Furto de água em Floripa desvia 80 milhões de litros de água por mês


São cerca de 6 mil ligações irregulares em Florianópolis, que desviam água dos canos da Casan e provocam prejuízos que impactam a população Gato d’água: esse é o termo mais adequado para o furto de água que acontece em diversos bairros de Florianópolis. Dos canos da Companhia Catarinense de Água e Saneamento (Casan), são desviados cerca de 80 mil m³ (milhões) por mês, provocando um rombo nas contas da companhia que é responsável por abastecer boa parte do estado de Santa Catarina.
Segundo a Casan, estima-se que aproximadamente 6% das 113 mil ligações de água existentes em Florianópolis são consideradas irregulares, ou seja, 6.327 unidades consumidoras que não pagam pelo consumo.
De acordo com o mapeamento, essa perda fruto de fraude significa uma média de R$ 20 milhões no acumulado que deixam de ser arrecadados e, consequentemente, reinvestidos na melhoria do sistema público. O montante cobriria, por exemplo, a instalação de uma nova rede de tratamento de água para melhorar o abastecimento da Capital.
Em valores, a perda comercial de água representa 43% da arrecadação da companhia – um valor que extrapola a meta pactuada com a Prefeitura de Florianópolis, que seria de 26%.
“Nosso objetivo é intensificar a caça às fraudes. A Casan vem investindo há muito tempo na eliminação das perdas. E a gente tem observado que as perdas estão mais relacionadas às perdas comerciais do que, efetivamente, problemas operacionais”, afirma. “Hoje. nós temos sensores em todas as nossas bombas para poder tomar atitudes de solução e fechamento de registro. A Casan evoluiu muito tecnologicamente no controle de perdas.”
Irregular: das moradias e das ligações de água
Apesar de mapeadas as regiões onde o furto de água acontece com frequência, resolver esse problema tem sido um desafio para a Casan.
“São pontos de difícil acesso, áreas de risco, complicadas para chegar. Isso inviabiliza a verificação de instalações hidráulicas legalizadas”, destaca Pedro Joel Horstmann, diretor de Operações e Expansão da companhia de águas.
Além da dificuldade física para o acesso das equipes da companhia, existem limitações jurídicas para que seja realizada uma regularização imediata dessas regiões. Isso porque boa parte dos tais gatos d’agua estão em regiões de ocupações irregulares, como em áreas de preservação ambiental que foram invadidas.
“A Casan está impedida pela Justiça e Ministério Público em instalar rede de água em ocupações irregulares. São áreas de invasão que impedem a regularização, com grande número de ligações irregulares, alta inadimplência nas ligações regulares e, ainda, dificuldades de acesso para consertos e manutenção da rede”, alerta Laudelino.
O IBGE identificou quase 12 mil moradias consideradas irregulares em Florianópolis. Há 10 anos, eram 4.393 moradias. O aumento percentual foi de 160% e, em 2020, essas regiões subiram de 13 para 28 áreas mapeadas na capital catarinense. Além disso, o levantamento realizado pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) constatou que 51% dos empreendimentos da cidade foram construídos de maneira irregular (ocupação desordenada), que também impactam na arrecadação dos serviços de água e saneamento.
“Por isso, a Casan estuda lançar ainda neste primeiro semestre o programa Se Liga na Água, a fim de facilitar e estimular a conexão à sua rede. No entanto, o passo precisa ser respaldado pela Prefeitura e Justiça”, revela o presidente da estatal
Como identificar um gato de água?
O gato de água acontece quando um usuário interliga o seu ramal diretamente, de maneira indevida, a uma rede distribuidora de água, recebendo o serviço da companhia de água sem pagar por ele.
Além disso, as fraudes na medição também são chamadas de gato de água. Isso acontece quando um hidrômetro é modificado ou danificado propositalmente para que a medição do consumo seja feita de forma irregular e o usuário pague menos do que de fato foi consumido.
“Quando falamos de gato d’água, não é possível medir o consumo e desperdício de água em uma região. Fora o risco de contaminação da rede de abastecimento de água por conta do uso de fossa sépticas. Essa prática pode gerar problemas em diversas frentes, como no meio ambiente e no cotidiano das cidades. Além disso, destaca-se que com as ligações ilegais há a perda da capacidade da rede de abastecimento de água, o que pode gerar o fluxo aquém do esperado e até o interrompimento do abastecimento em algumas ocasiões”, informa Joel.
Quem faz gato de água comete crime previsto no código penal. A legislação prevê que uma ligação clandestina na rede pode gerar multa de R$ 1,6 mil até R$ 72 mil. Além disso, o infrator pode ser enquadrado no crime de furto de bem móvel e pode ser preso e ficar detido por até quatro anos. Além disso, é aplicada uma multa, que precisa ser paga pelo infrator.
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