Preparação, elenco, lesões e relação com a torcida: Veja como chega o Avaí para a Série B

O Avaí inicia nesta sexta-feira (14) a caminhada na Série B do Campeonato Brasileiro. A equipe enfrenta o Guarani, fora de casa, a partir das 19h. Pensando nisso, o Arena ND+ foi ao clube ouvir o que está sendo feito para que o torcedor termine o ano comemorando.

Última participação do Avaí na Série B acabou em festa com o acesso em 2021 – Foto: Ian Sell/ND

A equipe de Florianópolis tenta seu sexto acesso na era dos pontos corridos. Em 2008, 2014, 2016, 2018 e 2021 a torcida terminou a temporada comemorando.

Comandada pelo técnico Alex, a equipe Azurra iniciou de 2023 de forma “turbulenta”, com um alto número de lesões e as eliminações recentes no Campeonato Catarinense (quartas de final) e na Copa do Brasil (1ª fase).

Para a Segundona, a diretoria foi ao mercado e trouxe peças importantes para reforçar o elenco, incluindo o goleiro Ygor Vinhas e o zagueiro Didi, do “surpreendente” Água Santa, vice-campeão paulista.

Elenco:

  • Goleiros: Alexander, Igor Bohn, Ygor Vinhas, Otávio e Arthur
  • Zagueiros: Felipe Silva, Raphael Rodrigues, Roberto, Wellington, Didi e Vitão
  • Laterais: Eugênio, Igor Dutra, Igor Inocêncio, Natanael, Thales Oleques e Thiago Rosa
  • Volantes: Eduardo, Fabrício Baiano, Gazão, Giva, Jean Cléber, Wellington, Xavier, Macaé e Kazu
  • Meias: Andrey, Robinho, Vitinho e Jean Lucas
  • Atacantes: Dentinho, Felipinho, Guilherme Santos, Gustavo, Marquinhos Cipriano, Modesto, Ricardo Bueno, Patiño e Waguininho

Provável time titular:

Provável Avaí para a Série B

Provável Avaí para a Série B – Foto: TacticalBoard/ND

Técnico:

Alex comanda o Avaí na Série B – Foto: Leandro Boeira/Avaí F.C/ND

Série B de “roupa nova”

O Leão da Ilha vai começar a Série B do Campeonato Brasileiro de “roupa nova”. O clube prepara o lançamento dos uniformes 1 e 2 para esta quinta-feira (13). A situação foi adiantada pelo gerente de marketing do clube, Thiago Pravatto, em entrevista ao Arena ND+.

Os novos uniformes terão referências ao centenário do clube.

Talvez um dos maiores “desafios” para a diretoria do clube seja “fidelizar” o torcedor para que o Leão da Ilha tenha uma taxa de ocupação alta nos jogos da Série B.

Embora tenha pouco mais de 10 mil sócios, normalmente a média de público do clube quando disputa a segunda divisão do futebol nacional não chega a isso.

“Estamos fazendo um levantamento de dados para utilizar e entender melhor o perfil do torcedor, aquilo que ele almeja, o que gostaria. A ideia é ser o mais assertivo possível dentro daquilo que o torcedor espera não só no futebol, mas para oferecer benefícios e atrativos para que ele possa vir para o jogo independente da fase do clube”, explica Pravatto.

Thiago Pravatto, gerente de marketing do Avaí

Thiago Pravatto, gerente de marketing do Avaí – Foto: Ian Sell/ND

“Estamos buscando fazer ações também em dias de jogo com as experiências dentro do campo no intervalo, chute a gol, disputa de pênalti, Ressacada Experience. São ações que o torcedor vê como um atrativo grande, podendo ver os bastidores em um dia de jogo, poder entrar no gramado com a torcida no estádio”, completa.

Ainda segundo Pravatto, embora o clube tenha alcançado a marca histórica de 14 mil sócios na Série A de 2022, manter o número acima dos 10 mil, mesmo em um ano onde o clube joga a Série B, traz um retorno extremamente positivo.

“Temos os históricos de anos anteriores [quando disputava a Série B] que ficava na faixa de 5, 6 mil sócios”, conta.

“Isso é importante para a questão financeira, é um diferencial grande para se manter competitivo ao longo do ano. Eu acredito que com as ações que vamos desenvolver no decorrer do ano, o torcedor se sentindo mais próximo do clube, o clube podendo oferecer mais benefícios, ser tratado de uma forma melhor, vamos conseguir manter o associado e que o número de sócios possa aumentar ainda mais”, prossegue.

