Em reviravolta, governistas querem presidência e relatoria da CPI sobre ataques de 8 de janeiro

Durante entrevista coletiva no Salão Verde da Câmara, na tarde desta quinta-feira (20), o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), vice-líder do governo no Congresso, afirmou o interesse do Planalto na presidência e relatoria da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos de 8 de janeiro. Segundo ele, o governo tem a maioria, e portanto, o direito de ter os cargos.

Deputados governistas anunciam apoio à instalação da CPMI depois que ministro foi flagrado em imagens de manifestações de 8 de janeiro. – Foto: Danila Bernardes / ND+

O vice-líder do governo no Congresso chegou a citar alguns nomes que o governo pretende indicar para a CPMI, entre eles os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), todos protagonistas da CPI da Covid no Senado Federal.

Lindbergh estava na entrevista ao lado do deputado catarinense Pedro Uczai (PT-SC), um que não consta na relação de assinaturas pedindo a CPMI, divulgada pelo deputado André Fernandes (PL-CE), que protocolou o pedido. À NDTV, Uczai argumentou que a lista já atingiu a quantidade de nomes necessária, e que agora, a base do governo quer a CPMI e que ele está à disposição para compor a comissão.

Segundo o parlamentar, a comissão é mais uma oportunidade de esclarecer os atos terroristas. “O Ministério Público, Polícia Federal, Supremo, já têm feito o trabalho e esclarecido a sociedade. A grande pergunta é: Quem motivou a depredação? A tentativa de golpe à democracia? Quem perdeu, não aceitaram, questionaram o resultado das urnas e tentaram dar um golpe?”, indagou.

Os deputados também disseram que não vão aceitar que o deputado federal André Fernandes (PL) faça parte da CPMI por ser suspeito de ter participado dos atos, inclusive divulgando vídeos convocando manifestantes. “Nunca vamos aceitar isso. Esse deputado esta sendo investigado pelo STF por sua participação nos atos de 8 de janeiro. Ele fez uma gravação dia 6 convocando as pessoas e dia 8 fez outra postagem”, afirmou o vice-líder no Congresso.

Reviravolta

A mudança de posicionamento dos governistas sobre a CPMI veio após a divulgação de imagens que mostram o general Gonçalves Dias, então ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro, durante as invasões.

Os deputados disseram que o governo nunca foi contra a CPMI, só não apoiava antes porque não queria tirar o foco de outras pautas, como reforma tributária e arcabouço fiscal.

A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) disse que a base teve de aceitar a CPMI depois das imagens. “As imagens que vieram à tona mostram que o general do GSI abriu portas para manifestantes. A CPMI é mais que urgente. E não é que estão aderindo não, é que não conseguiram impedir e vão ter que aturar as verdades. Existem pessoas inocentes presas. E nós queremos a prisão desse general”, explicou a deputada catarinense.

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