Operação Penalidade Máxima: o que diz a investigação sobre Victor Ramos, da Chapecoense

O Ministério Público de Goiás informou que dois atletas de Santa Catarina estão entre os investigados na Operação Penalidade Máxima II, que ocorreu nesta terça-feira (18) em seis Estados. As informações foram confirmadas em coletiva de imprensa horas depois da ação policial.

Victor Ramos durante a Operação em Chapecó – Foto: MP/ND

O ND+ apurou que entre os investigados nesta segunda etapa da Operação está o zagueiro Victor Ramos, da Chapecoense. No entanto, segundo o MP, os indícios de manipulação são de quando o atleta fazia parte da equipe da Portuguesa, de São Paulo, no início do ano.

Os indícios de manipulação apontam que Victor teria sido cooptado pelos criminosos para ser punido com um cartão amarelo no primeiro tempo da partida entre Guarani e Portuguesa, no Campeonato Paulista, em 8 de fevereiro de 2023.

Ramos foi alvo de busca e apreensão em casa, na manhã desta terça-feira, em Chapecó/SC. O jogador foi conduzido para depoimento e teve seu celular apreendido na operação.

O colunista do ND+, Eduardo Florão, conversou com Lucas Reis, agente do atleta, que afirmou que o jogador nunca teve participação em operações de apostas esportivas e manipulações de resultados.

Apesar de não ter nenhum jogo em investigação, a Chapecoense disse, por nota oficial, que “confia na integridade profissional do atleta” e que irá “colaborar totalmente com as autoridades”.

Victor Ramos – Foto: Júlia Galvão/Chapecoense/ND

No jogo que Victor Ramos é investigado, o Guarani venceu por 2 a 1 a Portuguesa. Foram três cartões amarelos na partida, mas nenhum no jogador.

Ele defendeu a Chapecoense em 29 jogos na temporada passada. No início de 2023 se transferiu para a Portuguesa, mas voltou ao Verdão do Oeste na final do estadual. Ele realizou normalmente as atividades com o restante do grupo na manhã desta terça.

Em fevereiro, época que a operação foi deflagrada, o então técnico da Chapecoense, Bruno Pivetti, repudiou a suposta participação de um atleta do Tombense no esquema.

Tubarão/SC

O segundo mandado de busca e apreensão foi cumprido na cidade de Tubarão, no Sul de Santa Catarina. Os materiais apreendidos, assim como o nome do atleta investigado, não foram divulgados pelo Ministério Público de Goiás.

Também está sendo investigado um atleta do Santos, que teria sido assediado para tomar um cartão amarelo na partida conta o Avaí, que terminou no empate de 1 a 1. O nome dele não foi divulgado.

No jogo: Luiz Felipe, Rodrigo Fernandez e Vinicius Zanocelo receberam amarelo.

A investigação

O Ministério Público de Goiás investiga a atuação de uma organização criminosa especializada na manipulação de resultados esportivos de jogos de futebol profissional, inclusive do Brasileirão Série A.

Segunda fase da operação Penalidade Máxima foi desencadeada nesta terça-feira (18) – Foto: MP de Goiás/Divulgação/ND

Há suspeitas de que o grupo criminoso tenha atuado em pelo menos cinco jogos da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022, bem como em cinco partidas de campeonatos estaduais, entre eles, os campeonatos goiano, gaúcho, mato-grossense e paulista, todos deste ano.

Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão em 16 municípios de seis Estados, expedidos pela 2ª Vara Estadual dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e Lavagem ou Ocultação de Bens Direitos e Valores de Goiás.

Os mandados foram cumpridos em Goianira/GO, São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Recife/PE, Pelotas/RS, Santa Maria/RS, Erechim/RS, Chapecó/SC, Tubarão/SC, Bragança Paulista/SP, Guarulhos/SP, Santo André/SP, Santana do Parnaíba/SP, Santos/SP, Taubaté/SP e Presidente Venceslau/SP. Nenhum jogador está entre os presos.

Em São Paulo, o Gaeco apreendeu granadas durante o cumprimento de um mandado de prisão. Armas de fogo sem registro também foram encontradas em outro endereço da Capital. Tudo foi levado para a Polícia Civil.

Os promotores dizem que não é possível afirmar ainda se os jogadores investigados de fato receberam dinheiro para adulterar os resultados, mas confirmaram que houve ofertas por parte de apostadores.

“Desde que a investigação se iniciou em novembro foi centralizada em três partidas, agora são 11 no radar, mas não descartando outros jogos que possam ter sido manipulados”, disse o promotor Fernando Cesconetto.

Quais são os jogos investigados:

  • 05/11/2022 — Santos 1 x 1 Avaí: atleta do Santos foi assediado para tomar um cartão amarelo;
  • 05/11/2022 — Red Bull Bragantino 1 x 4 América — MG: um atleta do Bragantino foi assediado para tomar um cartão amarelo;
  • 05/11/2022 — Goiás 1 x 0 Juventude: dois atletas do Juventude foram assediados para tomar cartões amarelos;
  • 06/11/20202 — Cuiabá 1 x 1 Palmeiras: um jogador do Cuiabá foi assediado para tomar cartão amarelo;
  • 10/11/2022 — Botafogo 3 x 0 Santos: um jogador do Santos foi assediado para tomar cartão vermelho;
  • 10/09/2022 — Palmeiras 2 x 1 Juventude: um jogador do Juventude foi assediado para tomar cartão amarelo.

Os promotores disseram que o jogo entre Palmeiras e Juventude não estava na lista das investigações. No entanto, durante a operação, um dos investigados do Juventude afirmou espontaneamente que foi assediado para tomar cartão amarelo na partida.

Suspeita nos estaduais

Há jogos de cinco campeonatos estaduais de 2023 também sendo investigados.

  • 12/02/2023 — Goiás x Goiânia: parte dos atletas teriam que segurar a derrota do Goiânia no primeiro tempo pelo valor de R$ 80 mil;
  • 12/02/2023 — Caxias x São Luiz-RS: jogador do São Luiz teria que cometer um pênalti;
  • 11/02/2023 — Esportivo Bento Gonçalves x Novo Hamburgo: jogador receber cartão amarelo;
  • 11/02/2023 — Luverdense x Operário: manipulação no número de escanteios;
  • 08/02/2023 — Guarani x Portuguesa: atleta receber cartão amarelo.

O Ministério Publico descartou que clubes tenham envolvimento nos crimes e ressaltou que os investigados são atletas profissionais, intermediadores de contatos e agentes de casas de apostas. O órgão não descarta que haja outros nomes envolvidos no grupo criminoso.

Como funcionava

O grupo criminoso atuava mediante cooptação de jogadores profissionais de futebol, com oferta de valores entre R$ 50 mil a R$ 100 mil aos atletas para que eles cometessem eventos determinados nos jogos.

A investigação indica que as manipulações eram diversas e visavam, por exemplo, assegurar a punição a determinado jogador por cartão amarelo, cartão vermelho, cometimento de penalidade máxima, além de assegurar número de escanteios durante a partida e, até mesmo, o placar de derrota de determinado time no intervalo do jogo.

Há indícios de que as condutas previamente solicitadas aos jogadores buscavam possibilitar que os investigados conseguissem grandes lucros em apostas realizadas em sites de casas esportivas, utilizando, ainda, contas cadastradas em nome de terceiros para aumentar os rendimentos.

 

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