Não está ‘chegando lá’? Saiba o que é anorgasmia e como afeta o prazer da sua vida sexual

Sabe aquela sensação breve e intensa de prazer que te tira do estado de consciência, traz contrações involuntárias e deliciosas pelo corpo, e promove satisfação física, emocional e bem-estar? Essa é uma definição de orgasmo. Se você ainda não conhece essa sensação, pode estar sofrendo de anorgasmia.

Saiba o que é anorgasmia

Saiba que os orgasmos mudam com os ciclos de vida, com os ciclos do casal e com questões médicas – Foto: Freepik/Divulgação/ND

A anorgasmia, também conhecida como transtorno do orgasmo feminino, é uma das disfunções sexuais mais recorrentes nos consultórios de psicoterapia da sexualidade, incluindo nos meus atendimentos clínicos e pelo portal sexosemduvida.com.

Muitas mulheres relatam uma inibição recorrente ou persistente do orgasmo, que pode se manifestar pela total ausência ou retardo do orgasmo, ou seja, a mulher pode não ter orgasmo ou ele pode demorar muito para acontecer.

Como já foi abordado em reflexões anteriores, é importante lembrar que para se falar em anorgasmia e seus tipos, deve haver uma fase de desejo e excitação sexual adequada a cada mulher, considerando sua intensidade e duração.

A anorgasmia pode ser classificada em:

Primária: quando a pessoa nunca teve conhecimento da sensação de orgasmo em nenhuma atividade sexual. Ou seja, nem na relação sexual e nem na masturbação.

Secundária: quando a pessoa perde a capacidade de ter orgasmos após já ter experimentado anteriormente.

Situacional: quando a pessoa não consegue atingir o orgasmo em determinadas situações ou com algumas pessoas.

Generalizada: quando a pessoa não consegue atingir o orgasmo em qualquer situação.

As principais causas da anorgasmia

Várias são as causas (orgânicas, sociais e psicológicas) que podem interferir nos “problemas de orgasmo”. Como, por exemplo, crenças e mitos sobre sexo, desconhecimento do próprio corpo, educação sexual inadequada, baixa autoestima, culpa, desequilíbrio hormonal, uso de medicamentos, traumas sexuais, depressão, lesões pélvicas, desconforto com a parceria, dificuldades no relacionamento, pensamentos desviantes no ato sexual, entre outras.

E, para pensar no diagnóstico de anorgasmia, é preciso haver sofrimento e que as dificuldades em ter orgasmo, seja em frequência e/ou intensidade, seja em ausência ou tardio, seja reduzido ou ausente, por no mínimo seis meses. Se estranhou eu falar em sofrimento, digo que é isso mesmo, algumas mulheres não tem orgasmo e não relatam sofrimento e, com isso, não podemos dizer que elas tenham disfunção sexual — anorgasmia.

Após reconhecer a anorgasmia, é importante identificar possíveis causas orgânicas, sendo recomendado buscar um(a) ginecologista. Se houver causas orgânicas, é necessário tratá-las em conjunto com o acompanhamento psicológico. Caso não haja causas orgânicas, é recomendada a psicoterapia sexual e, em alguns casos, a fisioterapia pélvica.

Sobre a fisioterapia pélvica, arrisco-me apenas a destacar a importância do conhecimento e fortalecimento do assoalho pélvico. Conhecer e ter sensibilidade na região genital ajuda muito a proporcionar prazer sexual.

Convido você a refletir sobre duas situações específicas em que as mulheres podem ter dificuldades para atingir o orgasmo: falta de estimulação adequada e prazerosa e a falta de concentração na atividade sexual.

Para isso, é necessário repensar alguns pontos das vivências sexuais e educação sexual de mulheres, como: o desejo de apenas agradar o(a) parceiro(a); preocupação com o corpo/aparência; receio de alguém ouvir, como, por exemplo, filhos; pensar na lista de tarefas ao invés de se concentrar no prazer; culpa em ter prazer, por estar presa a normas/regras sociais e sexuais.

Para alcançar as recompensas do orgasmo, é importante saber o que te excita, o porquê de fazer sexo, estar presente no momento sexual e saber que o sexo envolve barulhos, transpiração e imaginação. Deixe a experiência fluir. Lembre-se de que sua pele é o seu maior órgão sexual, permita-se sentir o que te leva à excitação e ao prazer.

É preciso se conhecer

Saiba o que é anorgasmia

É mais comum do que se imagina mulheres não conhecerem a sensação do orgasmo – Foto: Freepik/Divulgação/ND

Já se sabe que as mulheres chegam mais facilmente ao orgasmo (não precisa ser uma corrida até ele) pela autoestimulação. Tocar-se, conhecer o corpo e suas sensações e explorá-lo para além das zonas erógenas favorece o autoconhecimento e a autonomia sexual. A experimentação do orgasmo sozinha, sabendo onde e como seu corpo te dá prazer, favorece a troca com o(a) parceiro(a) e o prazer máximo.

Saiba que os orgasmos mudam com os ciclos de vida, com os ciclos do casal e com questões médicas. E, ainda que o orgasmo possa vir em diversas formas de se relacionar sexualmente, não se limitando à penetração.

É mais comum do que se imagina mulheres não conhecerem a sensação do orgasmo. Então, se após toda essa conversa você se identificou com possíveis dificuldades, procure uma especialista em sexualidade humana. A ausência/dificuldade de orgasmos pode afetar significativamente a sua qualidade de vida, já que a saúde física, mental e sexual caminham juntas.

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