Em 6 meses casos de dengue em Florianópolis sobem quase 200% em comparação com 2022

Os casos de dengue em Florianópolis subiram 189,49% em 2023 em relação a todo o ano de 2022. De acordo com dados da Vigilância Epidemiológica da cidade, nesta segunda-feira (5) já são 12.315 casos confirmados, contra 4.254 casos durante todo o ano passado.

Dos casos confirmados, 59% foram adquiridos em Florianópolis, os chamados autóctones. Foram 7.359 casos de dengue com pessoas infectadas na cidade.

Casos de dengue saltam em Florianópolis em comparação com 2022 – Foto: Freepik/Divulgação/ND

O número também aumentou em relação ao ano passado, o que segundo o guia de epidemias do Ministério da Saúde, traz um importante alerta.

Comparando os dados deste ano com os do ano passado, o aumento foi de 77%. Em 2022 eram 4.146 casos autóctones durante todo o ano contra os 7.359 casos em 2023.

Mosquito da dengue sobrevive ao frio

Muitas pessoas creem que o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, não sobrevive ao frio. No entanto, segundo a FioCruz (Fundação Oswaldo Cruz), a informação é falsa.

Segundo a Fundação, a dengue, assim como as outras doenças transmitidas pelo Aedes, ocorrem durante todo o ano.

O pesquisador da Fiocruz Minas Fabiano Duarte Carvalho, defende que o combate ao frio é o que pode ser mais eficaz.

“Sabemos que há casos de dengue e outras arboviroses o ano inteiro, o que significa que o mosquito está presente em todos os meses. Entretanto, este é um período em que há menos mosquitos em circulação e, com isso, é muito mais fácil combater os focos neste momento. É preciso aproveitar a fase em que o Aedes está mais fraco”, afirma o pesquisador.

Carvalho foi ouvido pela Fundação em uma entrevista e explicou que o ciclo de vida do mosquito compreende quatro fases. São elas: ovo, larva, pupa e adulto.

O pesquisador afirma que é no primeiro estágio que reside uma das principais razões de sucesso do inseto. É que o ovo do Aedes aegypti é extremamente resistente, podendo durar por mais de um ano, quando as condições são desfavoráveis.

Outra característica que contribui para a proliferação da espécie é a alta capacidade reprodutiva. Uma única fêmea pode colocar aproximadamente 100 ovos por ciclo.

“Além disso, elas têm uma estratégia que chamamos de oviposição em saltos, que é a distribuição dos ovos entre vários locais de reprodução, tornando complicada a tarefa de eliminar completamente os criadouros.  Há estudos que demonstram que uma única fêmea distribui ovos entre quatro e seis criadouros e que, quando há condições, podem usar até 11”, destaca Carvalho.

Prevenção

Entre as ações propostas para a prevenção, além da vedação dos reservatórios de água, Carvalho lembra da necessidade de limpar as calhas, remover os pratinhos dos vasos de plantas, bem como a manter garrafas, latas e outros recipientes virados para baixo de forma que não acumulem água.

“Cuidados especiais também devem ser tomados com locais de reprodução menos óbvios, como ralos em locais pouco usados, bandejas atrás de refrigeradores e outros espaços do ambiente doméstico pouco utilizados, como, por exemplo, os banheiros da área de churrasqueira”, diz. “Lembrando que essas ações durante as estações mais frias serão ainda mais eficazes”, salienta.

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