Acordos entre Brasil e China sobre turismo e carne podem impactar setores-chave de SC

Durante visita à China nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou mais de 20 acordos comerciais e diplomáticos com o país. Dois deles chamam a atenção para setores da economia de Santa Catarina: o que intensifica a certificação eletrônica da carne animal, e outro, que autoriza circulação de turistas chineses no Brasil.

Lula e Xi Jinping assinam 20 acordos de parceria em Pequim – Foto: Ricardo Stuckert/PR

A confirmação veio do Itamaraty. “No setor turístico, destaca-se a inclusão do Brasil na lista de destinos autorizados para viagens de grupos de turistas chineses, o que representa grande oportunidade para o crescimento do fluxo de visitantes entre os dois países”, destacou o Itamaraty.

De acordo com o cientista político André Rosa, essa decisão é bastante positiva para o setor e para estados turísticos como Santa Catarina. “O PIB do estado já e bastante impactado pelo turismo, principalmente de argentinos, e agora pode ter incremento e benefício também para o comércio”, afirma o especialista.

Certificação eletrônica de carne

O Ministério da Agricultura brasileiro e a Administração Geral de Aduana da República da China firmaram um plano de trabalho para que cooperação na certificação eletrônica de produtos de origem animal.

O objetivo é evitar fraudes na exportação. O governo brasileiro informou que os dois órgãos querem acelerar a certificações. A nota diz que “farão a avaliação da viabilidade de intercâmbio de dados relacionados à certificação eletrônica e, a partir daí, promoverão os ajustes necessários nos sistemas utilizados no Brasil e na China e determinarão os modelos de Certificados Veterinários a serem utilizados”.

Para o cientista político André Rosa, o governo deve fazer o cálculo. “Para os pecuaristas, essa certificação onera o setor. E estamos falando de um público que já tem uma insatisfação com governo Lula.”

O ND+ tentou um posicionamento com a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), mas eles ainda estão avaliando a medida para se posicionar.

Moeda

Uma declaração de Lula durante a viagem à China, de que os países não precisam ficar sempre atrelados ao dólar nas suas transações internacionais, repercutiu no Brasil.

O presidente fez a declaração durante discurso na posse de Dilma Rousseff no banco dos Brics, em Xangai. Lula afirmou que é possível fazer  comércio direto usando as moedas locais, e que fazer as coisas de uma maneira diferente e com muita paciência é uma marca dos chineses. O presidente afirmou ainda que o banco dos Brics tem um potencial transformador para o mundo.

Para o professor André Rosa, o reflexo pode ser um relacionamento abalado com os Estados Unidos. “É algo que enfraquece o dólar a nível internacional e gera um desconforto que pode abalar as relações com os americanos. O presidente Joe Biden já vem sinalizando insatisfação e já existem acordos entre Brasil e EUA que podem ficar em segundo plano. Mas fortalece a relação com a China, que é estratégico para o Brasil”.

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