Check-in em dia de jogos

De acordo com Pravatto, a ideia do clube é promover um “check-in” para o torcedor em dias de jogo, para saber se o sócio virá ou não. Isso oportuniza o clube a não se limitar a capacidade do estádio pelo número de sócios.

“O torcedor fazendo isso a gente sabe quem vem ao jogo e pode vender mais ingressos. A gente sabe que nem todo sócio vem ao jogo, históricamente tem uma margem de 20, 30% de sócios que não comparecem. Isso oportuniza termos um número de sócios maior, gerar uma receita maior e o clube poder investir tanto em estrutura como em equipe para ficar cada vez mais competitivo”, explica.

O que ainda afasta o torcedor do clube?

Questionado sobre o tema, Pravatto avalia que é uma série de fatores. “O futebol, em qualquer lugar do mundo, o resultado conta muito. O que podemos oferecer a mais com certeza vai fazer diferença”, afirma.

“Segurança no estádio, serviços oferecidos, sabemos que precisamos melhorar. Podemos ver um grande diferencial de 2014 para cá, os clubes que investiram no seu estádio para a Copa do Mundo e hoje oferecem um conforto maior nas arenas, serviços de qualidade e isso faz o torcedor vir”, avalia.

Estádio da Ressacada – Foto: Leandro Boeira/AFC/ND

“Temos que mostrar para ele [torcedor] que a Ressacada vai ser tão confortável e ter os serviços tão bons quanto a casa dele para fazer ele sair de casa e vir ver o clube no estádio”, completa.

Evolução de departamentos dentro do clube

A reportagem do Arena ND+ também conversou com o coordenador de performance e saúde do clube, Neto Pereira, para uma avaliação da evolução do clube em questões estruturais e tecnológicas na pasta do futebol. Veja a entrevista na íntegra:

Evolução tecnológica dentro do clube

Neto Pereira: O clube implementou o sistema de GPS para os jogadores, para medir distâncias percorridas e quilometragem apenas no início de 2022. É muito tardio em relação ao futebol. Também houve a implementação de outras ferramentas como plataforma de força, de contato, aparelhos para medição de força.

O esporte de alto rendimento, como um todo, exige paciência para que as coisas se evoluam. Até os próprios atletas precisam amadurecer quanto a robustes de um trabalho diferente. Como, por exemplo, no departamento de performance e saúde focamos no componente atlético, que não é associado aos outros três componentes do jogo: físico, técnico e cognitivo.

Quando falamos de algo mental não é só psicologia. É algo amplo, tem a ver com aspecto de higiene mental e cognitiva. Não é porque você tem um departamento de psicologia avançado e robusto, você vai resolver todos os problemas mentais.

Nós estamos falando de um desenvolvimento de um ser humano. Quando você começa a fazer terapia, basicamente não tem alta. As pessoas acham que o psicólogo vai resolver tudo.

Papel da pasta dentro do esporte

Neto Pereira: O papel do psicólogo é nos dar a direção para que possamos atacar algumas lacunas. É melhorar a higiene do ambiente cognitivo. O departamento do comportamento do atleta está voltado para algo mais físico. Esse aspecto mais físico está no movimento: resistência, força, velocidade, potência e as questões de equilibrio muscular e do bem-estar do atleta.

Como funciona o planejamento semanal

Neto Pereira: Se monta um planejamento semanal e esse planejamento não pode estar longe do componente técnico/tático. Temos reuniões prévias com a comissão técnica, incluindo o técnico Alex.

A partir disso, entendo as demandas atléticas a serem feitas. Qual dia vamos fazer o treino de força indoor, para melhorar o desenvolvimento da força e potência neuromuscular para o atleta. Qual dia vamos abordar velocidade? Qual dia vamos trazer os corretivos, que é um outro tipo de sobrecarga, de força, que é feito após o treino?

É distribuido isso ao longo da semana. Os dias da semana tem nomes. Jogo (Match day), um dia após (MD+1), o outro dia (MD+2). Tem esse sinal de positivo na frente porque é uma janela de estresse orgânico/mecânico muito alto após o jogo.

Atletas com menos tempo de jogo

Neto Pereira: Atletas que não estão robustos no processo de jogo, que tem menos de 60 minutos participados, é necessário ver o que o atleta fez no jogo através dos dados do jogo. Esse atleta precisa ter um treino que a literatura chama de compensatório.

