o Arena ND+, o presidente do Atlético Catarinense admitiu que “existem pendências com alguns atletas e ex-colaboradores”, que atribuiu ao “descumprimento de obrigações e outras questões combinadas com parceiros”.

Daison, no entanto, pontuou que o clube está “trabalhando muito para que, assim que for possível, negociar os valores com cada um dos credores”.

Questionado sobre o abandono alegado dentro do clube, Daison negou o fato e responsabilizou as adversidades climáticas que acometeram Santa Catarina.

“Na verdade, o que houve foram semanas quase ininterruptas de chuva. O Atlético utiliza, através de parcerias ou aluguel, campos de terceiros, que por muitas vezes impedem que os trabalhos sejam realizados, preservando os gramados”.

O presidente do CAC, ainda em defesa da sua gestão, lembrou que “é empresário da terra”.

“Não houve nenhum abandono. Se houve, foi de alguns parceiros que não cumpriram com o combinado. Eu sou um empresário da terra, que sonha e faz acontecer o futebol. Foi assim que chegamos à primeira divisão em tão pouco tempo, e será assim que vamos ajustar o que ficou para trás e recolocar o CAC entre as principais equipes”, pontuou.

Veja nota do presidente do Atlético Catarinense

O Atlético Catarinense reconhece que existem pendências com alguns atletas e ex-colaboradores da equipe, frutos do descumprimento de obrigações e outras questões combinadas com parceiros que estiveram conosco nesta temporada.

Estamos trabalhando muito para que, assim que for possível, negociar os valores com cada um dos credores.

Lembro que, com pouco mais de 2 anos de história, atingimos a elite do futebol estadual, sem maiores apoiadores, e cumprindo rigorosamente com todas as nossas obrigações. Cito ainda que fomos além, neste período resgatamos atletas que estavam esquecidos do mercado da bola e oportunizamos outros tantos da região, esquecidos pelos demais clubes.

O Atlético Catarinense reconhece as dificuldades momentâneas, mas reitera que está trabalhando para em breve solucionar todas as pendências.

Começo promissor na Série A de SC, com bênção de Romário

O Atlético Catarinense prometeu ser a grande sensação do Campeonato Catarinense. Oriundo da Série B, em 2022, onde foi o vice-campeão atrás do Criciúma, a Águia Josefense encorpou seu elenco com nomes “de peso” e ganhou respaldo de nada menos que o tetracampeão e senador Romário.

O próprio “Baixinho”, de olho na preparação do clube, esteve muito presente em todo o processo de consolidação e adaptação do CAC à primeira divisão.

Romário esteve em São José, visitou a prefeitura, criou laços com o prefeito em nome de apoio, além de “emprestar” o nome e o prestígio para que o Atlético Catarinense angariasse apoiadores.

Romário e Orvino Coelho, na prefeitura de São José. - Prefeitura de São José/Divulgação/ND
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Romário e Orvino Coelho, na prefeitura de São José. – Prefeitura de São José/Divulgação/ND

Daison Rodrigues [à esq], presidente do CAC; Rubens Angelotti, presidente da FCF; e Romário, novo investidor do novato clube - CAC/Divulgação/ND
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Daison Rodrigues [à esq], presidente do CAC; Rubens Angelotti, presidente da FCF; e Romário, novo investidor do novato clube – CAC/Divulgação/ND

Craque Romário assiste a jogo-treino e ganha camisa do Brusque - Redes Sociais/Divulgação/ND
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Craque Romário assiste a jogo-treino e ganha camisa do Brusque – Redes Sociais/Divulgação/ND

A parceria e presença duraram alguns jogos-treinos e exatas quatro rodadas do Campeonato Catarinense. Àquela altura, o “Peixe” ainda era visto com a delegação do CAC em todos os jogos.

Romário esteve junto ao CAC até a derrota para o Barra, em Itajaí, 1 a 0. Era o 3º revés do time josefense, além de um empate. Sem fazer um único gol, o time estendeu o jejum até a 8ª rodada.

Segundo levantado, a direção do clube e o embaixador entraram em “conflito de ideias” e, dessa forma, cada um seguiu seu lado. Procurado pelo Arena ND+, o ex-jogador e senador afirmou que estava em atividade parlamentar e não comentou a situação do Atlético.

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