Mensageiro: como seria o esquema na empresa apontada como pivô do escândalo do lixo em SC

A Operação Mensageiro vem desmantelando o maior esquema de propinas da história de Santa Catarina, de acordo com o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina). Conforme apuração da NDTV, a investigação apontou que a cabeça da organização criminosa estava na empresa Versa Engenharia, antiga Serrana, que teria pago ao menos 16 prefeitos em troca de favorecimento em licitações de serviços públicos.

Mensageiro: como seria o esquema na empresa apontada como pivô do escândalo do lixo em SC

Investigação apontou que a cabeça da organização criminosa estava na empresa Versa Engenharia, antiga Serrana – Foto: Felipe Kreusch/ NDTV

A investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) iniciou em 2021 e, de acordo com o MPSC, logo o dono da Serrana foi identificado como mandante do esquema.

Além dele, outras seis pessoas, entre funcionários da empresa e pessoas que eram integrantes velados, agiam em conjunto para esquematizar o pagamento de propinas.

O braço-direito do dono da empresa era o diretor operacional de águas e saneamento, que tinha a função de fazer reuniões com os prefeitos. Nessas ocasiões ele recebia pedidos de propina ou oferecia os pagamentos.

A Operação Mensageiro aponta que o acordo só era firmado quando o chefe, dono da Serrana, aceitava ou não a negociação.

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MP fala como o dinheiro ia da empresa para os prefeitos

O Gaeco explica que, depois do acordo aceito, duas pessoas, que não eram funcionárias da empresa de saneamento, entravam em ação. O intuito da Serrana seria simular pagamentos por serviços pra acobertar o desvio de dinheiro.

Conforme a investigação, os suspeitos iam até as empresas que prestavam serviços para a Serrana para serviços lícitos, como o de conserto de caminhões, e pediam notas frias. Com os documentos falsos em mãos, as prestadoras de serviço pagavam o gerente de controladoria da empresa em dinheiro vivo, já lavado.

O ponto de encontro era fora da sede da empresa, localizada em Joinville. Em seguida, o dinheiro lavado voltava para a Serrana e era entregue para a gerente financeira. Ela era responsável pelas contas da empresa investigada pela Mensageiro e também organizava os valores de propina para cada prefeito em uma planilha.

O MPSC aponta que, mesmo com o esquema consolidado, a organização criminosa era concentrada em um pequeno grupo da empresa. Por isso, dados como o quanto cada prefeito recebia, por exemplo, eram protegidos em um pen drive para que ninguém tivesse acesso. No dia da abordagem do Gaeco, segundo a investigação, uma funcionária tentou destruir o dispositivo, que foi recuperado pelos agentes.

O dinheiro da propina era dividido e colocado em envelopes pela gerente, que entregava para o gerente de controladoria, responsável por se encontrar, todas as terças-feiras, com o “mensageiro”, homem que seria responsável pela entrega de propinas a prefeitos investigados pelo MPSC.

O operador revelou em depoimento que não tinha participação na negociação, mas que preparava a logística com base no contato que recebia escrito em uma folha na retirada dos envelopes.

Mensageiro tem ao menos 42 presos e 7 prefeitos réus na Justiça

A Operação Mensageiro prendeu 16 prefeitos em cinco meses desde que deflagrou a primeira fase da investigação, em dezembro de 2022. Até esta quinta-feira (11), sete destes prefeitos se tornaram réus na Justiça catarinense. Segundo o TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina), no total, ao menos 42 pessoas foram presas, de acordo com informações de processos sem segredo judicial.

Os prefeitos na mira da Justiça podem responder por fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

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