É equalizar o volume que foi feito no jogo. Enquanto um grupo está recuperando, o outro precisa equalizar a carga, para que a partir do “MD-” a gente vá implementando cargas até o dia do novo jogo. O MD-4, por exemplo, vamos focar na construção. Construção tem muito trabalho de posse, se tem muito trabalho de posse, tem trabalho de repetição, os volumes são altos.

Controle de carga

Neto Pereira: O futebol é um esporte de alta resistência, mas o que define o futebol é o momento crucial de sprints de 10 a 20 metros, mudanças de direção e salto. O que define o jogo é a parte neuromuscular.

Existe a carga externa, que é o que a gente aplica para o atleta, então como calcular a parte externa daquele atleta? Através da distância total dele no jogo, distância total em alta intensidade, distância total em sprint (acima de 25 km/h). Ao longo da semana ele tem os fatores de correção, que é pegar o que ele fez no jogo e multiplicar por um fator de treinabilidade.

Isso não é uma matemática exata, mas sim um componente biológico. Quando as pessoas falam do número de lesões, as pessoas não querem simplesmente aprender sobre isso, as pessoas querem falar.

Zagueiro Felipe Silva, o Lipe, foi um dos jogadores que sofreu com lesão ao longo da temporada 2023 – Foto: Leandro Boeira/Avaí F.C/ND

O jogo, que na década de 1990 os atletas mais rápidos não chegavam a 35 km/h, hoje é normal um atleta bater 33 km/h, os mais rápidos batem 36. É uma mudança abrupta.

Um corredor de 100 metros rasos chegam a 42, 43 km/h, eles fazem isso na prova e depois vão repetir apenas no outro dia. Um atleta de futebol está chegando próximo dos 40, mas está fazendo isso e retornando a 30 km/h.

Processos dentro do clube

Neto Pereira: Você chega em um clube que está hoje fazendo um ano de conjunto de dados de corridas dos atletas, ainda é muito recente. Quando você fala em ciência, é um bebê recém-nascido.

As coisas não vão acontecer do dia para a noite. Falamos isso com tranquilidade, é necessário se preocupar com o processo, o desfecho, lesão a gente não controla. O processo para melhorar o aspecto atlético a gente controla.

O atleta que é mais resistente, mais forte, mais veloz e equilibrado, ele tem menos risco de lesionar. Existe um processo de amadurecimento do clube, do ambiente, do elenco e da equipe dentro do departamento.

A epidemiologia, que é o retrato que se faz dos acontecimentos do ambiente/clube, ela em relação a 2022 é positiva. Em 2022 teve acontecimentos realmente robustos em número de lesões. Tivemos um problema no Estadual esse ano, que dos 12 atletas lesionados, cinco eram por trauma, choque mecânico, pancadas.

Nova lesão muscular do Vitinho

Neto Pereira: O Vitinho não teve anos importantes do desenvolvimento do atleta (categorias de base). Ele já entra em uma rotação de trabalho muito alta. Ele chega em ujm Avaí na Série A.

Quando a gente sai da primeira lesão do Vitinho para a segunda lesão em 2023, ele se apresenta pós-lesão ainda mais forte e potente do que antes, mas voltou a lesionar um outro músculo.

Ele é um atleta que está em período de amadurecimento e desenvolvimento. É preciso entender o contexto mercadológico. Ele é um excelente potencial, mas está passando por coisas que o atleta passa aos 16 anos.

Vitinho enfrenta nova lesão – Foto: Leandro Boeira/Avaí F.C/ND

O foco não é prevenir lesão, o foco é deixar o atleta robusto. Lesão ou baixo índice destas será um processo continuidade. Quanto mais robusto for o meu atleta, menos ele vai lesionar.

Nova “pré-temporada” para a Série B

Neto Pereira: Esse período sem jogos foi hora de equalizar, descansar a rapaziada num primeiro momento, avaliar para saber qual estágio cada um está e entregar a condição, discutir abertamente com a comissão para saber quais conteúdos precisa melhorar no jogo.

A gente aproveita essa janela para melhorar a aptidão e potência aeróbica do sujeito. Essa melhora auxilia na recuperação pós-jogo. Por vezes alguém que não fez uma pré-temporada tão boa porque chegou depois, se aproveita dessa pausa.

Alguém que já fez uma boa pré-temporada se aproveita ainda mais para suportar ainda mais trabalho. Tivemos um caso muito positivo aqui com o Robinho. Ele no ano passado estava num clube da Série A e se machucou muito. Aqui ele jogou todas e não machucou. Alguma coisa deve estar sendo bem feita. Eu tenho consciência do trabalho que está sendo realizado.

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