Alta de 32% em crimes de pornografia infantil em SC tem relação com a pandemia, diz delegada

O aumento de 32% nos crimes de pornografia infantojuvenil registrados em 2022 em Santa Catarina está relacionado à maior exposição de crianças e adolescentes à internet desde a pandemia de Covid-19, segundo a delegada Patrícia Zimmermann D’Ávila, coordenadora das DPCAMIs (Delegacias de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso) de Santa Catarina.

Os dados do CSSPPO (Colegiado Superior de Segurança Pública e Perícia Oficial de Santa Catarina) apontam que 176 casos de pornografia infantojuvenil foram registrados durante todo o ano de 2022. Nos anos de 2020 e 2021 foram registrados 132 e 133 casos, respectivamente. Até 17 de maio 62 casos foram notificados em 2023.

Crimes de pornografia infantil aumentaram em SC

Pais devem estar atentos para aquilo que as crianças estão fazendo na internet, destaca a delegada: “sentem com seus filhos, jogue com eles”- Foto: Pixabay

É considerado crime desde produzir vídeos sexuais envolvendo crianças e adolescentes até atos como aquisição, armazenamento, divulgação, oferta e venda destes materiais.

“O período de pandemia favoreceu o acesso muito grande a internet. Junto a isso, na outra ponta, veio o aumento de outro fenômeno, que são os crimes de internet. Com o uso cada vez maior, aumenta a vulnerabilidade”, explica a delegada.

Em 2022 a alta foi encabeçada principalmente nos registros de oferta divulgação e venda dos vídeos vídeos pornográficas com vítimas crianças e adolescentes. Os casos identificados que envolvem a comercialização das imagens saltaram de 2 (2021) para 12 (2022).

Das conversas aos casos pornografia

No contexto dos crimes relacionados à pornografia infantil, Zimmermann detalha que os criminosos costumam se passar por outras crianças, ou até mesmo simulam ser personagens de desenhos animados, com o intuito de conquistar a confiança das vítimas.

“Quando a criança ou o adolescente está sem supervisão, pode acabar entrando em conversas com essas pessoas. Os criminosos atraem a vítima, que se torna presa fácil”, alerta a delegada. “As vezes ocorre durante um jogo ou uma sala de bate-papo”, destaca.

É um primeiro passo que pode levar a situações de estupro virtual – onde não ocorre o contato físico mas a vítima acaba sendo violada pela comunicação online – ou coação para a vítima mandar fotos e vídeos nuas, destaca a delegada.

“Se olharmos para a evolução deste crime, antigamente existiam as casas de prostituição, nas beiras de estrada, e também as próprias revistas pornográficas. Hoje temos também a rede de internet como meio”, ressalta.

Orientações

A delegada ressalta que a Polícia Civil está a disposição para orientar pais e mães. Denúncias podem ser realizadas por meio número 181.

Ela destaca que os pais devem se sentar ao lado dos filhos e verificar o teor das conversas nas salas de bate-papo. “Se as crianças estiverem jogando games, joguem junto. É preciso estar atento pois o problema é sério”, alerta a delegada.

O mês de maio é nacionalmente conhecido como maio laranja, dedicado para o enfrentamento e prevenção ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes – categoria da qual o crime de pornografia infantojuvenil é parte.

Conforme o TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina), qualquer pessoa que testemunhar ou suspeitar que criança ou adolescente seja vítima de abuso, violência ou negligência, pode denunciar de forma identificada ou anônima através dos canais abaixo:

  • Disque 100 – Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos;
  • Disque 181 – Polícia Civil;
  • Conselho Tutelar do Município;
  • Promotorias de Justiça da Comarca; e
  • WhatsApp: Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (+55 61 99656-5008) e Polícia Civil (+55 48 99884-0011).
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